Ele é bebida fraca... será?

Quem sabe até que profundidade sua alma de jovem sonhador alcança? O jovem-velho, que agora encontra-se viajando na luz das primeiras estrelas que aparecem depois do por do sol, aquele morrer que não significa fim, apenas um novo começo (e para algo começar, algo precisa terminar primeiro). Quando nos tornamos adultos, algo feliz se perde no processo e esse não é um fim, é apenas um por do sol dentro da gente.

Há gente boa pra ser degustada. Gente que é pouca, que é leve, que requer paciência e suavidade no mastigar.

Há gente boa pra ser devorada. Gente muita, que exige voracidade, requer rapidez, tem necessidade de ser absorvida, seja em ideias, em voz ou em carne.

Ele é os dois. Ele é gente que é leve e densa, que é feroz e mansa. Que é bom de ser desfrutado, que olha pra gente e com o olhar passa a mensagem "deguste-me, mas mergulhe também" Um garoto que faz de tudo pra desvendar os segredos do universo e mais que isso: tem coragem de mergulhar na própria alma. Tem a audácia de admitir que assim como as estrelas, também morre e que talvez um dia ele seja como as estrelas: a lembrança brilhante de algo que foi. E se for assim, talvez seja melhor deixar com as pessoas a lembrança de alguém que foi feliz apesar do medo. A felicidade às vezes, dá medo...

E agora, ele que se acha bebida fraca, nem imagina que essas são as melhores, que matam a sede sem causar um estado de embriaguez. Ele faz feliz sem forçar nada, é apenas seu jeito que ele está tentando perder (às vezes, é doloroso ser uma alma sensível vagando por aí).

Gisely Sanctus
Enviado por Gisely Sanctus em 06/04/2020
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