sara
Sara
A quarentena já fazia alguns meses. O que mais me perturbava era o tédio, que não cedia mesmo eu me esforçando para fazer os dias diferentes. Comprei alguns cursos pela internet, aprendi a cozinhar, a experimentar novos temperos, a lavar a louça com tanto esmero que as panelas de alumínio se punham como um espelho na minha frente.
Comprei um curso também de meditação de um escritor que se dizia o guru das celebridades, dizia: "apenas observe, não julgue, sua mente é apenas uma serva do seu verdadeiro Eu". Não deu certo, a paciência me esgotava e eu julgava ruim tudo que eu sentia ou pensava, até a voz do guru me dava nojo. Larguei pra lá no segundo dia. Passava boa parte do tempo fazendo exercícios, nada muito puxado, alongamentos e algumas respirações que aprendi num outro curso que comprei na internet.
Minha casa era ampla, perdia boa parte do dia para deixá-la limpa, ou ganhava, já que a meta era manter minha sanidade diante da solidão que me apertava e não aliviava com as conversas que tinha com os poucos amigos que se dispunham a conversar assuntos que não fossem a doença que parou a cidade e o mundo.
Os noticiários, com o passar dos dias, fui deixando pra trás quando percebi que mais me deprimia do que me informava. No mais, passava algumas horas olhando a rua pela janela que deixava entreaberta de um jeito que as pessoas que por ali passavam não notassem minha estranha curiosidade em saber do mundo lá fora. Ou mesmo do estranho prazer, quase perverso, de vê-las meio que sem rumo descendo a rua da minha casa. Ou se movimentado como que guiadas por algo que já estivesse morto.
Minha casa era ampla, um sobrado com janelas imensas, portas gigantescas, com um corredor monstruoso que dava ao banheiro do térreo e uma sala que cabiam muitas salas, além, claro, tantas outras salas, cada uma com sua aparência que lhe era reverenciada pelo móveis, adornos, algumas pelas cores, ou outra combinações que ficariam difíceis de expô-las aqui.
Quando esmorecido me punha a correr dentro de casa, nos momentos que ficava exausto caia na cama de tão cansado que adormecia. Também, herança de meu avô, possuía uma quantidade gigantesca de livros: culinária, romances, filosofia, matemática, principalmente, sua grande paixão. No entanto, eu que sempre tive gosto pela leitura, cada livro que abria era insuficiente para me distrair ou para tirar alguma informação que debelasse, mesmo que de forma esmerada, a fadiga que me consumia o estômago.
Era comum cair num estado de nada, como se não houvesse qualquer relação da minha pessoa com o mundo, um completo vazio, que ora me apavorava, mas às vezes me dava uma paz estranha que me livrava momentaneamente de uma culpa que sem saber o motivo me alucinava o juízo nas horas mais impróprias.
A televisão, se tornou mais uma decoração, o país que estava em frangalhos, era mostrado em carne crua diariamente, coisas como famílias morando na rua, a fila do desemprego e a pobreza que assolava o centro da cidade era como um prego diário perfurando uma ferida quase sempre pustulenta e pronta a crescer. Por isso, passei a assistir cada vez menos, até que deixei de vez, de modo que cada vez sabia menos do que se passava lá fora.
As poucas vezes que tentei sair de casa, era como se o espaço público tivesse nos sido retirado, ou reduzido, no mínimo, estrangulado, já que todos me olhavam como suspeito, coisa que eu fazia também, mas com o cuidado de não ser explicito demais quando me desviava de algumas pessoas que estavam, ora sem máscara, ora com a máscara mal colocada. Na rua era tomado por um tremor que logo era acompanhado por uma ânsia e não raro, cheguei a vomitar.
Descobri ali, que liberdade mesmo só tinha na minha casa, e somente lá poderia gozar de uma certa segurança psicológica e menos ansiosa. Para criar uma rotina diferente, todos os dias dormia num quarto diferente. Como eu disse, a casa era grande com dez quartos, quase todos com banheiro, de banheiras de louças francesas, alguns empoeirados por falta de cuidado de minha parte, mas todos com cama e guarda-roupa, onde havia fartura de jogos de lençóis de tecidos finos e elegantes, que minha avó nunca deixou faltar porque nos velhos tempo onde essa casa tinha vida e alegria vivia cheia de visitas de parentes e de muitas amizades, principalmente intelectuais, colegas da universidade, que eram caras ao meu avô.
