Onde eu dormia havia muitos livros, alguns abertos, outros fechados e, outros delicadamente guardados como se fossem um tesouro. Adquiri o estranho hábito de manhã, procurar ler aleatoriamente um poema, por vezes, Fernando Pessoa. Outras vezes, Clarice Lispector. E, noutras vezes, um haicai inspirador. Veja:
Noite extensa
Todos se entendem
Menos os poetas.
Leandro Rodrigues
Os poetas são rebeldes sem causa. Olham na rua, o que ninguém vê. Enxergam almas em corpos banidos de razão ou humanidade. Os poetas rezam pelas palavras, imantam pelos significados e sacralizam a cura pelo verbo. Não que as palavras sejam a remissão da doença e das agonias contemporâneas, mas pelo menos, uma transformação, um afrouxamento do nó da garganta, nó da semântica e a identificação da profundidade do poço do inconsciente. Tomo a palavra como fármaco, em pequenas quantidades diárias, mas o silêncio me faz muita falta. Uma certa reclusão que permita a super visão do todo em sua microscópia galáxia de paradoxos. Depois de acordar e flutuar pela poesia, lá vem o mundo real. O vizinho barulhento assiduamente comparece. E, sol ainda sutil, prometia esquentar o resto do dia. Mas, com o ensurdecedor existir do vizinho, preciso fechar as janelas. O amor está acabado. Finito sem reticências. Não vou mais vê-lo. Não vou falar com ele. Devotarei meu silêncio mais rotundo. Nunca mais nos encontraremos. E, se o acaso forçar, fugirei em silêncio. Sem bradar e sem reclamar, apenas portando uma dor no peito. De amor mal-sucedido. Poderíamos ter tido uma história. E, tivemos de sólido, apenas, um hiato.
Estatisticamente nem éramos felizes. Havia pouquíssimos momentos que éramos harmônicos. Na maioria do tempo, éramos antagônicos, quase inimigos a disputar a sobrevivência num presente. Seus valores não eram os meus. E, meus valores, por vezes, lhes ofendia... O amor está acabado. Como uma costura fechada tal como bolsos falsos... Precisávamos de ser felizes. E, no desespero típico do abismo de afetos, nos jogamos um sobre o outro. Sem saber, que é preciso se entender, mais até que saber amar. Afinal, o fim é apenas mais um começo.
Noite extensa
Todos se entendem
Menos os poetas.
Leandro Rodrigues
Os poetas são rebeldes sem causa. Olham na rua, o que ninguém vê. Enxergam almas em corpos banidos de razão ou humanidade. Os poetas rezam pelas palavras, imantam pelos significados e sacralizam a cura pelo verbo. Não que as palavras sejam a remissão da doença e das agonias contemporâneas, mas pelo menos, uma transformação, um afrouxamento do nó da garganta, nó da semântica e a identificação da profundidade do poço do inconsciente. Tomo a palavra como fármaco, em pequenas quantidades diárias, mas o silêncio me faz muita falta. Uma certa reclusão que permita a super visão do todo em sua microscópia galáxia de paradoxos. Depois de acordar e flutuar pela poesia, lá vem o mundo real. O vizinho barulhento assiduamente comparece. E, sol ainda sutil, prometia esquentar o resto do dia. Mas, com o ensurdecedor existir do vizinho, preciso fechar as janelas. O amor está acabado. Finito sem reticências. Não vou mais vê-lo. Não vou falar com ele. Devotarei meu silêncio mais rotundo. Nunca mais nos encontraremos. E, se o acaso forçar, fugirei em silêncio. Sem bradar e sem reclamar, apenas portando uma dor no peito. De amor mal-sucedido. Poderíamos ter tido uma história. E, tivemos de sólido, apenas, um hiato.
Estatisticamente nem éramos felizes. Havia pouquíssimos momentos que éramos harmônicos. Na maioria do tempo, éramos antagônicos, quase inimigos a disputar a sobrevivência num presente. Seus valores não eram os meus. E, meus valores, por vezes, lhes ofendia... O amor está acabado. Como uma costura fechada tal como bolsos falsos... Precisávamos de ser felizes. E, no desespero típico do abismo de afetos, nos jogamos um sobre o outro. Sem saber, que é preciso se entender, mais até que saber amar. Afinal, o fim é apenas mais um começo.