NO PORTÃO DE CASA

Ela o conheceu no portão da sua casa, ele chegou um tanto meio sem graça e falou da fome que sentia, há três dias estava sem se alimentar. A mãe dela estava na garagem e logo que chamou uma das filhas para que trouxesse algo para aquele homem comer.

Estela logo se comoveu com sua situação e foi pedir que sua irmã Brisa preparassem dois pães reforçados e um copo com café para ele. No decorrer da espera ele contava um pouquinho da sua vida. Estela muito falante, já perguntou o nome dele e o escutou um pouco, ele falou dos seus pais que já não os tinha mais, também de uma irmã, do seu casamento que não existia mais. Recebeu os alimentos e foi embora.

Aquela família nunca o esqueceu.

Certo dia, Estela o encontra sentado no banco de um terminal de ônibus, e aproximou-se dele.

_ Bom dia, tudo bem? _Bom dia, responde Augusto e com um gesto responde com a cabeça que não estava bem.

_ Você é o Augusto, sim?

Ele responde um tanto surpreso: sim sou o Augusto, mas de onde você me conhece?

_Ah, um dia você foi lá em casa.

_ Já sei, fui pedir comida e vocês me deram dois pães muito gostosos e um copo de café.

_Sim, respondeu Estela e acrescentou, desde então você não saiu mais da nossa lembrança, minha mãe reza todos os dias por você.

_Ficaram preocupadas com minha situação?

_Sim, respondeu.

O ônibus de Estela chega e ela se despede dele rapidamente e fala: _ Depois a gente conversa.

Ao anoitecer, ela chega ao terminal e ele está lá quase no mesmo lugar, como a esperar por aquela desconhecida, que certamente o chamou a atenção sua curiosidade.

Conversaram mais um pouco, ela o pagou um lanche e um café e disse que ia ficar trazendo o seu café da manhã.

Um dia ela não o encontrou e ficou muito preocupada, depois descobriu que ele estava internado com pneumonia.

Sempre que vai ou volta ao trabalho, Estela o procura, prometeu que não ia fugir dele.

Claro que Augusto não acreditou muito, tantas outras pessoas se aproximaram e depois sumiram. Mas ela tem o procurado constantemente, deu seu número de telefone e sempre quer saber como estar.

Estela é professora, aparentemente dura, muito razão, mas muito sensível cautelosamente. Nunca foi muito de dá esmolas, até parece fria diante de algumas situações, não se comove com pessoas que pedem expondo criança e assim as pessoas a veem como fria, mas analisa os fatos e expõe sua opinião a respeito.

Augusto aos poucos foi adquirindo confiança em Estela, às vezes está muito aflito envia-lhe mensagem e ela prontamente responde.

Ela fala dele para as pessoas com intuito de ajudá-lo, mas ninguém quer se envolver, afinal é um desconhecido.

Certo dia, Estela convence sua família que o deixe entrar e tomar um banho. Conseguiu roupas limpas e o convidou para ir buscar almoço em sua casa em um domingo.

Ele foi, mas não quis entrar, assustou-se com o convite e quase foi embora sem comer.

Depois explicou a situação da qual já havia passado há algum tempo.

Ela respeitou e compreendeu o seu medo.

Aos poucos foram criando um vínculo de amizades e Estela combinou para que ele fosse almoçar aos domingos em sua casa. Augusto foi ganhando a confiança de Estela e vice-versa.

Ele tinha medo de perder a amizade dela, porque sempre era isso que acontecia com ele, as pessoas se aproximavam, mas logo se afastavam.

Estela o prometeu que não faria como as outras pessoas, seria sua amiga.

_A não ser que você fuja de mim, mas não vou fugir de você.

Estela não se incomodou porque Augusto morava na rua para se tornar amiga dele. Ainda convenceu a sua família e juntos a amizade ficou mais forte. Todos se preocupam com a situação de Augusto.

_ Tudo que queremos é ver Augusto trabalhando e morando dignamente em uma casa. Diz Estela.

Marlene Rayo de Sol
Enviado por Marlene Rayo de Sol em 19/01/2020
Reeditado em 09/02/2020
Código do texto: T6845697
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