Mas nada disso me desviava da solidão que como um fruto mais maduro, ameaçava ceder, mas por falta de um vento resoluto, apenas teimava em balançar no galho da minha agonia. Fumava convulsivamente, mas em vez de aliviar minha ansiedade apenas queimava minha garganta e dava uma tosse seca e persistente, dessas que ouvíamos falar dos tuberculosos.
Com o passar do dia, uma escuridão medonha tomou conta de mim e minha respiração cada vez mais rasa, me comprimia por dentro, como se, todas as janelas da minha alma houvessem se fechado.
Foi nessa atmosfera esmagadora que, pela internet, conheci essa garota, o nome dela era Sara. A encontrei no bate papo desses sites de relacionamento, coisa que fiz mais como fuga do que como hábito, já que sempre achei esses tipos de relacionamentos cansativos e pouco produtivos.
Logo trocamos whats up. No começo, a conversa era fria e protocolar, mas logo, os assuntos foram aparecendo e uma espontaneidade afrodisíaca foi nos tornando próximo, uma intimidade que me atraia, mas que me fazia tremer de medo e me esvaziava de qualquer maneira que me fizesse parecido com ela. Na verdade, a sua formosura, delicadeza e uma certa classe, camuflada de simplicidade, me fazia sentir pequeno e empobrecido de qualidades diante de sua imagem no celular.
Ela era bonita e me estranhava a atenção que ela me dava, não que eu fosse feio, ou tivesse um papo desagradável, apesar das neuroses que expus acima. Tive minha época de Dom Juan, mas a vida com suas diversas quedas e perdas, tirou de mim um tanto do apetite para as coisas do sexo e da conquista. Além do atropelo que tive com algumas mulheres interesseiras. Por isso, escolhi uma vida de segredo, de intimidade apenas comigo mesmo. Que tem seu lado sombrio, mas uma intensa liberdade que não faço uso mais por covardia do que por mera possibilidade. No fundo mesmo, se for honesto, essa liberdade é mais uma clausura que qualquer outra coisa.
A questão é que ela era muito bonita e falava com a voz dessa mulheres que tem auto estima e que só a presença encabularia qualquer homem, fazendo com que fugisse deles qualquer desenvoltura numa conversa. Usava frequentemente saia curta e blusa pequena que destacava seu umbigo que se assentava numa barriga exata como num desenho de geometria. A boca era grande, lábios precipitados como se tivesse sempre pronta pra uma beijo, num queixo de enlevo arrogante, e os olhos grandes e brilhantes revelava uma saúde dessas que somente a juventude consegue sustentar, mesmo ela não sendo tão jovem.
Era uma mulher feita, de jeito grave, mas com nuances de bom humor, uma gravidade que sempre insinuava em se desfazer, como que falsa ou dissimulada. Tinha nariz fino, bem desenhado e um pescoço resoluto, esguio e tremendamente convidativo. Nunca perguntei, mas deveria ter uns 35 ou 37 anos. Porém, sua jovialidade fazia seu jeito caber numa moça de 20 ou 18 anos.
Quando não estava falando com ela, eu a imaginava, frequentemente nua, apaixonada, entregue aos meus desejos, imaginava um jogo animado, onde ela se destacava numa paixão avassaladora e insaciável, de corpos, de bocas, suor, cheiros, e incansáveis tardes amorosas que se desaguavam em ondas prateadas noite adentro, sem que nem eu, nem ela nos déssemos conta da tragédia que ocorria lá fora.
Para manter o interesse, mesmo fervendo por dentro, eu nunca a procurava, se passasse um dia sem um contato dela, meu desespero me afundava por dentro como se numa viagem sem volta ao meu inferno interior, tamanha era vontade de estar sempre conversando com ela.
