Maria era uma menina singular
Maria era destas pessoas sonhadoras, sensitivas e amável desde o primeiro olhar.
Geminiana segundo uns, aérea segundo outros, singular de forma geral. Nada nem ninguém sabia o que se passava em sua cabeça.
Maria era incrível por sua forma única de ver o mundo.
Ela subia na lage de sua casa e contava estrelas.
Olha a verruga, heim! - assombrava a sua irmã mais velha.
Catorze! Quinze! Dezesseis! Respondia ela aos gritos. Mas elas se amavam, como todos os irmãos ou a maioria deles.
De manhã, ela levantava cedo, tomava seu café e saía ao jardim para brincar com o vento.
Ela fechava os olhos, respirava fundo e deixava o ar ir embora devagar.
O vento nunca a decepcionava, na hora marcada, passava feito brisa, trazia folhas como presentes, contornava seu corpo enquanto Maria ria e se apaixonava mais e mais pela vida.
Ela sempre teve a sensação de que o vento fosse vivo!
Então, por um momento, pegou-se pensando e ficou paralisada.
Quantas vidas você já viu andar sobre a Terra? Será que sou só mais um brinquedo e você deixará de me visitar algum dia?
Magoada, fugiu num rompante rumo ao seu quarto e desapareceu em lágrimas.
"Não quero mais contar as estrelas!"
Dizia enquanto chorava.
"Nunca mais vou ser grata ao sol".
"Por que seguirei indo sentir o vento se ele vai embora um dia?"
"Desisto desta vida cheia de falsidades. Não quero mesmo continuar assim se o vento vai me deixar um dia".
Então, Maria fez um silêncio estarrecedor. Abriu os olhos, inexistiu por infinitos milissegundos.
Então, como um raio que corta o céu em uma dura tempestade, riu como nunca. Riu tanto, tanto e tanto, que despertou seu pai e sua irmã, mas não deu tempo de entenderem k que se passava.
Maria entendeu que não é o vento quem deixa ninguém quando enjoa da pessoa.
É a pessoa que vai embora sem conseguir dizer adeus.
Olha quanta coisa eu iria perder só por um pensamento que eu interpretei errado.
Sou mesmo uma idiota!
Não, Maria!
Você é singular, e pôde voltar atrás antes que descolorisse o lugar incrível que você é.