ATO DE LIBERDADE: PARTE II (RETALIAÇÃO: SOLTEM A FERA!)

Simultaneamente a polícia estourou 12 locais de apoio ao Primeiro Ato. Na Rússia, China, EUA, Alemanha, Brasil, Irã, África do sul, ‘Coreias’, Japão... esconderijos foram descobertos. A inteligência - polícia - já vinha rastreando o 'bando', os líderes do mundo sabiam que cedo ou tarde iriam dar início ao primeiro ato. Eles também sabiam que poderia ser o fim de seus legados; Ditaduras ou ‘Democracias’... não importa, elas cairiam, escorregariam de suas mãos... seria a vez do povo ditar as regras. Então os hackers foram todos pegos de surpresa.

Em cada esconderijo; bombas e mais bombas. Prisões e agressões. Alguns hackers escolheram lugares de difícil acesso nas periferias, outros ousaram e optaram por praças de alimentação de shopping e foram esses que venderam caro suas prisões; correria, gente correndo, comida voando, vidros de lojas quebrados, balas de borracha e pra melhorar a cena hollywoodiana; muitos figurantes perdidos sem entender nada.

Mas mesmo estes foram pegos, capturados e jogados as pressas em um SUV preto blindado ou numa van com as mesmas características... sim, algo muito clichê! Só um dos 12 não fora pego, conseguira fugir como um rato, instantes antes da polícia estourar o local, infelizmente teve que deixar tudo para traz, levando consigo apenas um pequeno ‘HD’. Este só não fora pego, pois escolhera um galpão acima de muitas galerias de esgoto - região que dominava por completo - assim; enquanto o grupo armado entrava por uma porta, ele deixava o galpão por outra e sumia por baixo de todos. Este (a) não fora mais visto.

Parte do início do Primeiro Ato seria o disparo de e-mails, vídeos e mensagens com as reais intenções dos políticos e parte da mídia, isso tudo por etapas, colocando – ainda mais - direita contra esquerda e o mesmo se daria com a TV; umas contra as outras, fazendo com que viesse à tona verdades escondidas nos bastidores – político e midiático. Criariam um colapso. Uma guerra de informações; verdadeiras e escondidas. Como foram pegos enquanto ainda faziam a transmissão do discurso, todos conseguiram ao máximo apertar, cada um, seu dispositivo de segurança - que indicava ao outro hacker que fora pego ou que talvez fosse pego em breve. Celular por celular, foram recebendo a mensagem disparada "estão aqui"...

O primeiro ato pode se dizer que teve seu êxito em apenas uns 10% - com o discurso no prédio da ONU - o mundo se perguntara:

O que fora aquilo?

O que deviam fazer?

Ainda não seria a vez do povo entrar em ação, mas eles não sabiam... Após o discurso a ação imediata seria a dos ‘PALADINOS DIGITAIS’. Bom, o primeiro ato ainda não estava descartado, não fora eliminado, ainda bem. O povo só teria que torcer por aquele último (a) hacker, para que não fosse pego. Afinal em seu HD estava todo o conteúdo que deveria vir à tona; os bastidores podres dos líderes do mundo.

O problema era que os ‘Reis e Ditadores’ não queriam perder sua majestade, é claro. Queriam manter o povo com rédeas curtas. Soberania, soberba e autoritarismo... em outras palavras; queriam mostrar quem é que manda e quem é que deve obedecer. Queriam que somente os seus herdeiros nadassem no luxo, por gerações e gerações!

Se reuniram, se abraçaram... Eles sabiam o que fazer. Eles tinham que fazer. Ou então o povo tomaria o poder em breve. Era um risco grande, mas tinham que apostar alto, pois o prêmio era a continuação de seus poderes. Se olharam novamente; EUA e RÚSSIA; COREIA; JAPÃO; CHINA e outros tantos... Entoaram palavras e houve uma voz, um coro 'uníssono'

'POR NÓS, POR NOSSOS FILHOS, POR NOSSAS FAMÍLIAS... '

SIMULTANEAMENTE APERTARAM UM BOTÃO e no telão atrás de suas cadeiras luxuosas, giratórias e confortáveis, uma frase em varias línguas apareceu, letra por letra, como se alguém estivesse atrás da grande tela digitando.

PROJETO ‘PRIMEIRO ATO’ INICIADO COM SUCESSO.

