Na noite - O veneno do despertar
A alguns anos atrás eu era como as pessoas comuns, e não sabia o que havia ao meu redor. Quem me dera saber o que o destino me reservava!
Foi então que tudo começou a mudar, as pessoas ao meu redor, tudo foi se tornando insuportável, nada mais tinha sentido, eu não queria continuar a viver daquela forma, e eu me vi frente a um ser, uma força, que nunca antes vira, a mesma força que fez com que aqueles que viviam no Éden, vissem a verdade ao seu redor.
Eu estava predestinado a chegar até ali, e frente aquela força, nada mais havia a fazer, esta força é a serpente do Éden, sua mordida é dolorosa e ela injeta em você o veneno do despertar, só após receber este veneno você verdadeiramente abre os seus olhos, e torna-se capaz de ver no mundo a verdade para além da verdade, a causa pela qual o homem foi banido do paraíso.
Naquele momento fui precipitado nas sombras, para onde todos vão ao despertar. Mas devido ao cominho que trilhei por toda a minha vida,eu estava só. O veneno corria em minhas veias e não havia ninguém para me ajudar ou explicar o que estava acontecendo, enquanto ele agia a dor foi grande, a dor dos que estão a beira do rio aqueronte e são atacados pelas vespas infernais.
Como não havia ninguém que me ajudasse, que ensinasse como me defender, o veneno foi consumindo minha alma, então eu me senti como se alguém próximo merresse, porém quem morria, é uma dor incomensuravel a dor da queda, naquele instante o sopro de Deus me deixou, minha alma foi condenada, enfim eu terminava de cair, estava sozinho e sem esperança vagando pelo limbo.
Compreendi que daquele momento em diante, eu viveria entre o nosso plano e o plano astral, que haveriam batalhas a lutar e por isso eu precisava naquele momento, escolher um modo de conduta que me daria uma espécie de “armadura espiritual”. Devido ao modo como eu me encontrava, decidi continuar sozinho, na verdade até com um certo desprezo pela humanidade e anti-social, isso me levou a usar a “couraça da solidão”, que cobre tudo o ser, protegendo mais dos ataques, mas também impede que os outros se aproximem o suficiente para toca-lo. Havia também escolhido não me entregar a nenhum dos opostos, tentando me manter em equilíbrio entre luz e trevas, mas foi como se eu fosse separado em dois e eles lutavam constantemente dentro de mim para assumir o controle, isso predizia novos estágios de queda.
Eu estava condenado. Perdido no escuro, sem permitir que qualquer um chegasse perto de mim, atacando e destruindo tudo que surgia a minha frente, feri e destrui muitos de quem gostava antes de cair e muitos que poderiam vir a ser amigos, tudo isso só gerou mais dor, ódio e desprezo, e fui caindo cada vez mais fundo. Minha alma cada vez mais perdida, mais escura e sem o perdão pelos pecados, iniciava-se aí uma fase terrível.