Fanfic - She-Ra e As Princesas do Poder - Lágrimas Sobre Etéria - Capítulo 2
Capítulo 2
Encontros
Ainda era começo de tarde em Etéria, quando Ventania e Adora sobrevoavam a Floresta do Sussurro. Adora parecia muito pensativa, fato que Ventania notou o forçando a perguntar:
— Está tudo bem, Adora?
— Sim — respondeu ela, sem parecer dar muita atenção a montaria mágica. — Todo mundo fica me perguntando isso. Eu estou aparentando ter algum problema?
— Desde que você chegou correndo pedindo uma carona até a cidadela... — Ventania soltou uma risada antes de continuar: — Sim, você está. Parece distante.
— Posso contar algo? Mas preciso que você mantenha em segredo. Não poderá contar nem para a Cintilante e nem para o Arqueiro.
— Claro, mas se eu precisar de ajuda com minha rebelião nos estábulos você terá que ajudar sem perguntar.
Adora acabou rindo e balançou a cabeça, aceitando os termos do Ventania.
— Eu tive um sonho estranho — começou a contar Adora, ficando corada ao se lembrar da parte do beijo. — Eu despertei em uma clareira e acabei encontrando a Felina...
— Então não foi um sonho, foi um pesadelo. O que ela fez com você no sonho? Aquela garota é pura maldade...
— Não foi um pesadelo. — A loira pensou um pouco e forçou um sorriso. — Pelo menos no começo. Ela parecia diferente no meu sonho. Ficamos conversando e eu tentei convencer ela a desistir de toda sua loucura ao lado da Horda, mas ela não quis, pois não queria acreditar em como eu podia não desistir dela, mesmo depois de tudo que ela fez...
— Como a destruição causada na Floresta do Sussurro.
Ao olhar para baixo, Adora notou que demoraria um bom tempo para a floresta se recuperar, pois haviam árvores caídas e muitas outras estavam secas e sem folhas.
— Mais uma para a lista da Felina — comentou a Adora, ficando desapontada. — No meu sonho... eu até conseguir convencer um pouco a Felina, depois de passar um bom tempo conversando com ela. — Ela ficou mais envergonhada que antes, olhando em volta como se alguém pudesse escutá-la fora o Ventania. — Eu acabei a beijando...
— O quê?! — O espanto de Ventania só serviu para constranger mais ainda sua amiga. — Beijou o rosto dela?! Ou foi a...
— Foi na boca! Eu amo ela! — Os gritos da Adora a deixou aliviada.
— Você tem certeza disso? Felina tentou te matar e ela é do mal...
— Por isso que eu quero conversar com ela na cidadela. — A Adora levou uma mão sobre o peito ao lado do coração. — Preciso tentar convencê-la a parar com toda essa loucura.
Ao chegarem à cidadela, Ventania pousou e Adora deu pulo de cima dele.
— Como pensa em encontrar ela aqui? — perguntou o cavalo.
— Não tenho certeza, mas depois do sonho eu vi esse lugar. — Adora passou uma mão sobre a parede da cidadela. — Tive uma sensação que encontraria Felina aqui.
— Acho que essa ideia é péssima, mas se você realmente a ama, não posso impedi-la. Você tem que tentar chegar até ela e fazê-la desistir da Horda... Quem sabe o amor não consegue convencê-la?
— Obrigada pelo apoio, mas preciso que você vá embora...
— Não! Não posso deixá-la sozinha com a Felina.
Adora notou que seu amigo estava muito preocupado.
— Não precisa se preocupar comigo, pois tenho minha espada e qualquer coisa eu grito por ajuda.
Relutante, Ventania saiu voando e gritou:
— Ficarei por perto!
Finalmente Adora se sentiu aliviada. Ela começou a examinar a parede da cidadela.
— Não vou entrar. Estou aqui pela Felina.
Adora notou que estava começando a esfriar, por isso ela foi atrás de madeira para fazer uma fogueira. Com facilidade, logo depois que juntou galhos suficientes, ela acendeu a fogueira.