Sim, eles o chamaram de ‘O Primeiro Ato’ também... Eles eram os donos do mundo, eles não seriam processados por plágio... O pior não era isso, é claro, e sim a diferença no que diz respeito ao primeiro ato de cada 'bando'.

Os hackers e seu líder: Zaki, só queriam dar ao povo o que lhe é de direito; 'sua terra, seu alimento e sua dignidade'. Já o outro lado tinha como primeiro ato; continuar sendo como Hitlers que eram – só que de uma forma velada - e o start no projeto que recebia o mesmo nome quem conseguira apertar primeiro foram eles; os políticos malfeitores. No telão os dizeres com o início da missão, foram, agora, substituídos por um mapa do mundo, e daquela sala; aquecida e climatizada, segura e abastecida, eles iriam observar por pontos vermelhos os crescentes casos de infectados, conforme parte da mídia fazia seu papel.

Os líderes falaram:

- Soltem a fera!

E assim fizeram.

Seria questão de minutos... Em poucos dias, semanas e no máximo alguns meses a população iria diminuir. Muitos morreriam em breve.

Como a moda às vezes tende ao retrô, eles escolheram chamar a fera de um ‘nome’ já ouvido no passado.

Coronavírus. Sobrenome: Covid-19.

Por questões não reveladas – ainda - na reunião escolheram um país da Ásia como o início de tudo, na sala o líder dessa nação deu de ombros para a escolha.

Um caso. Outro. E mais outros...

Centenas... milhares. Vidas e vidas se foram!

Então quando parecia não haver mais carne para ela naquele território, a Fera fora levada para 'Roma'. Era a vez da Itália e lá uma cidade inteira choraria os seus mortos. Muitos idosos tiveram suas vidas arrancadas de si, suas histórias varridas de uma hora para outra...

A Fera silenciosa foi ganhando a Europa; Espanha, França... foi dizimando e aniquilando. O museu do Louvre ficou mais frio e gélido sem os amantes da Arte. O Arco do Triunfo sentiu-se derrotado pela solidão. Na Espanha os touros ganharam folego de vida enquanto quem morria eram os humanos, vidas e mais vidas perdidas. O Coliseu com sua altura e imponência, ficara pequeno se comparado à pilha de mortos... infelizmente as famílias faram perdendo entes queridos!

Após silenciar o Velho Continente a Fera quis então ir visitar a América... As Américas. Na terra dos super-heróis ela varreu milhares, infelizmente é claro, ferindo o orgulho de uma nação patriota, viram-se ‘despreparados’ para aquele ataque iminente. A potência viu-se impotente. O povo daquela nação refletiu ‘o quanto vale o investimento militar numa guerra sem arma física?’

A Fera ‘se cansou dos ricos’, então desceu e visitou os primos pobres na América do sul, que por si só já andavam quase sem vida, tentaram se preparar... (depois dos seus carnavais, é claro – ‘lá pra cima’ alguns Países também não abriram mão de seus luxos) os ‘esforços’ foram em vão.

Os mortos que a Fera trouxe somou-se aos mortos que já perambulavam pelas periferias de ruas esburacadas... A paixão – a bola – de um continente parou de rolar.

Então os líderes viram que a ‘guerra biológica, bioquímica ou bioterrorismo’ estava 'saindo do controle', assim, fingiam não achar aquilo bom, tomavam medidas que no fundo sabiam que só iriam mascarar e distrair o povo, ou ganhá-los por parecerem heróis.

A mídia vendia muito bem o terror. Escondia o que tinha que esconder, exagerava e muito quando tinham que fazer isso – em beneficio dos seus interesses. Apoiava aos que lhe interessavam, muitas vezes calava os sábios e quando apropriado dava voz ‘aos burros’. A mídia informava e desinformava. Uma bagunça na cabeça do povo... um distúrbio total!

Os líderes do mundo foram tão astutos que escolheram até a época certa – o inverno -, assim os números 'se confundiriam' com enfermidades mais conhecidas, mas que; se mal cuidadas, também matavam. Sem contar a crueldade de ‘substituírem a causa morte’ para alavancar os números e onde quer que fosse, eles seriam bem parecidos. A maior tristeza nessa atrocidade era que esse tipo de corrupção ou maldade impedia as famílias de enterrarem seus mortos. Um dia você estava abraçado a um familiar querido e no outro dia o mesmo já não podia ser visto em seu ‘leito de morte’...

Em todo o mundo o povo fora trancado em suas casas. E os líderes do mundo, bonzinhos que eram, deu a receita pela TV. Com outras palavras disseram:

“É proibido viver, comam e bebam os estoques que fizeram - quem os fez; quem pôde e quem pode -; assistam TV (o dia todo), acessem a internet...”

