A Solidez de Betina - 1
Era uma manhã de sábado ensolarada. Betina saía de seu quarto espreguiçando-se, dentro de um vestido de viscose nas cores preta e branca, no comprimento a um palmo abaixo do quadril. Senta-se à mesa para o café da manhã, dizendo: - Mainha, eu quero casar-me.
- Filha, casar-se? Acho que antes de você arranjar um marido, Betina, nós temos que comprar alguns vestidos novos para você. Seu corpo cresceu, suas roupas estão pequenas demais em você, não acha?
Betina continua: - Quero casar-me, ter filhos, e muitos lençóis no varal com cheirinho de amaciante.
- Que bobagem, Beth... Você deve estudar, filha. O sonho de seu pai é fazer de você uma Professora, construir uma escola para você e seus alunos.
Betina, estava com o queixo apoiado à sua mão e o cotovelo à mesa, observava sua mãe de modo pensativo.
Aos dezessete anos de idade, Beth, como chamava-a seu pai, Apolônio, já Sonhava em construir seu próprio lar. Ela acreditava que o casamento seria sinônimo de independência.
Era época de voltar às aulas, após as férias do mês de julho.
- Oi, Luana!
- Oxente, tu cresceste durante as férias foi, Betina?
- Que nada, amiga. Acho que fiquei foi doida mesmo. Ontem falei para mainha que vou casar-me tão logo que ela nem imagina.
- Oxe, menina, tu estás namorando e não me contaste nada?
- Não, Luana, não estou namorando. Mas já sonho com o meu amado e eu, saindo do altar direto para Lisboa, Portugal, depois Rio de Janeiro. - risos.
- Betina, tu andas lendo demais... Os romances não saem da tua cabeceira. Estou preocupada com estes teus sonhos... Acorda, Beth! Casar-se tão nova desse jeito, oxe...
A simpatia de Betina era uma de suas características, mesclada de romantismo à flor da pele. Ela era clara, cabelos de cachos longos, e sua boca rosada completava a imagem deslumbrante dessa estudante sonhadora de Tamandaré. [...]
Áurea de Luz
Obra em construção: A Solidez de Betina