Às vezes, a desobediência faz a imprudência.
No bar da esquina da praça do Jaú, o senhor João do copo, como era conhecido, estava bebendo com os seus amigos, Toninho do vinho e José do café, sob a chuva fina do carnaval, que tendia a engrossar. E no compasso do ir e vir do bate papo, entre uma buchudinha e outra como eles mesmos nomearam a cachaça, João do copo, que estava de bicicleta, depois de muito tempo na esquina da praça a bebericar e a jogar conversa fora resolveu ir embora.
Acontece que os amigos de bar sempre interpelam… pra bem ou pra mal. E com João não foi diferente, por isso o seu Antônio falou:
- meu caro amigo João, não vá assim. Deixe essa bicicleta e amanhã o Raimundão, dono do bar, entregará a você.
Mas João teimoso explicou:
- Não meus amigos nela vou mais rápido.
Toninho também se expressou:
- rapaz, tu estás bêbedo; mal te aguentas em pé. Obedece, deixa essa bicicleta e amanhã tu vens recebe-la. Deixa de tolice.
No entanto, João áspero e alto retrucou:
-Rapazes… Vocês tão querendo me agoira.
Ai do bar Raimundão falou:
-Deixem. Deixem ele ir. O homem quer, então deixe. Pois se conselho fosse bom, a gente não dava, vendia.
De modo, que João pegou a sua Caíca e se foi… Entrou na Angustura cambaleando, com a cabeça rodando, mal enxergava naquela rua mal iluminada e com a noite chuvosa a visibilidade e a maestria da direção ficava bastante debilitada.
Entrando imprudentemente na avenida Pedro Àlvares Cabral, não reparou que na ciclovia vinha alguém, que desviou para um lado, mas na direção trôpega de João as coisas se complicaram quando ele desgovernadamente rumou para o mesmo lado, em que o outro ciclista direcionou a sua bicicleta ocasionando o choque inevitável, que o deixou no chão desacordado.
No alvoroço da situação uns transeuntes providenciaram a ligação para a ambulância, que fez os primeiros socorros.
Quando João acordou estava no hospital com fratura na clavícula, escoriações pelo corpo e de quebra um traumatismo craniano e só não morreu mesmo porque segundo a tese dos seus amigos de bar, que foram visita-lo era de que não era o dia.
Da esposa foi o seguinte:
- Tudo porque, ele foi teimoso e imprudente.
Do médico foi assim:
- Se ele não tivesse sido atendido logo, eu estaria aqui lamentando e consolando vocês.
E a sua, olhando pra você que as vezes presencia ou participa de ações como essa, onde o bem mais precioso do mundo, nossa vida, é colocada em risco.