Essa seria a nossa ‘ração’ seguida por hashtags como:

#STAYHOME

#FIQUEEMCASA

#STAYSAFE

“Adoeçam por outras tantas razões enquanto isso... Entrem em estado de pânico – principalmente pelo que irão assistir, enlouqueçam e aumentem outros tristes números ou índices – violência, desemprego, divórcios e outros... Morram de fome – alguns - e atrasem suas contas – ou posterguem com juros! Essa também poderia, facilmente, ser a mensagem transmitida, mas, não, um discurso com esse tom não traria a resposta que eles queriam e precisavam”.

A justificativa era sempre a mesma: EMPATIA. Não matem os seus familiares... seus idosos ou ‘classe de risco’ Mas hoje em dia é tão difícil falar de empatia sem cair no campo da hipocrisia. As desigualdades são tantas que uns tem a chance de fazer da sua quarentena um belo período de férias, um parque cheio de distrações... Já outros não têm nem duas janelas, pois sua casa só tem um cômodo, e sua dieta é ditada e forçada pelo desemprego...

Quando a desigualdade é tamanha, fica muito difícil saber ‘de qual lado’ a EMPATIA ESTÁ.

Com essa discrepância e somando-se a falta de educação – QUE JÁ não era daqueles dias, e um vasto acesso a internet; o povo tinha todas as ferramentas para começarem as brigas e trocas de farpas online... Infelizmente a maior parte do povo – nos países mais pobres principalmente – amavam suas distrações virtuais, seus memes e suas ‘lives’lhes traziam alívio para os dias difíceis – as lideranças digitais quase nunca se posicionavam com questionamentos sábios, muitos fingiam que nada de diferente estava acontecendo – temiam serem destronados de seus tronos virtuais por se posicionarem em questões politicas... alguns poucos usavam sua influencia para ajudar os mais carentes, mas assim como são em dias normais esses eram minorias.

O povo - no mundo - não tinha a opção de ‘meio termo’ só existia soluções paliativas, nenhum esforço de adaptação para uma retomada - à vida - por parte do povo saudável, a única opção era a ‘opressão’ dos líderes do mundo, os Reis e Ditadores exerciam suas autoridades com maestria. Seus discursos eram como ‘cocegas nos ouvidos’. Sem opções em poucos dias eram os saudáveis, isolados, que começavam a apresentar seus quadros de doenças mentais, psicológicas e psíquicas...

Passados quase 100 dias o mundo era pós-apocalíptico e totalmente diferente do que era 100 dias atrás.

O vírus era espalhado de diversas formas; nas mascaras vendidas; quando ruas e locais públicos eram ‘desinfectados’ na verdade era justamente o contrário disso - estavam infectando locais públicos para aumentarem os números -, na rede de água... Então o que eram milhares de mortos passaram a ser milhões e milhões. Os líderes do mundo amavam os números e os dados recebidos. Trocavam mensagem. Sorriam...

"Está acontecendo... Está funcionando... Estamos indo bem..."

Por outro lado o mundo era banhado pelas lágrimas das perdas. Muitos usavam o isolamento social para lembrarem seus mortos queridos e esperar por dias melhores.

...

Em uma prisão no meio do oceano pacífico um helicóptero imenso das forças armadas americana, pousou – sua imponência era tanta que o mar ao redor da plataforma de pouso ficou todo agitado, com ondas que se formavam e sumiam no horizonte -, da gigante aeronave desceram alguns homens com aqueles trajes hospitalar, de mascara e tudo mais. Foram direto para a ala 7 'prisioneiros políticos' como dizia a placa metálica na entrada do corredor pouco iluminado e gelado.

- Coloquem um em cada cela e a Fera vai cuidar do restante - Falou o líder daquela expedição militar.

Instantes depois na cela quatro alguém falou:

- quem diria que me mandariam um companheiro de cela, prazer o meu nome é Zaki - a voz era calma e serena, beirando a ironia. - O que zaki não sabia é que aquele ‘avatar’ só estava ali para que a Fera também estivesse. O companheiro de Zaki era na verdade a Fera e não o homem em si.

Zaki sobreviveria ao hospede ‘invisível e indesejado’?

...

As pessoas continuavam hipnotizadas e obedecendo, era obvio que não queria se arriscar. A grande maioria tinha muito medo.

