Os raios de sol penetravam pela fresta das cortinas do quarto de Heidy, certeza de mais um dia sem nuvens no augúrio das monções de primavera.
Além dos pilares de Hercules, na pequena ilha, o dia passava rápido para as crianças; eram muitos afazeres, dentre estudos observando os poderes da natureza.
Heidy, uma jovem filha do sacerdote, portadora uma sabedoria íntima, era a responsável pelos campos de flores que ficavam no templo dedicado a Posseidon, cercado por um muro de ouro, e todo enfeitado por jardins de amor-perfeito. Um dos lugares preferidos da menina, pois era onde entrava em perfeita harmonia com a Natureza, um lugar mágico.
O clima da ilha era excepcional, por conseqüência a agricultura era abundante e todos os moradores se compraziam em explorar as riquezas do seu reino, onde a abundância imperava.
Mesmo com o sol brilhando e a paisagem linda, Heidy sentia uma angústia indecifrável enquanto caminhava pelos campos de flores, para ela algo estava acontecendo de muito grave. E era fato, uma grande tormenta se aproximava da ilha, os moradores já assustados começavam a se recolher.
A tempestade ruidosa devastou em tons de tornado, nada sobrou, nem mesmo a alegria que Heidy continha em sua alma.
Ao ver a ilha e seus campos devastados a doce menina Heidy entrou numa tristeza profunda, nada a fazia mais sorrir, nada alegrava sua alma distante que repousava em campos de solidão.
Numa bela noite, mergulhada no escuro da sua tristeza, sozinha, já não ligando para mais nada, em sonhos começou a formar-se bem ao lado de onde ela estava uma luzinha muito fraca, e foi surgindo uma florzinha bem pequenina amarela de miolo marrom. Um anjo estava lá ofertando um presente divino; a vida de Heidy em forma de amor perfeito!
Mesmo com o templo em ruínas, os campos devastados, a menina pôs-se a animar com palavras sábias toda população da ilha, pedindo que todos também vivessem e que juntos, formando um grande elo, conseguiriam erguer o que se destruiu e que através do amor e união novamente a vida brotaria dos corações, semeada nos campos.
* Dedico este conto a minha irmã de coração.