LUGAR PROIBIDO (BVIW)
Zinho vinha pela estradinha de terra, quase uma picada, triste e cabisbaixo. Acabara de enterrar a avozinha tão querida no cemitério do vilarejo. Levantou a cabeça e viu ao longe a ponte tão temida. Perdeu a conta das vezes que ouviu “jamais atravesse aquela ponte!” Porquê? E a resposta era uma para cada idade de sua vida. Aos cinco anos era porque lá tinha animais ferozes... Aos 10, porque era pecado....Aos doze, embora já nem ligasse para a resposta, era porque as autoridades não permitiam. Apesar da tristeza, sorriu: agora iria ver de perto e, quem sabe, atravessá-la. Chegando no sítio arrumou um lanchinho rápido e saiu para sua grande aventura. O caminho foi longo e cheio de obstáculos. Seria mal assombrado? Seria mesmo falta de juízo desobedecer tanta recomendação da avó? Seguiu em frente, mas na entrada não dava para ver o que havia no final. Muito nevoeiro, talvez, ou fumaça, muito medo também. Pisou em terra firme, finalmente. Depois de caminhar cerca de cem metros avistou um garoto colhendo frutos num pomar. Ao aproximar se arrepiou ao ver que o menino tinha uma pinta do lado esquerdo da testa tal como a dele e de sua avó. Foram juntos caminhando até o casarão onde encontraram a mãe do garoto que ao olhar para ele desmaiou. Após o socorro e o abrandamento do susto descobriu que ela era sua mãe. Ela foi obrigada a deixar seu filho mais velho com a avó e foi expulsa de casa por ter ficado grávida aos treze anos. Enfim, cansado de contar toda a vida que teve com a avó, agora ele passou a viver feliz com sua verdadeira família, da qual nunca soube sequer da existência.