211 - Sem Rumo
Procurava. O quê, no entanto, não era definido. Quem não tem objectivos nunca chega, disseram-lhe, e ela sentia-se assim, sem chegar, à deriva. A verdade é que, deambulando, se percebem coisas diferentes, se colocam os contornos às que tínhamos esbatidas, se reformulam conceitos, se descobrem outros mundos. Ele era um novo mundo acabado de vir ao seu encontro. – Bom dia, saudou-o. - Só se for para si, respondeu grosseiro. Olharam-se como opostos, ele ao balcão, ela a querer encomendar o serviço. Pois seja, então, só para mim. Quero uma torrada com pouca manteiga e um café. Espero que o meu bom dia continue bom apesar de si. E o homem olhou-a como se a visse pela primeira vez. A seguir veio amável perguntar se estava tudo bem e ela olhou-o como se fosse outro, diferente. Acabou de comer e ficou ali a ver como ele se desembaraçava com a clientela, agora diligente e arguto. Quando se levantou para sair, deixou cair a carteira da bolsa aberta e, antes que se apercebesse disso, já ele lha estendia sorridente. Despediram-se acanhados. A mão dele foi calorosa. Deu consigo a pensar incluir aquele local nos seus roteiros sem destino.