— Se a Horda estiver me procurando, acabei de colocar um alvo em mim. — Ela começou a rir.
Já se havia passado algumas horas. Adora estava sentada ao lado da fogueira. Ela abraçou as pernas e deixou o rosto próximo aos joelhos. Ela estava tentando se proteger do frio e não conseguia relaxar, pois só conseguia pensar na Felina. Adora tentou comer um pouco de algumas frutas para passar o tempo, mas não deu muito certo, pois sua pequena refeição durou apenas alguns minutos. Depois ela achou melhor treinar um pouco, mas era difícil se concentrar por causa da Felina. Pensamentos conflitantes dominava sua mente.
— Que ideia mais estúpida, Adora — disse ela para sim mesma. — Na primeira visão que tem de um lugar acha que vai encontrar a Felina. Ou ela pode estar por aí preparando uma armadilha. — Ela se sentou e ficou segurando o cabo da espada, pois a possibilidade de uma armadilha era grande.
A noite estava começando, Adora já estava impaciente e já pensava em ir embora, se sentindo uma estúpida, mas no momento que ela iria se levantar escutou o som de alguém se aproximando.
— Oi, Adora. — Era impossível não reconhecer a voz da Felina, que saiu de entre algumas árvores.
— F-Felina! — Adora quase pulou de alegria.
— Que espécie de magia você usou em mim? — Felina ficou atrás de alguns galhos baixo, só deixando seu rosto à mostra. — É uma armadilha da Rebelião?
— Não! Eu pergunto o mesmo. Não está com sua nova amiga ou com soldados da Horda.
Felina riu em deboche.
— Não preciso deles para derrotar você...
— Nem com eles você conseguiu me vencer.
— Se não fosse a ajuda das outras princesas... com certeza teria a vencido.
— Para quê? Destruir todo o mundo para o Hordak?
— E conseguir chegar ao topo da Horda.
— Do que adiantaria destruir tudo? Não teria nada para comandar.
A ex-amiga da Adora acabou rindo.
— E isso importaria?
— Claro que sim.
— Continua querendo ser a heroína. Quero saber sobre a magia que você usou.
— Não usei magia. Até pensei que foi a Sombria...
— Sombria já está fora há bom tempo. — Felina não escondia a felicidade em contar sobre o fim da Sombria.
— Você não a matou...
— Ela recebeu novos aposentos na prisão da Horda.
— Vejo que sua loucura por poder está funcionando.
— Eu não entendo, é o que você queria também.
Adora pegou uma fruta em sua mochila e deu uma mordida.
— Quer um pouco. — Ao notar o semblante desconfiado da Felina, ela revelou: — Não está envenenada. Eu comi antes.
— Não quero.
— Eu só queria subir na Horda para podemos fazer o que você sempre quis; sair da Zona do Medo e ver todos os lugares que tem em Etéria. Juntas, como a promessa que eu fiz...
— Só que você acabou me abandonando.
— Eu sei, mas não é tão simples assim. Não quer se sentar aqui?
Novamente a Felina soltou uma risada de deboche.
— Depois de tudo o que eu fiz ainda confia em mim?
— Não confio, mas se você tivesse vindo para lutar, não estaríamos conversando.
— Talvez eu queira ganhar sua confiança para apunhalá-la pelas costas.
— Por que você tem que fazer isso?
— Por que você simplesmente não aceita que eu sou da Horda e desiste de mim?
Antes de responder, Adora respirou fundo:
— Não posso desistir de você. Mesmo depois de tudo que você fez e causou. Não de você.
— Continua sendo tola. Eu tentei te matar e você usou algum tipo de magia para me trazer aqui só para tentar me convencer a se unir ao seu lado.
Adora pegou um cantil e tomou um pouco de água.
— Não fui eu que fiz alguma magia. Acho que a mesma coisa que me trouxe aqui também fez o mesmo com você. É como se algo quisesse que a gente se entendesse...
— Você acredita que ainda podemos se dar bem? Depois de tudo o que eu fiz?
— Claro, ainda tenho esperanças sobre isso.
A Felina saiu de trás dos galhos, mas não se aproximou. Ela balançou a cabeça em negação.
