Um Conto de Amor
3º parte - Final

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     A chegada desses estrangeiros ás Terras do Brasil, foi surpresa para muitos Europeus. A Terra era bem habitada por esses povos que tinham e tem ainda hoje uma cultura diferente da cultura Europeia e vivem em Etnias.
     Certa manhã, lá pelas bandas de Gravatá e Caruarú dos Bezerros, Interior do Estado de Pernambuco, a Linda índia Amaná (água que veio do Céu,) saiu um pouco da aldeia, era uma jovem pertencente á Etnia Pankarú. A moça vai á floresta, talvez caçar alguma ave ou, um animal de pequeno porte para levar para a Taba de seus pais, ou quem sabe, poderia ser casada, ter seus filhos, ou também poderia ser recém casada...
Nesse caso, o esposo caçaria, enquanto ela cuidava dos afazeres domésticos.
     Naquela manhã, o Sol desde bem cedo já estava no meio do céu e queimava muito, caso não fosse uma brisa que sopra constantemente nas Terras Nordestinas, a vida lá seria insuportável, pois ás cinco horas da manhã o sol já vai alto no meio do Céu! No entanto, Amaná estava protegida dos quentes raios solares pelas folhagens das árvores dentro da mata.
Os campos estavam verdes e floridos, as matas exuberantes, aqui e acolá vê-se alguma flor principalmente orquídeas, espécies nativas que ficam Sugando todas as substâncias da arvore hospedeira e na primavera soltam seus cachos de cores mais lindas que se possa imaginar. De quando em quando se ouviam o guinchar dos macacos, os pássaros com seus trinados que ouvia-se por toda a mata, os pios das corujas, mas a bela Amaná não tem medo, acostumada que é a andar pela mata. De repente, ouve-se os latidos dos cães dos caçadores, mas ela, estava tão encantada com a beleza daquele reino selvagem como ela, diante do qual seus olhos oblíquos e negros como a noite, brilhavam. Absorta talvez, a pensar nos passeios que fazia com seu amado, naquele lugar paradisíaco, nem percebe que os cães se aproximam. Tinha acabado de avistar umas frutas silvestres e já ia apanha-las, quando se deu conta do barulho dos cães e, ai já era tarde para correr pela mata afora. Os cães já a tinham cercado, rosnando e ladrando, ameaçando o ataque, e ela muito braba, reagindo em sua própria defesa, e ao mesmo tempo acuada, sabia que por mais selvagem que fosse, não era páreo pra uma meia dúzia de cães de caça, mas como eram cachorros de caçadores, esperavam a voz de comando dos seus donos e, por sorte os donos chegaram e a voz de comando foi para que os cachorros a deixassem em paz. Logo os cachorros obedeceram e fez-se silencio na mata, quebrado apenas pela respiração ofegante da índia, e com certeza, mesmo tendo sido treinada para se defender, o choro de mulher sensível como qualquer uma de nós mulheres, se fez presente e aqueles homens estavam embasbacados com tanta beleza. Pele morena cor de jambo, cabelos negros como uma noite escura sem lua ou estrelas, lisos, fartos e longos, como as águas das cachoeiras, seus cabelos desciam pelo seu corpo nú, cobrindo os belos seios.

Obs: Na época do descobrimento do Brasil, os nativos brasileiros andavam nus.
Foi assim que os colonizadores portugueses os encontraram.