Ruas vazias e mentes cheias.

Terror e pânico. Triste!

Tanta gente morrendo pelo vírus e tanta gente morrendo pelo confinamento, principalmente os mais pobres, primeiro morreram por dentro depois por fora.

O vírus começou levando ‘os ricos’ e o confinamento terminou levando ‘os pobres’.

O triste era ver que não havia questionamento. Os ‘debates’ televisivos nem deviam se chamar debates, pois os participantes da mesa tinham todos, a mesma opinião. Era ‘um jantar de gala’ ao vivo na sua TV. ‘profissionais’ tendenciosos eram a bola da vez e cada emissora recorria aos seus... sobre a situação nos países; não havia ponderação nem espaço para caminhos alternativos, em todas as nações era só opressão e imposição. Os donos do mundo queriam ‘reformar’ o planeta, eles queriam números favoráveis aos seus ‘mandatos’, eles queriam o controle. Eles tinham o controle. Nesse cenário os bons médicos eram reféns na linha de frente... estavam sozinhos. E para piorar alguns poucos foram infectados pelo ‘vírus’ da corrupção e passavam a jogar com os que estavam no controle do mundo.

Mas uma coisa os líderes do mundo não previram; os sábios ficaram mais sábios com esse tempo de reclusão. Muitas famílias se fortaleceram. Muitas mentes explodiram de conhecimento e conteúdo. A grande massa continuou sendo a grande massa, mas mesmo estes puderam tirar um pequeno proveito desse confinamento. ‘Teorias da conspiração’ foram surgindo aos poucos, foram levantando hipóteses e abrindo espaço para interrogações... isso era um bom sinal!

Os Reis e Ditadores também não imaginavam que a natureza iria se renovar aos poucos, ganhar um folego; rios foram ficando limpos, animais antes entocados e escondidos voltavam a aparecer... Poluição, o que é isso? Águas cristalinas, animais 'sem extinção'. Praias limpas e horizontes jamais vistos com a presença maciça do homem. As cores eram vivas; o céu era azul e o sol era amarelo... o pôr do sol exibia uma nuance de cores que justificava as pinturas de outrora. Muitos começaram a enxergar que não havia necessidade do consumismo exacerbado, da correria a que se submetiam; produtos impostos pelo ‘mundo’ não eram necessários, o petróleo já não era o queridinho da América, os preços dos combustíveis foram despencando, mostrando ao povo que só é abusivo o preço – de qualquer que seja o produto quando a demanda é grande... O plástico foi perdendo o status de vilão, estava caindo em desuso. Grandes marcas perdiam valor. Perfumes de luxo por quê? Se você não pode ter contato com outros e consequentemente ‘impor’ sua condição pelo cheiro que exala. Carro importado, roupas da moda? Se você não pode se exibir... Novos valores!

Novos valores foram surgindo individualmente e isso não havia sido calculado pelos líderes do mundo. E para piorar a situação deles a mídia acabou dando uma 'ajudinha' ao primeiro ato original que parecia estar morto; ela noticiou que os líderes das principais nações iriam se encontrar no pentágono para ‘discutir medidas’... Era o que Heike precisava, agora ela sabia exatamente quando e onde agir, ou melhor; hackear!

Heike era a número 12. Fugiu pelas galerias de esgoto, conhecia Berlim como a palma da sua mão. A jovem de 17 anos, que nasceu na Alemanha, era forte como seu nome 'a que impõe regras' e escolheu carregar nos ombros uma 'culpa' pelos ‘imbróglios’ da segunda guerra mundial - dizia se envergonhar da sua origem por essa razão... Desde bem mais nova a menina já demonstrava traços de liderança e se mostrava diferenciada; na escola sempre se destacava pelos seus argumentos com relação à ‘política’ e questões ambientais. Mas logo cedo, também descobriu que se posicionar ao lado da verdade pode ter um custo alto, mesmo sendo o correto a se fazer. Ao se envolver em manifestações e estar cada vez mais envolvida em questões ‘justas’ como dizia ela, a menina viu-se obrigada a fazer cada vez mais por um mundo onde a grande maioria das pessoas não abria mão de sua zona de conforto; achavam que apenas os ‘panelaços’ – das janelas de seus apartamentos ou casas - ou ‘passeios’ aos DOMINGOS – nas principais avenidas dos países - resolveriam suas questões de saúde, emprego, segurança e dignidade... então quando raramente organizavam algumas ‘manifestações’ nos países que mais precisavam fazer algum ‘barulho ensurdecedor’ faziam apenas ‘selfies’ ou barulho literal...