— Tenho certeza que você fez uma lista com as coisas ruins que eu fiz a você...
— Sim, eu fiz — disse a Adora, sem esconder as risadas. — Me machucou, sequestrou meus novos amigos. — Ela ficou triste de repente ao se lembrar de algo. — Entrapta morreu...
— Ela não morreu — revelou a Felina, sem esconder sua expressão de orgulho.
— Como assim?! Você a mantem como prisioneira?! Por favor, deixe ela ir!
— Entrapta se uniu a Horda por vontade própria. Acho que é isso que acontece no momento que alguém é abandonado pelas pessoas mais próximas a ela. — A risada de deboche da Felina já deixou sua ex-amiga preparada para alguma provocação. — Você continua abandonando seus amigos, Adora.
— Eu pensei que ela tinha morrido. Posso falar com ela e convencê-la a voltar...
— Esqueça. Entrapta gostou da Horda. — Felina se aproximou um pouco mais e pegou em sua mochila um saco de algum tipo de ração militar, que pela expressão que ela fez o cheiro não era muito bom. — Você viu do que ela é capaz, não deveriam ter a censurado em seus experimentos...
— Quer dizer que o ocorrido em Etéria foi culpa dela? — perguntou a Adora, vendo a Felina comer um pouco da ração, mas não gostando e desistindo. — Tenho certeza que foi por causa da sua influência.
— Eu empurrei ela um pouco, mas o que ela se tornou já era parte dela...
— Não era! — Adora ficou irritada. — Até você foi influenciada...
— Eu?! influenciada?! Sombria foi o mais perto de uma mãe que eu já tive e você sabe muito bem como ela era abusiva comigo. O que você pensou que eu me tornaria?
— Desculpa.
Felina soltou um longo suspiro e acabou se sentando ao lado da Adora, que ficou surpresa e sentiu seu coração bater mais rápido, mas ela não sabia que o mesmo acontecia com a Felina.
— Acho que permanecer aqui apontando os erros um do outro não vai servir de nada. — Felina pegou a fruta na mochila da Adora. — De qualquer forma, não estamos aqui para lutar.
— Não estamos. Gostou da fruta?
A expressão da Felina já respondia.
— É bom. Só espero que não tenha nenhum tipo de magia aqui.
— Claro que não — revelou a Adora, vendo a Felina examinando a fruta. — Se você voltar a ser minha... — Só depois de pensar um pouco, Adora continuou: — Amiga. Posso mostrar tantas coisas que eu descobrir. Tantos lugares que eu conheci...
— Não consegue desistir de mim?
— Você também não.
— Claro que eu já desistir...
— Desistiu? Então quer dizer que você já gostou de mim?
— Não! — Felina ficou corada, era um momento raro para a Adora.
A Adora se jogou no chão de costas e ficou observando as estrelas, enquanto a Felina apenas abraçou as pernas.
— Não acha estranho? — perguntou a loira. — Estamos aqui conversando, mas antes estávamos quase se matando. Fico pensando onde estaríamos se não fosse a She-Ra e a Horda?
— Está pensando em desistir de sua luta contra a Horda e da She-Ra?
— Claro que não! Eu quero ajudar as pessoas e protegê-las... Até mesmo você, apesar que eu preciso protegê-la de você mesmo na maioria das vezes.
Para a surpresa da Adora, Felina acabou rindo da pequena provocação da ex-amiga.
— Com certeza logo estaremos lutando novamente — lamentou a Felina.
— Não precisa ser assim...
— Podemos fugir juntas...
— Sério?! Está pensando em fugir comigo?!
A Felina forçou um sorriso.
— Estou brincando.
— Acho que deveríamos ter feito isso anos atrás...
— E perder a chance de ter maravilhosas conversas como esta.
Adora acabou rindo.
— Quer saber como eu conheci a Cintilante e o Arqueiro?
— Dizer que não vai adiantar?
