REI
 
Fiz-te Rei do meu próprio reino quando eu acreditava que te amar significava me doar. Tinha a certeza de que se eu dividisse minha coroa contigo, tornar-nos-íamos – não um, mas juntos. Deixei-me sonhar em tuas palavras que soavam como contos de fadas e entreguei-te a essência daquilo que me tornava Rainha.
Pensei que realeza era um espelho que podia ser quebrado com um beijo de amor verdadeiro. A questão nunca é “existe alguém mais bela do que eu?”, mas sim “existe alguém mais poderosa do que eu?”. E a resposta sempre foi não, por isso encontraste uma maneira de me encantar com tuas mentiras salpicadas de pó de fada.
Construí, a mãos nuas, muros pintados de escarlate (nem as rosas da Rainha de Copas se vestiam de sangue). Acreditei que cada pedra era um “eu te amo”, a certeza de que uma muralha seria suficiente para proteger nosso amor.
Teu sorriso, de orelha a orelha, e teus olhos ambiciosos sempre foram lindos, mas comecei a desconfiar das minhas palavras manchadas com teu nome, porque eu não sentia mais teu coração como fogo, nem mesmo brasa: teu coração era carvão, queimado, seco, morto.
Marina Solé Pagot – 18 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 20/05/2020
Reeditado em 20/05/2020
Código do texto: T6953090
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