A primeira vez que fiquei noiva, intimamente sabia que não iria casar-me com aquele noivo. Mas, era uma experiência estupenda. E, o anel de noivado era um relicário lindo, e me conferia a importância que não tinha. Ele era uns vinte anos mais velho, inteligente e, quiçá estético. Em minha família, era comum, todas as moças logo que completassem os quinze anos, aviavam acertos amorosos. Como namorávamos há uns três meses. Fui intimar Euzébio, pois afinal, para dar continuidade ao namoro,' dependia de um futuro noivado. Pensei que iria arredar, porém, para surpresa minha, ele anuiu prontamente. com um largo sorriso. Só fazendo uma única exigência, que casássemos na Igreja da Penha. Preocupei-me, pois, eu judia, como poderia me casar numa Igreja Católica? Depois, propus um culto ecumênico na mesma Igreja, afinal, era a devoção dele. A cerimônia, então, teria um padre e um rabino no mesmo altar. Fiquei a imaginar algumas peculiaridades sobre o casamento judaico, como por exemplo, a presunção de que o homem só se torna completo, apenas após seu casmento. E, no casamento, se operava uma união de almas, formando-se uma só alma no mesmo nível espiritual. Para os judeus não é obrigatório casar-se na sinagoga. Depois de algumas atitudes machistas e autoritárias dele, resolvi romper o noivado. E, entreguei-lhe o anel tão belo na mesma caixinha em que recebera. Ele, reagiu atônito. Não esperava, pois eu sempre me mostrava cordata e obediente. Mas, reconhecia que não conseguiria mesmo fazê-lo feliz. Quando percebera o quão preservada estava a caixinha do anel, perguntou-me: - Você a guardou tão bem, é porque sabia que iria me devolver... Eu ri, e disse que simplesmente era cuidadosa... E, minha alma fosse muito livre e, talvez, eu nunca me casasse... Ele riu novamente. Disse que eu era apaixonada pela liberdade e, que o amor era finito, pois alma sempre pedia maior espaço.