A ex-amiga da Felina contava suas aventuras e a Felina fingia não prestar atenção, pois ela estava escutando tudo e não parava de observar a Adora. Ela ficou fitando os lábios da loira, que não parava de falar e sorrir. Beija ela que ela fica calada, pensou a Felina sacudindo a cabeça em negação.
— Falei algo que você não gostou? — perguntou a Adora.
— Não. — Felina se deitou de costas ao lado da Adora. — Acho que se você consegue baixar sua guarda dessa forma, eu também posso.
— Se fosse uma armadilha seria a armadilha mais lenta de todas.
As duas acabaram rindo.
— Pode continuar a contar sua história. Estava na parte do cavalo esquisito.
— Pensei que você não estava prestando atenção.
— Claro que estou. Não tenho muitos lugares para ir agora.
Adora deu uma cotovelada no braço da Felina, que riu e fez o mesmo. Logo Adora voltou a contar suas aventuras, em que a Felina fazia questão de contar o que ela estava aprontando para derrotá-la naqueles momentos, mas isso não causava mais mágoas e sim risadas. Depois de algumas horas, Adora acabou dormindo.
— Como seria fácil — sussurrou a Felina, fitando o rosto da Adora, que parecia dormir de forma tão serena. — Acabaria com a guerra e com a She-Ra. — Felina aproximou suas unhas do pescoço da Adora e ficou pensando. — Não posso. — Ela desistiu e apenas acariciou os cabelos loiros da Adora, que pareceu ter sorrido.
A luz do dia fez a Adora despertar. Ela estava muito feliz, se espreguiçou esticando os braços e se sentou, ao abrir os olhos notou que a Felina já tinha ido embora, o que a deixou um pouco triste, mas não se abalou, pois tinha conseguido conversar com a Felina por quase toda a noite. Para ela era um sinal que poderia convencer a Felina a se unir a ela e as duas poderiam ficarem juntas. Os últimos pensamentos da Adora fizeram ela ficar corada.
— Ventania! — gritou ela, sem esconder a felicidade. — Ventania!
Logo a montaria alada apareceu, enquanto a Adora se levantou e terminou de pegar os que tinha sobrado de seus suprimentos.
— Ela apareceu? — perguntou Ventania, pisoteando as cinzas da fogueira para apagar qualquer fogo que sobrou.
— Sim! — A resposta da Adora foi tão feliz que o Ventania até estranhou. — Conversamos bastante. Sabia que Entrapta não morreu? Ela se uniu a Horda... Temos que dar um jeito nisso depois.
— Calma, Adora — pediu o Ventania, por causa da empolgação da amiga.
— Eu estou calma. — Ela montou no cavalo alado. — Vamos para Lua Clara.
— Ela não quis atacá-la? — Ventania começou a bater as assas e levantou voo. — Isso é estranho, não acha?
— Acho que ela sente alguma coisa por mim.
— Sabe que terá que contar para seus amigos o que você fez na noite passada...
— Não! — Adora ficou envergonhada. — Eles vão surtarem.
— Apenas conte que encontrou a Felina e descobriu sobre a Entrapta. Não que passaram a noite se beijando ou algo assim...
Adora ficou mais envergonhada ainda.
— Não ficamos se beijando... mas você tem razão sobre contar sobre eu encontrar a Felina...
— Eles são seus amigos. Vão entender as loucuras que você faz por amor.
Era estranho em pensar na Felina daquela forma, mas era a pura verdade; Adora estava completamente apaixonada por Felina.
Na Zona do Medo, Felina chegou muito feliz o que deixou Scorpia e Entrapta confusas.
— Como foi sua missão? — perguntou a Scorpia, no momento que Felina entrou no laboratório da Entrapta. Laboratório que era antiga sala da Sombria.
— Foi perfeita, eu acho.
— Um encontro com o inimigo? — perguntou a Entrapta, verificando se a Felina estava ferida. — Acho que ela não te machucou.
— Que encontro com o inimigo?! — Felina ficou envergonhada, mas disfarçou bem. — Não fui me encontrar com o inimigo.
— Sério?! — surpreendeu-se Scorpia. — Então você foi fazer o quê?
— Eu fui... Não é da sua conta!
