MEDO DE PRAGA - PARTE II
Minha AMIGA sempre observou que as pessoas aprontam falcatruas, logo se envolvem por conta própria em trapalhadas, nas estórias de terror humano, consequências penosas, e depois dizem que foi praga. Castigo não é no inferno e sim aqui mesmo, consequências pesadas. As notícias chegam... e ELA se vangloria com as estórias posteriores - não é a única pessoa no mundo que não merece molecagens individuais, muitas vezes complôs coletivos, e depois bastante se diverte com o "castigo" alheio...
Uma deve até hoje, oito anos, o empréstimo (?) de 1.000 reais para bufê de casamento - algumas poucas desculpas por escrito do atraso na devolução (implorara com falsa humildade e choro ao telefone), posteriormente diversos e-mails debochados e agressivos, que minha AMIGA arquivou: confissão de pedir o dinheiro por dias, entre uma quarta-feira e uma segunda. Consta que desde o início apanha do marido - agressões físicas e psicológicas humilhantes, desculpas esfarrapadas ao parentesco: "Escorreguei numa casca de banana" - nanica? // Outra, roubos discretos na hora da faxina, objetos miúdos por dentro da camiseta, só percebidas as ausências dias depois. Não existe "Sumiu!" e sim roubaram (na gramática, sujeito indefinido - quem foi?). Querendo bancar independência sem trabalho algum, num desafio à mãe foi morar com o namorado... e uma geladeira vazia. Houve quem colaborasse e desse cama usada, colchonetes, cobertor, canecas... a mal-agradecida 'traduzindo' como "obrigação de doar". Tempo curto passou, fase do enjoo amoroso, junta-separa-junta-separa, tempo de fabricarem uma criança e cada um voltou para o 'colo' da respectiva genitora (aprendi ironia com MACHADO DE ASSIS que conjugava mal o verbo "amar" de personagens). // A terceira roubara um conjunto de louça antiga que minha AMIGA possuía há mais de 70 anos e doara e um parente (aquele ingênuo bonzinho que perdoa todo malfeitor) em cuja casa a pilantra era cozinheira. Tremeu e gaguejou quando minha AMIGA viu na casa só o pratinho de vidro fino cor de rosa e perguntou pela garrafinha... eternamente desaparecida. Como minha mãe sempre disse, "Quem não deve, não treme"... Castigo - marido inventara uma doença crônica, nunca trabalhou em nada no espaço de mais de dez anos, fulana agora demitida por conta do providencial corona.
Não. Praga nenhuma. Juízo e bom caráter ausentes, molecagem e má fá presentes. Apenas isto.
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NOTA DO AUTOR:
"Chiquita bacana" (...se veste com uma casca de banana nanica...), música de carnaval, 1948, gravada por EMILINHA BORBA - primeiro lugar nas paradas da época.
F I M