PANDEMIA - HIPOCONDRÍACOS - PARTE IV

Hipocondria - compulsão do pensamento e preocupação excessiva com sua própria saúde: "sintomas" de doenças verdadeiramente inexistentes. Popularmente, necessidade de "aparecer", coitadinho 'fazer-se dodói' sem estar.

1---Evaristo de Moraes Filho, grande jurista e professor do Direito do Trabalho, socialista e sociólogo, era hipocondríaco e imortal da Academia Brasileira de Letras - morreu (de verdade!) perto de ser... centenário. Tinha dias de terno-gravata-cama, "iria' morrer doutor elegante, mas não morria ainda - fácil imaginar sintomas inexistentes, síndrome de pânico ou de ansiedade. Na História, estórias de muitos semelhantes, como Darwin (quem diria?) e Proust (preso ao passado). No Brasil, líder do grupo um conhecido ex-banqueiro (pesquise, caro leitor), com mais de 90 anos (demorou, hein?). Possivelmente, a covid-19 aumentará o número 'fatal' de hipocondríacos: haverá com vírus, assintomáticos X "sintomáticos" sem vírus. Um grande médico do passado, no Rio, Dr. Kaplan, mandaria o hesitante falso doentinho deitar para exame porque "hipocondríaco também morre" - o grande fracasso desse menino grande é ficar doente. --- (Piada - "E a sogra como vai de saúde?") --- Joaquim Falcão, ADL, jurista e educador (adaptação - Rio, O Globo, 11/4/20).

2---Delfim Moreira (1868-1920) era apenas conhecido como o nome de uma avenida â beira-mar em chique rua carioca. Político mineiro, foi governador de... Minas Gerais. Mas voltemos no tempo a numa pandemia mais falada. Como vice na chapa de Rodrigues Alves (Brasil, dinastia de muitos vices...), assumiu a Presidência em 15 de novembro de 1918 - ah, o titular morreu com a epidemia da Gripe Espanhola, interino até julho do ano seguinte. --- Delfim era um pouco desequilibrado e via alucinações no Palácio do Catete (em Brasília, só muitas décadas depois!) e ficava, vez por outra, totalmente desconcentrado da realidade, desligadão. Na prática, o ministro Afrânio de Melo Franco (1870-1943), grande político e diplomata, ministro de Viação e Obras Públicas, tomava as decisões. Ah se não houvessem ministros no país! --- Ana Cláudia Guimarães (adaptação - Rio, O Globo, 5/4/20).

F I M