Felina saiu da sala e se encostou na porta que fechou. Ela soltou um longo suspiro, mas acabou sendo surpreendida pela porta se abrindo com a Entrapta saindo.
— O dispositivo para hackear a She-Ra está pronto. Podemos testá-lo agora mesmo. — Entrapta mostrou o que parecia ser uma pistola branca, sendo segurada por um de seus rabos-de-cavalo. — Basta chegar perto o suficiente e disparar, mas precisamos que ela se transforme na She-Ra antes.
— Você construiu? — perguntou a Felina, surpresa.
— Já estou pronta para ir — avisou a Scorpia, que saiu do laboratório.
— Eu pensei que demoraria mais — disse a Felina, demonstrando um pouco de desapontamento, o que deixaram a Entrapta e a Scorpia confusas.
— Claro que não. —Entrapta apontou a arma para a Felina, que empurrou para ela apontar para a parede. — É bem simples, até você consegue usar...
— Ei!
— Desculpe. Basta a Adora se transformar em She-Ra e atirar nela, mas precisa ser de perto. Ela vai ficar um pouco maluca, mas vai lutar por nosso lado. Só não sei como a Adora vai ficar...
— Como assim não sabe?! — perguntou a Felina, demonstrando uma preocupação que a Scorpia estranhou.
— Na última vez que ela foi infectada por algo assim, Adora ficou um pouco maluca... Controlando ela não sei o que vai acontecer.
— Vamos atrás da Adora? — perguntou a Scorpia.
— Não! — respondeu a Felina. — No momento certo eu aviso vocês, agora só quero descansar um pouco.
— Noite difícil? — perguntou Scorpia, como se estivesse insinuando algo.
— Não! E vocês podem descansar...
— Descansar? — perguntou a Entrapta. — O que eu vou fazer com isso?
— Apenas me deixem em paz por algumas horas.
Felina foi embora, deixando Scorpia confusa, que segurou a Entrapta que queria ir atrás da Felina.
No alojamento, Felina se deitou de costas na sua antiga cama. Ela ficou fitando o desenho dela e da Adora. Depois de soltar um longo suspiro, adormeceu.
Ventania já estava chegando em Lua Clara, quando a Adora viu Cintilante e Arqueiro esperando por ela. Pelo semblante da Cintilante ela não estava muito feliz.
— Que demora — reclamou a Cintilante, ajudando a amiga a descer do cavalo.
Adora abraçou a Cintilante e depois o Arqueiro.
— Que felicidade é essa? — perguntou o Arqueiro.
— Eu vou indo — avisou o Ventania, que não queria estragar o segredo da amiga, por isso achou melhor ir embora.
— O que deu nele? — perguntou a Cintilante. — Ou melhor o que deu em você, Adora?!
— Só estou feliz...
— Passou a noite fora e volta tão feliz assim — reparou a Cintilante, dando uma volta na Adora para poder reparar melhor nela.
— Eu não vou mentir para vocês. Vamos entrar?
O trio seguiu até o quarto da Cintilante, que estava impaciente para saber o que aconteceu. Adora se sentou no sofá da janela e viu seus amigos a olhando.
— Eu fui me encontrar com a Felina — revelou a loira.
— O quê?! — perguntaram em uníssono os amigos da Adora, demonstrando um espanto que até assustou a amiga deles.
— Isso foi a coisa mais maluca que você já fez! — disse a Cintilante, muito preocupada. — Ela poderia ter te matado!
— Acho que a Adora tem uma explicação sobre isso — avisou o Arqueiro, tentando acalmar a Cintilante.
— Eu tive uma visão ontem. Não sei se é por causa do poder da She-Ra? Eu vi a cidadela e sentir que a Felina estaria ali, mas não para lutar, apenas para conversar.
— Poderia ser um truque da Sombria. — Cintilante não conseguia esconder a preocupação.
— Não era. Sombria está presa na Horda. Ela não poderá mais fazer nada de ruim para mim e nem para a Felina. Acho que no final a justiça chegou de uma forma estranha. Sombria fez a Felina sofrer muito...
