ESTÓRIAS CARIOCAS ACRONOLÓGICAS - PARTE XV
Ainda vivo na memória de gente mais antiga. ----- Enseada de Botafogo, um dos cartões postais (bom, cartolina paisagística fora de uso e mesmo o correio anda escasso: agências e carteiros...) do Rio de Janeiro. Ah, no início do século XX! O país recém-saído da Monarquia, fralda e andar engatinhoso no regime republicano, população de cerca de 18 milhões de habitantes (90 só numa futuríssima Copa do Mundo), Rio-capital em torno (ainda...) de 750 mil habitantes, mudança do sistema político se refletindo na vida do brasileiro das grandes cidades - ingresso na economia capitalista e organização social mais liberal, condizente com a nova realidade, os 'novos ares'. Obras e mudanças urbanísticas, dentre elas o Pavilhão Mourisco, palacete edificado com contornos neopersas, na paisagem do tradicional bairro de Botafogo que acabara de ganhar uma orla de circulação, a avenida Beira-Mar. De restaurante da moda em 1907 a instituto militar de treinamento de soldados até 1949, pavilhão demolido em 1952 para dar abertura ao Tunel do Pasmado (nas proximidades, erguido um centro empresarial em 1990). --- As primeiras administrações da República buscavam a modernidade, vinculando o novo regime à ideia de progresso, mesmo que mudanças apenas de fachada e contradições sociais empurradas para baixo do tapete /falsa faxina/... oposição ao atraso (???) econômico e social da Monarquia (sim, cada 'novo' quer se mostrar superior a quem o precedeu... publicidade eterna, verdadeira ou não). --- No Rio, principalmente renovação no centro da cidade e nos bairros de classes média e alta da zona sul, em reformas abrangentes, banindo das principais áreas as classes menos favorecidas, que seriam "símbolos" do atraso imperial escravocrata. --- Um dos expoentes dessa onda reformadora foi o prefeito Pereira Passos, administrador entre 1903 e 1907, que baniu com os cortiços e abriu a Avenida Central (hoje Rio Branco), dando ares parisienses à então capital federal.
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FONTE:
"A queda do Palácio de Ferro" - Rio, SME, revista NÓS DA ESCOLA, ano 4, 40/06.
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