Frequentemente elogiava minha casa, pedia pra ver os cômodos, os móveis, as pratarias, a cristaleira e outros móveis, todos de madeira de lei, a coleção de porcelana que era uma paixão do meu avô, que em cada viagem exótica, traziam coisas raras e caras. E havia também os quadros, todos de artistas renomados. Achava curioso seu interesse, mas também achava natural, já que as casas de hoje seguem um padrão de mobília tão descartáveis quanto as casas que são construídas, mais pensadas na rapidez da venda do que no conforto de quem ali vi morar.
Eu mostrava e aquilo me deixava envaidecido e por uns instantes me sentia importante, outrora, poderoso e bastante singular. Como sempre vivi nesse ambiente nunca vi nele nada de especial. Era como se uma luz nova e cativante iluminasse o que já foi visto de todas formas possíveis, e com ela, essa mesma luz, renovasse o meu próprio olhar para as coisa que me rodeavam.
Dizia não acreditar que o Polock fosse original, ou mesmo o Delacroix, nem o Renoir, nem as gravuras de Gaust, nem as belas estatuetas de Fornauts. Falava isso e ria, uma risada gostosa e prazerosa, e logo emendava que minha casa era como a do seu pai, um industrial falido, que da fortuna e do tempo de glória, só conseguiu preservar, assim mesmo porque soube esconder, inúmeras obras de artes. Dizia que o pai se escondeu do mundo depois do fracasso financeiro e que hoje não falava mais com ele devido a pessoa assombroda que se transformou, e que, de algum modo, ver uma coleção como a minha, mesmo que seja falsa, ela insistia nisso, ele sempre dizia que meus quadros eram falsos, tamanha a variedade, a fazia lembrar do pai, não esse, que ela chama de assombrado, mas do outro, alegre e feliz, que muitas vezes a pegava pelo braço em direção aos leilões de artes, onde era comum arrematar as melhores ofertas.
Amava falar sobre arte, dos artistas, dos movimentos, das técnicas, das relações da arte com a mentalidade da sociedade, e amava ouvir, poderia, se quisesse, ser uma terapeuta, uma conselheira, sei lá, qualquer coisa que demandasse uma atenção verdadeira. Amava tanto a arte que parecia uma especialista, além de demonstrar um gosto excelente para a música ou qualquer área do campo do conhecimento. Era comum desenrolar teorias da física e da matemática, que eu acompanhava, quase sempre num esforço para não parecer despreparado. Ela me atraia tanto sexualmente como pelo intelecto, aliás, toda aquela formação a deixava mais exuberante.
Era uma mulher estravagante nas qualidades e nos conhecimentos que sentia prazer em exibi-los pra mim. Teve uma boa educação e frequentemente insinuava ter algumas posses, herança de sua mãe, que diferente do seu pai, era mais cabeça que coração. Bens esses que lhe davam segurança e que lhe permitia ter uma vida tranquila sem grandes preocupações.
De repente, me vi num preenchimento que há muito não sentia, uma alegria juvenil tomou o meu espírito, arrumava a casa com gosto e com muita vontade, coisa que nunca tinha feito, não dessa maneira, tirei o pó das pratarias, dos livros, e os quadros que antes eram apenas uma decoração da casa, passou a ter histórias, contextos, encontrava as pinceladas, imaginava a agressividade do artista ao fazer certos traços, a violência contida na totalidade das imagens, ou a beleza precipitada em alguns dos outros. Pesquisei tudo sobre arte, meu desejo era conhecer o espaço que eu vivia, porque a casa inteira passou a ser nova e verdejante. Os gestos de Sara, seu sorriso livre e vertiginoso, vinham em minha mente e uma faísca de dor e prazer me acendia no peito. Uma leveza ascendente me deixava sempre num flutuar silencioso e amoroso. Numa delícia difícil de colocar em palavras.
Às vezes, à noite quando conversávamos, quando a intimidade já era inteira e aconchegante, eu a pedia para que tirasse a roupa pra eu ver seu corpo, ela dizia que nunca faria isso, que tinha medo de eu me desencantar com ela, e eu retrucava, que a forma como a roupa lhe tornava corpo de tão ajustada, seria impossível eu desencantar. Pelo contrário, meu desejo iria ficar mais e mais aceso.
