UMA TELA EM BRANCO
UMA TELA EM BRANCO
Ninguém fica inerte diante de uma pintura, algum sentimento ela provoca, pode-se gostar ou detestar, pode-se achar bem feita ou mal feita.
Uma tela em branco em uma moldura, no máximo terá uma interrogação do por que?
Já bem vivido mais ainda muito jovem e inocente, vou entrando no galpão vazio da oficina; um daqueles de lá se colocou na posição de goleiro e gritou: “chuta Zé!” tinha uma caixa de papelão lá no meio como se fosse bola, eu com todo vigor que tinha, chutei; o toque do meu pé na caixa, foi o click que registrou no meu cérebro a foto do sujeito que ali era o meu alvo, a caixa não moveu um milímetro, havia embaixo dela uma grande bigorna. A dor que senti parece que nem existiu.
Voltei ao que estava fazendo antes, aos poucos meu pé começou a doer e parecia crescer dentro do sapato até ficar insuportável, o patrão me levou a um massagista que com um movimento rápido, aliviou definitivamente o meu sofrimento.
Não sei por que, mas o rapaz nunca me provocou sentimento nenhum, lembro-me do seu nome e da sua cara, mas é como se eu tivesse visto em uma moldura, uma tela que nunca foi pintada.