— Como se ela não merecesse — acrescentou a Cintilante, fazendo a Adora ficar um pouco triste.
— Continua, Adora — pediu o Arqueiro.
— Eu esperei por ela. Até achei que estava ficando louca, mas ela apareceu sendo movida pela mesma visão, eu acho. Não lutamos. Ficamos conversando por horas e eu descobrir que a Entrapta não morreu.
— Sabia que ela não morreria tão fácil! — comemorou o Arqueiro, pulando em seguida.
— Vamos resgatá-la! — sugeriu a Cintilante, abraçando o Arqueiro.
— Não é tão simples assim — disse a Adora, ficando com o semblante sério. — Ela se uniu a Horda por vontade própria. Achou que tinha sido abandonada e na Horda ela pode fazer seus experimentos, como o que a gente presenciou dias atrás...
— Ela foi responsável pelo quase fim de Etéria? — perguntou a Cintilante, que não queria acreditar no que ouvia, por mais sentido que fizesse.
— Foi sim. — Adora também não gostava de acreditar nisso.
— Você conseguiu convencer a Felina a mudar de lado? — perguntou o Arqueiro.
— Não, mas eu ainda tenho esperanças. — Adora parecia pensar em algo com uma expressão de admiração. — Ela vai mudar de lado por mim. Tenho certeza disso. Felina sente algo por mim...
— E você por ela — disse a Cintilante, não muito feliz com isso.
Adora ficou envergonhada.
— Acho que eu deveria ter sido sincera com vocês...
— Que você está apaixonada por ela? — perguntou o Arqueiro.
— Isso! Não! Sim!
Todos acabaram rindo.
— Será que você gostar dela é o suficiente para fazê-la mudar de lado? — questionou a Princesa de Lua Clara, quebrando a rodada de risadas.
A loira ficou pensativa.
— Acho que sim...
— Acha?! — perguntou a Cintilante, pois era difícil para ela confiar em alguém como a Felina. — Não temos espaço para achar alguma coisa...
— Vocês não tinham certeza de mim e olha onde eu estou.
— Adora tem razão — disse o Arqueiro —, mas a Cintilante também. Só espero que a Felina não acabe por ferir mais ainda você.
— Ela não vai — disse a Adora. — Não vou deixar e nem vou deixar ela ficar se ferindo.
— Nas reuniões, acho melhor deixar isso de fora — avisou a Cintilante. — Não sei como as outras princesas vão reagir a essa loucura e nem como minha mãe vai reagir.
— Eu entendo. — Adora olhou pela janela. — Só posso confiar nela se ela estiver ao meu lado. — Depois de abrir a boca por causa do sono, ela avisou: — Vou descansar um pouco.
Adora saiu do quarto da Cintilante e foi até o seu. Ela colocou a mochila sobre uma mesinha e ao arrumar o que tinha sobrado de suprimentos viu um papel amassado. Ao desamassá-lo viu que era um bilhete. Feliz, Adora se jogou de costas na cama e começou a ler o pequeno bilhete:
Adora
Eu sei que não tenho sido a melhor amiga nos últimos dias (na verdade eu tenho sido péssima), mas gostei de passar um tempo com você sem a Horda ou a Rebelião. Podemos repetir (prometo que não é uma armadilha, e se for, você vai dar contar com o poder da She-Ra mesmo)?
Vou te esperar no mesmo lugar.
Felina
P.S.: Traga mais daquelas comidas de Lua Clara.
Depois de abraçar o bilhete, Adora adormeceu.
Já era noite em Lua Clara. Cintilante se teletransportou para a sala de jantar do palácio. Ela estava rindo e o Arqueiro chegou depois rindo e cansado.
— Não vale usar seus poderes — reclamou o Arqueiro, enquanto a amiga se teletransportava para a cadeira ao lado da cabeceira da mesa, local em que se sentaria Ângela, que estava atrasada.
— Ela está atrasada — reparou a Cintilante, no momento que a comida era servida e o Arqueiro se sentava ao seu lado.
Logo Ângela entrou na sala e se sentou.