Foi então que passei a insistir a me encontrar com ela, coisa que de início ela negou de forma muito afirmativa, que era perigoso, havia a quarentena. Fato que de forma nenhuma eu podia negar, pois, apesar de ter ficado meio escondido do mundo, sabia que a situação era grave e perigosa. Mas a paixão tem seus próprios métodos e tanto eu quanto ela só pensávamos em nossos corpos em total encontro. O desejo e a curiosidade, se entrelaçavam cada vez mais forte a cada encontro virtual.
Ela dizia se arrepiar inteira e que quando se aproximava a hora da gente se falar, sua barriga dava aquele friozinho que só os jovens apaixonados ainda sentem. E isso me deixava mais atraído e mais resoluto para encontrá-la.
Foi então que, partiu dela, o que me deixou mais satisfeito e confiante, que queria mesmo me ver , que já não aguentava, que iria na minha casa, porque morava com a irmã e que achava motéis, ainda que útil, certamente um tanto vulgar para pessoas que estão de verdade se amando e estão rumando para um primeiro encontro.
Foi que finalmente marcamos na minha casa, ela escolheu uma terça-feira, estranho o dia, terça-feira, grandes encontros quase sempre se dão no final de semana, de todo modo, não questionei, não queria dizer nada que lhe tirasse a vontade e o entusiasmo. Mas às vezes algum pensamento intruso me tirava desse sonho, e isso me dava uma certa repugnância, trazia rejeições do passado, mas logo me recobrava e me punha no presente. Estava contente dela pertencer à mesma classe social que a minha, de ter o conforto que estava eu acostumado, de não, no futuro, se tornar um estorvo como em outros tempos aconteceu comigo.
No dia do encontro acordei cedo, na verdade mal dormi, estava com olheiras horríveis, tomei banho demorado, esfreguei os olhos com água quente, usei colírio em demasia, cuidei adequadamente da alimentação, passei a manhã no jardim tomando sol à beira da piscina. Fiquei bronzeado. Meu rosto ficou como se eu tivesse passado sumo de beterraba. Aprovei minha aparência quando me olhei no espelho. Passei horas escolhendo a roupa, soube aproveitar as aulas de culinária, fiz um peixe assado, escolhi o melhor vinho da adega, um daqueles que meu avô, certamente, usaria em ocasiões especiais, a boa toalha de mesa, espalhei aroma de alecrim pela casa inteira. Meu coração era um tambor em erupção.
Às 19 horas, já pronto, minhas mãos suavam, quase não me lembrava de quando tive um encontro, não falo de prostitutas ou mulheres fáceis disponíveis por causa de bebidas grátis nas altas horas dos bares que frequentava, me sentia vivo e esperançoso, a rotina à qual estava capturado se dissolveu sem o esforço que fazia todos os dias, que mais me deixava exausto que livre de preocupações.
Algo mágico estava acontecendo, me sentia sortudo e alegre, coisas que, ao contrário do que muitos pensam, o dinheiro nunca me trouxe, talvez porque sempre o tive, salvo quando fiz uma viagem sozinho pelo mundo acreditando que quando voltasse traria a tiracolo o gosto de novidade que havia experimentado.
Num relâmpago percebi que nunca fui de fato feliz, não nessa intensidade. Não, no geral, se for honesto, a coisa que mais me lembro é da solidão. O tormento e a angústia nunca me deixou, sempre foi como uma doença do meu ser, sempre cheio de ânsia por uma vida que acreditava inalcançável, porém possível de uma busca.
As oito horas, como acordado, o carro dela entrou no estacionamento, um belo carro, aparentemente novo, preto, luzindo, reproduzindo de forma difusa a luz do poste que havia por perto. Estava com um sobretudo preto, não parecia a moça despojada da câmera, tinha um andar severo, andou de forma calma e calculada até à porta.