Por essas e outras a menina resolveu colocar a mão na massa, abriu mão da sua juventude para viver uma ‘aventura’ que beneficiaria o mundo.

Ela tinha recursos. Ela tinha motivos. Ela tinha DISPOSIÇÃO!

Então foi lá e Hackeou o sistema do pentágono. O recado foi direto para o telão dos velhos Ditadores:

"Eu não sou classe de risco"

Logo após a frase havia a figura de uma mascara e o símbolo de ‘risco biológico’.

Os velhos souberam na hora de quem se tratava. Não sabiam a identidade em si do hacker. Mas sabiam que o recado vinha do único fugitivo.

Um líder asiático bateu na mesa.

- Vocês prometeram que não escaparia ninguém - olhou para os colegas - e agora? – o homem bufava de raiva. - Sabem o poder que ele tem! – Concluiu.

Nesse momento no telão apareceu a legenda para o áudio que dizia:

- Ele não, ela! - Escuto todos vocês. - ELA. – a menina repetiu e continuou:

- Tenho 17 anos, saúde ‘ok’, por isso o 'não classe de risco'.

A mensagem terminou com uma figurinha de um rosto redondo e amarelo, piscando – na linguagem virtual; um Emoji.

A voz recebida na sala era distorcida em um tom bem robótico. O que fazia com que os velhos na sala achassem que era um ‘trote’... insistiam que era um homem do outro lado.

Ah... Os velhos hábitos de alguns...

- Está feito e não tem volta - disparou outro líder da Ásia.

Instantaneamente no telão apareceu uma foto de todos eles se reunindo, um ano antes, junto de um áudio de uns 3 minutos que revelava de forma clara o que eles tramavam... o que eles acabaram de fazer.

Por ironia foi justamente o líder da nação de Heike que indagou:

- O que você quer de nós?

A voz de robô respondeu com ironia:

- eu sabia que ‘1945’ não fora o bastante... – a jovem suspirou do outro lado da linha, um suspiro de quase desistência por ver que os governos insistem em só olhar pra si próprio e não para o povo. – nem preciso lembrar de ‘1914’ preciso? E tantas outras guerras menores que já causaram. - Soltem Zaki agora ou então...

Um líder que sempre vendeu a imagem de homem calmo e pacífico deixou sua expressão serena de lado, se levantou, apontou o dedo para a tela – num gesto que beirava o cômico - e disse:

- e que garantia nós temos de que você não vai colocar esses milhões de mortes nos nossos ombros?

- Qual a nossa garantia? – disparou o velho.

A voz de robô gargalhou do outro lado e então se calou.

Ficou seria.

Ficou serio.

- Garantia? Garantiaaa? - Vocês não têm garantia nenhuma e nem vão ter! Não comigo. Nem com Zaki. Não somos negociadores – a jovem era direta, ela sabia quem estava vencendo aquele jogo. - A ordem é: soltem Zaki e a opção que terão depois disso é... ‘me pegue se for capaz’. Mas garantia não é uma opção que dou a vocês e nem é uma condição! Não há moeda de troca para vocês, pelo que fizeram e pelo que fazem...

Então começou a imitar o barulho do relógio, a voz robótica deixava a mensagem mais tensa.

- Tic tac, tic tac

- Só temos um probleminha - falou o líder de uma nação que sempre se achou ‘abençoada por Deus’. - Não sabemos se Zaki sobreviveu à Fera. Na mesa os velhos olhavam um para o outro com expressões sérias, o que tornava o momento de muito suspense, se eles achavam ter uma chance seria com Zaki vivo.

Do outro lado silêncio.

Mais silêncio.

Enquanto isso a inteligência pensou ter localizado a ligação, pensaram ter pego o hacker e quando refinaram suas buscas na ‘triangulação’ da localização, acharam que o suspeito estava dentro do pentágono. Sim 'o hacker' era mais esperto do que pensavam. Mais esperto que a inteligência americana. Mas, não, ela não estava lá.

A voz voltou um pouco menos confiante:

- Vocês já estavam mortos, agora se Zaki não estiver mais vivo... Renunciem imediatamente, todos vocês em suas respectivas nações ou então se matem, essa também é uma ótima opção, pois o primeiro ato, o verdadeiro, vai continuar. - Volto a ligar em 2 minutos e espero poder falar com Zaki... 2 minutos. – Desligou.

