167 - Cento e Sessenta e Sete

O professor parecia recordar tudo o que até ali tinha aprendido. As aulas dele eram maravilhosas não só porque todas as palavras eram diferentes como por se carregarem de magia à medida que falava. Apresentou-lhes a linha logo no primeiro dia. Explicou a ductilidade, o sentido, a estrutura, a suavidade, a força que em si trazia. A seguir fê-los conhecer a mancha, as potencialidades, limites, funções e logo depois falou em cor, transparência, opacidade, leveza, textura. Quando cada um começou percebeu que o talento é a emoção de agarrar o tema e dá-lo como essência. Não importa o rigor do real, a perfeição académica dos registos, a dureza que prendia ao desenho e à pintura o que deveria estar livre e voar nos espíritos que vissem e ver, disse, é saber onde está e como é a verdade íntima de cada coisa. Partiam todos da emoção e muitos chegavam ao lugar onde cada um se regenera.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 17/02/2020
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