Mesmo sabendo demorei um tanto pra descer, não sei se por medo ou por me fazer importante. Ao abrir a porta, a primeira coisa que me acalmou foi o sorriso que ela me ofereceu, lábios grossos, batom vermelho e os dentes perfeitos, uma aura de beleza parecia lhe contornar o corpo. O sobretudo não escondeu o decote, que revelava os seios generosos. Mudo, acuado, pedi para que entrasse, mas antes, ela me abraçou bem demorado, fiz uma viagem no tempo quando me senta acolhido e seguro. Isso me derreteu por dentro, meus braços a apertou com mais força, e uma espécie de embargo me afogou o peito, não sei se de choro ou de alegria.
Fomos direto pra cozinha, aparvalhado, punha o peixe pra esquentar, ela me observava como que entendesse o que estava acontecendo, meu encabulamento, minha falta de assunto e de traquejo, um menino estava em sua frente se esforçando em aparecer natural.
Foi então que falamos do frio que chegou de repente, foi então que tive a ideia de lhe tirar o sobretudo, que o levei prontamente até a sala, e agora, ela parecia mais ela, de saia plissada, não tão curta, mas ainda um pouco acima dos joelhos, botas de cano alto e uma blusa de tecido leve, que na frente era adornado por botões grandes que fazia duas fileiras drapeadas se tornarem uma, num conjunto que a deixava jovem e ao temos tempo, madura e crescida.
Abri a garrava de vinho e celebramos a vida, usei essa palavra na hora do brinde. Celebrar. Foi então que ela lembrou do filme Jules e Jim, que eu também havia assistido na juventude e lembramos dispersamente das cenas, da beleza amadurecida da atriz, mas nenhum de nós lembrou o dela. conforme bebíamos, nós dois nos soltamos e saltávamos de um assunto para o outro numa saborosa conversa que deixou o ambiente quente saboroso.
À mesa, a conversa conservou o mesmo tom, sua beleza me deixava tonto e a dignidade que eu transmitia - ela disse isso, não estou me gabando - a deixava confortável. Elogiou várias vezes o prato, simples e direto. Então ela disse que também gostou de eu não tentar impressioná-la com a comida. Emendou que era isso que sentia falta nas pessoas. E falou uma frase dessas que é mais de efeito do que uma verdade absolutura: "o contrário do simples não é o complexo, mas o falso". E soltou uma gargalhada dizendo que infelizmente a frase não era dela.
Fomos para o sofá, ela se aconchegou perto de mim, encabulado, toquei seu cabelo que era encaracolado, mas que ela quase como um cacoete o prendia atrás das orelhas. Não sabia se para parecer mais bonita, ou só pra esconder o nervosismo. Então houve o beijo, e outro beijo, depois de língua, nessa hora o sexo já se pronunciava. Fui até a vitrola - ainda tenho uma vitrola - e coloquei I'm Getting Sentimental Over You, ambos apaixonados pelo trombone de Tommy Dorsey, e continuamos a nos beijar.
Dançamos agarradinho, "você é tudo que sempre sonhei." Eu disse a ela quase balbuciando ao seu ouvido. No final da música peguei ela pelas mãos num gesto que era mais um convite que um pedido e a levei até o quarto. Embaixo de sua roupa, um corpete transparente que fazia a terra parecer o céu, toquei seu corpo, acaricie sua barriga, ela com paciência, como se a vida fosse eterna, como num ritual, desabotou cada botão de minha camisa, e viu meu corpo, que achou bonito e atlético." Um homem grego", disse com a língua entre os dente, emendando, um "aristocrata grego." Eu achei engraçado, mas sobretudo, inebriante. Deitamos na cama e nos amamos, e nos amamos e nos amamos, exaustos, parávamos apenas pra tomar outra taça de vinho até que exauridos, nós dois adormecemos com a cabeça dela sobre o meu peito.
Quando acordei olhei no relógio e vi que dormira por pelo menos umas 18 horas, meio aturdido procurei por ela, primeiro no banheiro do quarto, depois na cozinha, quando cheguei à sala, tudo estava vazio, as pratarias, os quadros, as estatuetas, a parede estava nua e vazia, tudo muito vazio.