— Desculpe pelo atraso — disse ela, forçando um sorriso.
— Não tem problema, mãe. — Cintilante comeu um pouco da comida. — Temos uma excelente notícia para você, mas acho que deveríamos esperar a Adora chegar.
Todos olharam para a porta da sala de jantar e ficaram esperando por alguns minutos.
— Acho que ela ainda está dormindo — disse o Arqueiro, bebendo um pouco de suco em seguida.
— Já são dois jantares que ela não aparece — reparou a rainha. — Cintilante, você não está escondendo algo de mim?
— Não! Mãe!
— Tem certeza? Sem mais segredos entre nós.
A Cintilante olhou para o Arqueiro.
— Estou começando a ficar preocupado — avisou o amigo da Cintilante. — Acho melhor contar. Ela não é só a Adora, mas também a She-Ra...
— Sabia que tinha alguma coisa de errado com a Adora — deduziu Ângela, cortando de forma delicada um pedaço da comida em seu prato. — Ontem, meus guardas a viram saindo com pressa com o Ventania... Eu soube que ela só voltou hoje.
De repente um guarda entrou na sala e falou algo no ouvido da rainha, o que deixou a Cintilante preocupada, principalmente por não escutar.
— Adora está em seu quarto, Cintilante? — perguntou a rainha, enquanto o guarda saia da sala.
— Vou dar uma olhada.
Ao se teletransportar e voltar da mesma forma, Cintilante parecia muito preocupada.
— Adora saiu de novo? — perguntou o Arqueiro, já sabendo qual era a resposta.
— Sim — respondeu a rainha. — Me informaram que ela partiu há pouco com o Ventania. Cintilante, agora é a hora para me contar o que está acontecendo aqui.
— Mas, mãe. — Cintilante ficou desanimada. — É muito pessoal para eu contar para todos...
— Pode até ser pessoal — disse o Arqueiro —, mas é a Adora que se transforma na She-Ra. A rainha tem razão...
— Eu conto — prontificou-se a Cintilante, notando que não tinha mais como guardar segredo. — Adora talvez esteja apaixonada pela Felina...
— Como assim, Cintilante?! — perguntou a rainha, muito surpresa com a revelação. — Ela que contou isso?!
— Ela contou e também teve o sonho...
— Que sonho?!
— Calma, mãe! Adora acordou um dia agitada como se estivesse tendo um sonho ruim, só que ela gritava o nome da Felina e que a amava... Não levamos muito a sério no momento, mas acho que depois ela teve algum tipo de visão da cidadela e sentiu que deveria ir até lá para encontrar a Felina...
— Foi aonde ela foi na noite passada?
— Sim, mãe.
Ângela se levantou e ficou de costas pensando um pouco antes de falar:
— Isso parece magia. Vocês não acharam estranho? Nem ela achou?
— Na verdade eu achei — respondeu o Arqueiro. — Não acho que a Felina vai fazer mal para Adora novamente, pois ela teve uma noite inteira para o fazer e não fez.
— E se ela quiser que a Adora acredite nisso?
— Estamos se preocupando à toa — discordou a Cintilante, forçando um sorriso. — Adora é a She-Ra e... nunca a vir tão feliz como hoje. Adora sempre pareceu meio distante aqui em Lua Clara. Mesmo nos momentos felizes não parecia que ela estava bem, mas hoje eu a vi tão feliz. Não posso acreditar que a Felina faria algo ruim para Adora, principalmente depois que ela voltou tão feliz como hoje.
— Você tem certeza que isso não é um truque da Sombria...
— Sombria está presa na Horda — interrompeu o Arqueiro.
A princesa sorriu e completou:
— Não poderia ser um truque. Não da Sombria...
— Cintilante, ela falou como foi o sonho ou a visão?
— Não, mãe.
A rainha parecia muito preocupada e pensativa, o que fez sua filha dar outra notícia para acalmá-la:
— Entrapta não morreu.
— Sério?! Por que não me contou antes?
— Estávamos esperando para contar com a Adora — respondeu o Arqueiro.
— Será que a Adora foi tentar um resgate — disse a Ângela, ficando mais preocupada.
