OU ISTO OU AQUILO

Rio de Janeiro, 1986. Contrato da prefeitura, professora de português no Primeiro Grau (hoje Ensino Fundamental), longe de casa, dois ônibus urbanos. Uma possuía carro, economia de tempo, meia carona e agora apenas um ônibus para casa. A moça exaltava habilidades do marido, usava palavras técnicas e a ouvinte não conseguia entender inteiramente. "Escultor?" "Mais ou menos..." Uma tarde, pararam na oficina de esculturas de mármore branco para sepulcros granfinos. ELA viu o que lhe pareceu um boneco inacabado - recebeu em mão a estatueta. Traje camisolão, figura humana, sendo que: metade esquerda (por ser lado do coração?), um anjo com pequena asa; metade direita, um diabinho com pequeno chifre e pequeno rabo. Alguma seita? "Não. Personalidade de bom marido e ao mesmo tempo galinhento sem-vergonha: 'cantava' toda a vizinhança feminina, geralmente bem sucedido... Chamava uma delas de "Ratinha". Morreu bem moço. Motel, um copo com mistura de suco de abacaxi e cianureto. Autora nunca identificada".

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Eu, hein? Cruz credo. Direi cautelosamente "Gatinha", "Coelhinha", "Raposinha", "Borboletinha", "Colibrisinha"...............

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NOTAS DO AUTOR:

Poema "Ou isto ou aquilo", de CECÍLIA MEIRELES, 1964. // Pesquisem: "O rato da cidade e o rato do campo", fábula clássica de ESOPO / "Ratinha da cidade, ratinho do campo", de Libby Walden --- ambos, procura de lugar ideal nesse mundão enorme. // Rato - transmissão de até 55 doenças aos humanos (convívio há mais de 10.000 anos), sendo leptospirose a mais perigosa; terrível, mais vítimas fatais ao longo da história, a peste bubônica, pandemia, Europa medieval, segunda metade do século XIV. // Gíria - Rato de esgoto - significado: pessoa muito esperta, rápida de pensamento, que conhece o macete (dica, manha, técnica) das coisas.

F I M