ROUBO (disfarçado) OU "...O VENTO LEVOU?" - PARTE II
Vejam se são fatos naturais.
1---ELA fez aniversário, vago friozinho outonal, e ofereceu um lauto café da manhã (pessoal não acostumado a geleia, gongorzola, sucos incomuns)... não a amigos leais, mas a quem estivesse por acaso no ambiente religioso, num regular horário bem antes do almoço. Ainda não doara o conjunto de louça inglesa antiga, dispôs o chocolate quente, cada um pegou sua xícara e em minutos um dos pseudos convivas colocou as mãos para trás. Flagrado pela dona da casa, alegou que iria "levar aquela 'xicra' de lembrança" - bronca em voz alta, xícara retomada. ('Lembrança', pouco anos depois, consequências de um "H" na certidão de óbito.)
2---Precisava apertar ou desapertar um único parafusinho, comprou às pressas um kit transparente com duas chaves de fenda; usou, guardou. Tempos depois, um enrolão visitante pediu por empréstimo, usar na casa da frente - devolução demorada. ELA pediu de volta o par de chaves e ouviu que "não eram dela": tamanhos diferentes. Só então reparou diferença mínima talvez de 1 centímetro. O vigarista tentou justificar que tudo ali pertencia ao dono da outra casa, Pai Alvinho. "Tudo?" "É, sim, tudo aqui." Respondeu rapidinho: "Até a tua mulher?" Chaves devolvidas de imediato.
3---O garoto aprontara pesado agora numa quarta escola do ensino fundamental, encaminhado ao Conselho Tutelar, mãe relapsa tendo que acompanhá-lo mensalmente. ELA, minha AMIGA (leitor já sabe...), secretariava um ensino fundamental municipal pela manhã e um médio estadual à noite /acumulação permitida/. Mãe pediu a ELA que fizesse uma declaração do menor como aluno do ensino médio; ora, nem idade nem intelectualidade e ninguém cursa mezzo a mezzo (comedor de pizza???) escolas diferentes ao mesmo tempo. E certificado de secretária escolar para... falsificar documentos? Claro que não. Ih, a tal mãe ficou zangada. // E ainda mandou um estranho que se expressava mal, pedir uma declaração pois queria passar a gerente onde trabalhava. Não a conhecia, afirmou... e neste caso, como adivinhou que ELA trabalhava em escola? Levou um fora pesado.
4---ELA somente identificava serem todos pessoas do ambiente religioso pelos trajes brancos e colares de contas coloridas. Vinham um-uma, uns-umas..."A senhora pode pagar a entrada do meu apartamento?" "Eu quero comprar um carrão moderno........." (Na verdade, ELA identifica marcas de carro como "fusca tartaruguento" ou "carro preto grande", mesmo que a cor seja outra.) "Filmar o mei casamento..." "Quero conhecer A Espanha..." E por aí vários absurdos pedidos negados, uns trinta. Descobriu que uma pilantra local inventara /muito antes de certa novela/ que minha AMIGA era dona de uma "fábrica" (mina) de esmeraldas......... Pensou, pensou, tentou lembrar folhetos turísticos certinhos, não sabe nem onde nem se errou: "Não, nada disso. Se eu fosse rica, iria residir na praça Vendôme /dedos cruzados nas costas/, em frente ao Café de Flore, onde os existencialistas se reuniam nos tempos da II GM /não entenderam nada/... Ah, Paris." Nunca mais ninguém veio pedir extravagâncias.
F I M