Era a vida de Alberto que estava em jogo
Era a vida de Alberto que estava em jogo.
As sirenes, a faixa amarela e preta e as pessoas atrás dela, com olhar petrificado nele, quase sem respirar, aguardando o desfecho daquele momento tão único, todas elas e todo o cenário, faziam Alberto suar frio.
Suas mãos tremiam e seu coração estava disparado, batendo descompaçado enquanto ouvia todos os barulhos proíbidos para um momento tão importante e delicado.
Era a vida de Alberto que estava em jogo.
O suor descia sobre sua face como se fosse um iceberg desprendendo-se do Ártico. "Oh, céus! Fique calmo, fique calmo".
Dizia ele bem baixinho para que ninguém percebe-se.
Naquela manhã, sua filha havia dito que o amava, e que independente de tudo, estaria a seu lado apoiando cada decisão.
Alberto lembrou-se disso, e acalmou seu coração.
"É agora!", "Xiu! Cala a boca", "Deixa ele, não atrapalhem", "Aí, gente!"...
Frases soltas e ouvidas oriundas da multidão.
"Carina!
Desde o dia em que a vi meu coração não para de tremer, meus pulmões se enchem toda vez que a vejo passar, e não há um momento sequer que eu não pense em como seria acordar com você ao meu lado todos os dias da minha vida.
Eu quero você para ser a mãe da minha filha, e ela a quer como mãe também.
Carina, não sou bom com poesias, por isso, a Vanessa escreveu enquanto eu tentava dizer a ela o quanto a amo. Ela me apoiou e disse que me ama, e eu não consigo dizer outras coisas.
Carina, quer casar comigo?"
A multidão emudecida não aguentou ficar calada e incentivava o "sim".
Carina não lidava bem com surpresas, e após ter saído da viatura, não pôde dizer uma palavra.
Com o descontrole, Carina passou mal, as pessoas ficaram assustadas e com medo.
Não havia ambulância no local, e sua companheira de trabalho a colocou as pressas no banco de trás da viatura, com Alberto no banco da frente.
Correram em comboio ao hospital mais próximo e a multidão que esperava um grande festejo, dispersou-se em grande dúvida.