A história de um jardim
Era uma vez, num tempo em que todas as flores de um jardim eram brancas. Havia flores de todos os tamanhos, inclusive, uns pequeninos botões em forma de coraçõezinhos. E brancos. Brancos do broto até quando as florezinhas se abriam ao raiar do sol. Ali, todas as flores reinavam por entre o verdor da folhagem no jardim, que ficava ao lado de uma casa, na visão do pôr-do-sol.
Pássaros dos mais variados vinham a este lugar. Foi nele que sabiás fizeram ninhos. Também era ali que bem-te-vis cantavam sempre felizes. Tudo era harmonia e serenidade.
Mas um dia, sem se saber como, as folhas das plantas ficaram amareladas e começaram a cair. Com isso, os galhos ficaram fracos e as flores não brotaram.
Observou-se que a terra era também ressequida. O calor, que antes havia apenas na casa, impiedosamente, agora castigava também cada canto do jardim. Então, as árvores ficaram tristes. Como suportar a ausência das folhas e flores? E os pássaros? Por onde seus belos cantos se espalhavam?
E vieram manhãs e tardes sufocantes de calor. Apenas pelo início das madrugadas podia-se sentir que o jardim ganhava um alento - Era o orvalho da noite caindo e refrescando as sofridas plantas.
Houve dias em que se pensou que todo o jardim morreria. Foi um dia em que antes do sol se pôr, ele esquentou tanto que o entardecer parecia ter fumaça nas nuvens. Julgou-se (por costume desta prática nas roças locais) que eram tempos de queimadas e que a cor das nuvens fosse o resultado de algum fogo.
E, de repente, o céu escureceu. As nuvens pareciam chorar água por todos os poros. E com o torrão de água decorreram ventos, que jogavam os galhos do jardim contra a parede da casa. E as árvores, fracas e desfolhadas, sentiram-se castigadas pela chuva torrencial e pelos ventos fortes.
Felizmente tudo foi rápido. Não passaram minutos. E a noite seguiu tranquila.
Ah, o amanhecer! Como o jardim, embora com alguns galhos de suas árvores quebrados, parecia querer renascer!
E reviveu! Pois outras chuvas vieram e com outros ventos. Não foram tempestades. Ao contrário, foram chuvas leves e de brisas agradáveis.
E num belo dia, ainda era tempo de chuvas, surgiram novas plantas e com flores de outras cores. E o jardim ganhou mais vida, mais luminosidade – tons vermelhos, amarelos, lilás e outros mais. Houve festa de canções de pássaros e voos de abelhas e borboletas. Ah, sol ou chuva, a vida tem notícias novas sempre.
A cor de uma flor
Faz a manhã ter mais vida,
Embora sem sol