Estado do sítio
Havia um sítio e havia um cachorro, com a morte do dono, foi deixado a dois filhos, tanto as terras como o cão.
As desavenças, os conflitos começaram a tomar conta dos irmãos, que decidiram repartir ao meio a propriedade, mas o cachorro não era filho de Salomão, não podendo ser partido ao meio, a quem caberia o cão?
Uma cerca de arame farpado seria a divisa da propriedade, e sem que houvesse acordo cavaram uma toca, bem abaixo da cerca, onde o vigilante assentaria domicílio, arrumaram um lugar para o Sansão.
Sansão, nome forte, mas um nome escolhido por apenas um dos irmãos, e até no nome do animal, brotou uma confusão.
Quando à direita da cerca, ele continuava sendo Sansão, quando guardava o outro lado, o esquerdo, ele era o Totó.
Com um só cachorro, fizeram a miscigenação, e todos na redondeza, numa cruel judiação, juntaram os dois nomes, e resultou em Santo e Tossão.
Cabia ao Santo ser pastor e guardar as ovelhas, cabendo ao Tossão, do outro lado da cerca, cuidar da plantação.
Não se sabe ao certo qual dos lados, trouxe para o sítio uma linda cadela, que em tempo de paz seria alma gêmea, e as terras quase que pacificadas, revolveram-se em turbilhão.
De que lado ficaria o amor, de que lado se consagraria a união? Dormiria o casalzinho, contando carneiros ao lado do Santo, ou na banda do Tossão, num suave tapete de algodão?
Cachorro não é galo, sítio não é quintal, nem é de um único cão, não era um bicho de dupla personalidade, era só um bicho...eis a questão.
A pergunta permanece...a qual chegou o estado do sítio, ou Estado de Sítio acabou sendo a definição?