Do outro lado da linha ela derrubou moveis, quebrou uns souvenirs que estavam na mesinha ao lado, num quarto que parecia ser de um hotel bem longe do pentágono. Zaki não podia estar morto – pensava ela. - Não podia. Não devia.

DOIS minutos depois.

A chamada de vídeo estava muito ruim, mas era possível ver ao fundo Zaki, deitado em sua cela, já não havia ninguém ao seu lado – o infectado que fora colocado em sua cela já havia morrido. Zaki não se mexia e a distância que estavam filmando – da câmera do corredor, posta em frente à cela – não permitia cravar com certeza que o homem só estava dormindo, ou se estaria morto.

- Coloquem Zaki na linha, agoraaaaa! – Ou eu falo com ele ou então falarei com o ‘mundo’. – O que preferem? – intimou Heike.

Um soldado fardado com trajes do exército, usando luvas e mascara foi em direção à cela, primeiro chamou o detento pelo nome... nada!

O homem truculento e de expressão séria bateu com um objeto na grade da cela – temendo uma aproximação com o prisioneiro -, chamou o homem deitado; uma, duas, três vezes e nada.

Todos gelaram na sala do pentágono.

Apreensão.

Silêncio.

Heike, do outro lado, se segurava para não chorar. Ela queria demonstrar força sem lágrima. Ao menos por enquanto.

– Seu líder estaria morto?

- Se ele estivesse morto, ela teria forças para seguir ‘sozinha’ com o projeto O PRIMEIRO ATO?

O soldado destrancou a cela e bem devagar se aproximou do prisioneiro, suavemente se inclinou na direção do homem deitado para ‘despertá-lo’ de um possível sono ou confirmar sua morte...

Foi nesse momento que ‘a chamada de vídeo’ que conectava Heike ao pentágono e a prisão, caiu...

Continua!?

P.S.: Nessa obra de FICÇÃO muitos elementos são frutos da imaginação do autor, é claro - a trama em si, os líderes do mundo terem espalhado o vírus, e tantas outras particularidades. O vírus e a triste realidade das mortes e perdas irreparáveis infelizmente são reais – vivemos hoje uma pandemia. O autor espera de coração não ferir ninguém com esse romance – sabendo que tem a possibilidade de algum leitor ter sido de alguma forma vítima desse vírus que assola o mundo. Assim como existem diversos livros e filmes - arte - que suas histórias se colidem com nossas vidas, nesta obra apenas foi dado um ‘pano de fundo’ – a trama - ao que tem acontecido de verdade em nossos dias. Quando o autor da obra coloca os líderes do mundo se reunindo e soltando a ‘Fera’ para garantirem suas ‘continuidades ou atingirem objetivos particulares’, o autor os ‘culpa’ na verdade, pelo fato de não se empenharem em primeiro lugar pela saúde; paz e segurança dos povos. Todos sabem que os interesses de muitas nações são em primeiro lugar; melhorar seu status perante outras nações... Armamento bélico e melhores números de economia... INVERSÃO DE VALORES – no olhar do autor! Por isso os ‘líderes do mundo’ ganham nessa obra o papel de Vilões. Em nosso país, por exemplo, durante a pandemia ‘descobrimos’ o quanto de investimento imediato em alguns equipamentos hospitalares foi disponibilizado, isso em questão de dias... O quão rápido foram as construções de hospitais de campanha, deixando-nos a sonhar com estruturas sólidas hospitalares permanentes... Recursos para pessoas carentes... Mas também vimos mais uma vez em nosso país, reinar o interesse pessoal e a ganância pelo poder – INTERESSES PESSOAIS GRITARAM AOS QUATRO CANTOS DA NAÇÃO! Uns eram ‘extremistas e radicais’ para um lado: ‘todo mundo na rua’. Outros eram ‘extremistas e radicais’ para o outro lado: ‘todo mundo trancado’... dependia do interesse – unilateral! Dependia dos bastidores – aqueles mesmo que nunca sabemos ao certo! Em um país onde a corrupção ainda faz morada, desconfiamos até mesmo dos números – e não da veracidade - dessa doença... mas, sim, dos números dela. Infelizmente.

(Deixando de lado a ficção; o autor espera que os leitores fiquem bem e se cuidem. Mantenham-se sempre vigilantes e sábios).

Lembrem-se: Em tudo aprendemos!

Saudações

Instagram @anderson_horizonte

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Anderson horizonte da silva (Abril de 2020)