Caixa torácica.

Quero te contar como as estrelas caem silenciosamente dos meus olhos e tudo além da minha pálpebra se torna um novo universo e é lindo demais. Quero te contar como ainda estou viva mesmo depois de me arrancarem de mim.

Eu vejo Saturno perder seus anéis e penso que talvez não tenha nada mais triste do que isso. Buracos negros dançam lentamente na escuridão da galáxia porque eles apenas precisam existir.

Quero te contar como eu preciso existir. Como eu faço do toque da minha pele um verso sem rima e tudo vira um eterno poema. As coisas que alcanço não são nada comparado ao castanho dos seus olhos e eu sinto o vento no meu rosto como um beijo quente e o mundo me vira do avesso. Eu vou me contorcendo até minha borda e quando paro para gritar estou no precipício. As lembranças gritam mais alto, meu coração se joga no abismo porque ele quer voltar a ser a única estrela brilhante nesse espaço improvisado. E eu sinto meu pulmão expulsando de si mesmo todo oxigênio e o amor transforma minha caixa torácica em barras de aço para que eu me sinta bonita de novo.

Há muitas coisas que ninguém consegue explicar como o sentimento que seu corpo sente quando o universo ao seus pés para por um segundo e tudo se torna  uma infinita possibilidade de ser uma outra versão de você. 

Eu imploro para que tudo faça sentindo e eu me faça sentir. Meus versos saem pelos meus poros e minhas mãos trêmulas os deixam escapar e eles se perdem no mar onde eu me afogo todos os dias quando fecho os olhos. 

Quero te contar como depois de tudo que aconteceu eu finalmente consigo apagar as luzes de noite. 

Quero te contar que eu deixo a porta destrancada. Apenas caso você queira voltar. 

Quero te contar que não precisa vir correndo, porque eu estou mais perto de mim agora.