     O resto do corpo de Amaná, com uma pequena tanga em forma de saia feita de fibras. Naquela manhã, Amaná estava deslumbrante em sua simplicidade e  mesmo com as lágrimas descendo pelas suas faces, ela ainda estava muito braba e o sr. Manuel Estevão de Morais, mais que depressa laçou aquela Flor rara , pois era impossível tentar chegar perto para ampara-la tal era a brabeza da índia.
     A vovó Branquinha nos contava essa historia e fazia questão de dizer que mesmo a Amaná imobilizada, ainda tentava morder os que se aproximassem dela.
     O Sr. Manuel, tanto quanto os outros homens que estavam com ele, estavam boquiabertos com a beleza de Amaná e ele apaixonou - se por ela, foi amor á primeira vista e, eu pergunto: Como não se apaixonar por tamanha beleza?
     A vovó contava que ele, o sr. Manuel, arrumou um lugar, creio que uma casa e cuidou dela, amansou-a e, certamente ela se apaixonou por ele, ou talvez se aquietou conformando-se com sua sina. Quem sabe, ela acreditou que Tupã assim o quis. Tiveram filhos, não sabemos quantos filhos. Depois de alguns anos, ela desapareceu, ele a procurou por toda parte, esperou muito por ela. Quantas vezes foi á mata, pensando que talvez ela teria caído numa armadilha de caçadores, quantas vezes a chamou, acredito que perguntou ás pessoas que passavam se tinham visto uma senhora índia assim e assim... Por fim resignou-se e acabou de criar os filhos.
     Muitas vezes ficava com olhar perdido olhando para o vazio como se de repente ela surgisse como uma aparição.
     Nunca mais a viu, quem sabe ela voltou para a sua etnia? Não sabemos como ele criou os filhos deles dois. O que sei é que sou descendente deles por parte do meu pai. Não sei se ele era meu tetravô, meu trisavô, ou bisavô. Meu avô por parte de pai, Chamava-se Antonio Estevão de Morais (vovô Antonio) era descendente dele, do Sr.Manuel e de Amaná (nomes fictícios) “Estevão de Morais” (nome de família). Vovô Antonio Estevão Estevão de Morais, casou-se com a vovó Severina  Leopoldina Almeidade Morais ( vovó Branquinha)  e tiveram três filhos, seus nomes:  Jeremias Almeida de Morais, meu tio primogênito deles. Jonas Estevão de Morais, meu pai, e Jasson Estevão de Morais meu tio caçula. Desde criança ouvimos da vovó essa historia e depois que cresci ás vezes me perguntava se ela,  a Amaná teria voltado para a sua Etnia, para o seu povo, para o seu esposo talvez...
Nada sabemos do seu passado. As vezes, eu pensava que os índios não entenderam o que aconteceu com ela e a teriam matado. Ou quem sabe, ela pode ter sido raptada pelo seu próprio povo e levada para o ritual do Ouricurí!
     Mas tudo isso, são só conjecturas nada concreto.
Porém, a uns 6 (seis) anos atrás, minha irmã Danize chegou em minha casa em São Paulo, com dois indios da Etnia Fulni-ô , divisa de Pernambuco com Alagoas que vieram á S. Paulo para vender os produtos fabricados por seu povo.
     Meu esposo e eu os recebemos com alegria. Tomamos juntos o café da tarde. Vieram trajados á meio talar, Com calças compridas normais, cada qual com seu cocar, seus braceletes e, o corpo todo pintado com tinta preta extraida do Genipapo e a tinta vermelha extraída do Urucum uma semente com que se faz o coloral muito usado nos estados do Norte e Nordeste como condimento.
     Em São Paulo estava um frio de doer e eu perguntei á eles se não estavam com frio, pois da cintura pra cima estavam nús e eles me disseram que aquela pintura os aquecia. Contei á eles a historia desses nossos antepassados e eles me disseram que os índios nunca punem os que fogem ou se perdem na mata, mas quando a pessoa volta, eles a recebem com alegria.  Com certeza, depois, toda a tribo se aglomera para ouvir o que a pessoa tem a dizer. Acalmei meu coração depois da resposta do índio.     
     Com certeza eu não conheci os meus antepassados, seu Manoel e Amaná, não tinha como. Desses meus antepassados, só sei esse pedaço de historia desde quando Manuel encontra a índia na mata e acaba tendo uma ligação adúltera com ela e que a nossa família Morais & Moraes, descende deles. O restante desse conto, inclusive os nomes dos protagonistas, são fictícios.
Visto que nem sei quando começou essa historia.      Esse conto eu escutei de minha avó e ela, quando terminava de contar uma historia dizia: Passou por uma perna de pinto, saiu por uma de pato, rei senhor mandou dizer que você contasse mais quatro.
*(pinto no Nordeste quer dizer; pintinho de galinha)


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Ahavah
Enviado por Ahavah em 28/07/2020
Reeditado em 31/07/2020
Código do texto: T7019671
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