Memórias do planeta Terra
Camaragibe, 27/04/2020
Imagem: acervo próprio
Eu sou um planeta minúsculo perdido no meio de milhões de outros. Milhões não. Bilhões. Trilhões. Me chamo Terra. Fui o planeta escolhido para abrigar a espécie chamada humana. Um povo que eu vi nascer e evoluir.
Evoluir?... Depende do ponto de vista!
Durante milhares de anos, vi todas as mudanças pelas quais essa espécie passou. Deixaram de andar curvados e se tornaram eretos. Erectus. Dominaram o fogo, de quem morriam de medo, porque acreditavam ser um deus enfurecido. Aprenderam a usar as mãos na fabricação de ferramentas. Aprenderam a falar. Construíram a roda. Passaram a plantar e armazenar os alimentos em silos, deixando de ser nômades.
Eu dei todas as condições para esse povo viver. Meu solo para que plantassem. Os animais para que deles se alimentassem e para que os domesticassem, permitindo que usufruíssem do leite e dos ovos. Ofereci-lhes minhas belezas naturais para que admirassem.
Com o passar dos milhares de anos, esse povo mudou o seu comportamento. À medida que foram evoluindo, passaram a me destruir incessantemente. Minhas riquezas foram pilhadas, extraídas, arrancadas.
Os humanos ficaram egoístas, materialistas só se preocupando em enriquecer, ganhar dinheiro.
Ninguém mais parava para admirar minhas riquezas naturais. Ninguém mais me agradecia pelo alimento que eu oferecia. Tornaram-se ingratos. Maus.
Minhas árvores foram destruídas. Florestas inteiras. Desmatadas ou queimadas.
Meus animais foram enjaulados e expostos nos zoológicos. Outros, imensos como os elefantes, foram abatidos apenas por causa dos seus dentes de marfim, que valiam muito dinheiro. Outros sofriam maus tratos nos circos para divertirem os humanos. Os pássaros foram presos em minúsculas gaiolas. Ficavam estressados, pedindo socorro, com seus músculos doloridos e atrofiados.
Meu solo foi envenenado com produtos químicos e tóxicos e em muitos locais, virou um deserto. Minhas águas também foram poluídas e envenenadas.
A minha amada natureza perdeu o encanto e eu entristeci, fiquei deprimido, desolado. Não aguentava mais viver daquele jeito, sendo atacado por todos os lados, destruído, destroçado.
As pessoas só pensavam em trabalhar e juntar dinheiro. Toda aquela ingratidão estava me matando... Para onde eu olhava só via maldade...
Então, aconteceu o inesperado. Algo minúsculo, que ninguém conseguia enxergar, microscópico, apareceu e causou um desastre tremendo.
Desastre?... Depende do ponto de vista!
Começou na China, no final do ano de 2019 e rapidamente se espalhou pelo mundo. Numa velocidade jamais vista. Em pouco mais de quatro meses, as pessoas estavam contaminadas. Era um vírus letal. Muitas pessoas morreram. Principalmente pessoas idosas.
Evoluir?... Depende do ponto de vista!
Durante milhares de anos, vi todas as mudanças pelas quais essa espécie passou. Deixaram de andar curvados e se tornaram eretos. Erectus. Dominaram o fogo, de quem morriam de medo, porque acreditavam ser um deus enfurecido. Aprenderam a usar as mãos na fabricação de ferramentas. Aprenderam a falar. Construíram a roda. Passaram a plantar e armazenar os alimentos em silos, deixando de ser nômades.
Eu dei todas as condições para esse povo viver. Meu solo para que plantassem. Os animais para que deles se alimentassem e para que os domesticassem, permitindo que usufruíssem do leite e dos ovos. Ofereci-lhes minhas belezas naturais para que admirassem.
Com o passar dos milhares de anos, esse povo mudou o seu comportamento. À medida que foram evoluindo, passaram a me destruir incessantemente. Minhas riquezas foram pilhadas, extraídas, arrancadas.
Os humanos ficaram egoístas, materialistas só se preocupando em enriquecer, ganhar dinheiro.
Ninguém mais parava para admirar minhas riquezas naturais. Ninguém mais me agradecia pelo alimento que eu oferecia. Tornaram-se ingratos. Maus.
Minhas árvores foram destruídas. Florestas inteiras. Desmatadas ou queimadas.
Meus animais foram enjaulados e expostos nos zoológicos. Outros, imensos como os elefantes, foram abatidos apenas por causa dos seus dentes de marfim, que valiam muito dinheiro. Outros sofriam maus tratos nos circos para divertirem os humanos. Os pássaros foram presos em minúsculas gaiolas. Ficavam estressados, pedindo socorro, com seus músculos doloridos e atrofiados.
Meu solo foi envenenado com produtos químicos e tóxicos e em muitos locais, virou um deserto. Minhas águas também foram poluídas e envenenadas.
A minha amada natureza perdeu o encanto e eu entristeci, fiquei deprimido, desolado. Não aguentava mais viver daquele jeito, sendo atacado por todos os lados, destruído, destroçado.
As pessoas só pensavam em trabalhar e juntar dinheiro. Toda aquela ingratidão estava me matando... Para onde eu olhava só via maldade...
Então, aconteceu o inesperado. Algo minúsculo, que ninguém conseguia enxergar, microscópico, apareceu e causou um desastre tremendo.
Desastre?... Depende do ponto de vista!
Começou na China, no final do ano de 2019 e rapidamente se espalhou pelo mundo. Numa velocidade jamais vista. Em pouco mais de quatro meses, as pessoas estavam contaminadas. Era um vírus letal. Muitas pessoas morreram. Principalmente pessoas idosas.
Para que o vírus não se espalhasse tão rapidamente, a ordem era ficar em casa.
Então, aconteceu o impensável: o planeta parou. O comércio teve que fechar suas portas. Apenas o essencial tinha permissão para funcionar. As escolas pararam. Shoppings, cinemas, teatros, tudo parado. Porém, o mais importante, o que ninguém esperava, o que ninguém sequer suspeitava, aconteceu... Enquanto a maioria da população estava em casa, eu comecei a respirar, a me recuperar de toda a maldade sofrida. Meu céu ficou mais visível. Meus animais puderam sair dos seus esconderijos e andar livremente pelas ruas. Minhas plantas floriram. Em todas as partes eu passei a me reconstruir. Voltei a ser feliz!
Quanto aos humanos. Se reconciliaram comigo. Aprenderam que eu estou começando a reagir contra os ataques que me fazem.
Se fui eu que espalhei esse vírus por aí?
A resposta fica por conta de vocês...
Então, aconteceu o impensável: o planeta parou. O comércio teve que fechar suas portas. Apenas o essencial tinha permissão para funcionar. As escolas pararam. Shoppings, cinemas, teatros, tudo parado. Porém, o mais importante, o que ninguém esperava, o que ninguém sequer suspeitava, aconteceu... Enquanto a maioria da população estava em casa, eu comecei a respirar, a me recuperar de toda a maldade sofrida. Meu céu ficou mais visível. Meus animais puderam sair dos seus esconderijos e andar livremente pelas ruas. Minhas plantas floriram. Em todas as partes eu passei a me reconstruir. Voltei a ser feliz!
Quanto aos humanos. Se reconciliaram comigo. Aprenderam que eu estou começando a reagir contra os ataques que me fazem.
Se fui eu que espalhei esse vírus por aí?
A resposta fica por conta de vocês...
Camaragibe, 27/04/2020
Imagem: acervo próprio