A última carta
Aproximou-se relutantemente da caixa de correio. Na mão trémula a carta balançava como uma pequena bandeira. O homem finalmente sentia o cansaço dos anos. Frágil diante do mundo, abandonado pelos vivos e mortos, via o mundo pela montra de santa clara. Na TV, violência, ódio, doença e morte, mais do que visto em sua vida longa. Sua mulher partiu, e os filhos a quem endereçava nunca o responderam. Ainda assim sobrevivia. A pandemia veio e se foi, e ele vivo. Preso entre as memórias do passado e o temor do presente, dá um passo sem esperança e deposita a carta sem futuro. Uma lágrima corre. É aparada por um afável e inesperado abraço.
- Vocês?
Seus filhos estavam atrás dele
- Por que? Depois de todos esses anos..
O abraço em conjunto, um deles diz.
- Esse era o mundo de ontem, pai.