— Não, mãe. Entrapta se uniu a Horda para poder fazer seus experimentos... como o que a gente presenciou nos últimos dias.
— Isso é péssimo. Na Rebelião ainda ela tinha alguém para impedi-la de passar dos limites, mas na Horda... Entrapta pode se tornar uma grande ameaça para nós.
— Se a Adora conseguir convencer a Felina a mudar de lado, talvez Entrapta venha com ela — Cintilante já comemorava sorrindo.
— No momento estou mais preocupada com a Adora se encontrando com a Felina. — A rainha fitou bem sua filha e perguntou: — O que você acha que seria mais sensato fazer? Não responda como amiga da Adora ou minha filha, e sim, como líder da Rebelião.
A Cintilante ficou pensativa por alguns instantes antes de responder:
— Eu iria atrás dela, mas e se não for magia? E se ela estiver apaixonada pela Felina? Essa pode ser a nossa maior chance de fazer a Horda perder um capitão, e pense no que a Felina poderia informar sobre o inimigo. Mesmo que ela não se una a Rebelião, será um terrível golpe para a Horda.
— Vão atrás dela — ordenou a rainha. — Vou mandar mensagens paras as princesas sobre a Entrapta. — Ela fitou bem a filha, que já tinha se levantado e já estava pronta para se teletransportar. — Tomem cuidado e observem de longe, caso exista uma chance de salvar a Felina. Acho que a Adora ainda acredita nisso, não só pelo que sente pela Felina. Talvez ainda exista algo de bom na Felina.
— Obrigado, Majestade — agradeceu o Arqueiro.
— Obrigada, mãe. — Cintilante segurou no braço do Arqueiro e se teletransportou levando ele.
Adora já estava com a fogueira acessa na frente da Cidadela dos Primeiros. Ela estava impaciente para ver a Felina.
— Calma, Adora — disse ela, se sentando ao lado da fogueira. — Que maluquice eu estou fazendo? — Ela passou um dedo pelos lábios, se lembrando do sonho que teve.
— Viu meu bilhete? — perguntou a Felina.
Sem conseguir se conter, Adora se levantou e abraçou a Felina, que ficou envergonhada e pensou em retribuir o abraço, mas não o fez.
— Não acha que é um pouco demais, mesmo para você? — perguntou a Felina, fazendo a Adora soltá-la do abraço.
— Desculpa...
— Não se preocupe com isso, mas saiba que se eu quisesse mal a você, essa seria a hora perfeita.
Adora ficou um pouco irritada com a provocação e se sentou ao lado da fogueira.
— Se você me quisesse mal já teria feito algo ontem.
— E se eu quiser ganhar sua confiança para apunhalá-la pelas costas?
— Ainda com isso? Você não faria isso. Não depois de ontem. De qualquer forma; você prefere algo mais direto para me prejudicar...
— Isso é verdade. Mesmo assim, você não deveria baixar a guarda tão fácil.
— Eu posso te vencer a qualquer momento...
— Com ajuda das outras princesas, qualquer um consegue vencer.
Ao perceber que os ânimos estavam se elevando, Adora achou melhor mudar de assunto:
— Acho que a parte das provocações entre a gente já passou ontem. Não deveríamos ficar fazendo isso.
Felina soltou um longo suspiro e depois sorriu para a Adora.
— Você não esqueceu de trazer comida?
— Claro que não. — Adora abriu a mochila e a Felina se sentou ao lado da loira, que entregou um monte de frutas e outras comidas de Lua Clara.
Felina começou a devorar as comidas, até parecia que ela não comia há dias, o que fez a Adora observar admirada.
— Não come mais na Horda?
— Sabe que lá não tem coisas como estas. — Felina estava com a boca cheia, fazendo a Adora rir. — O que foi?
— Coma devagar.
Depois de quase devorar toda a comida, Felina ficou fitando a Adora.
— Não tem mais nenhuma aventura para contar? — perguntou a Felina, bebendo um pouco de suco de um cantil da Adora logo em seguida. — Não teve outra festa? Eu gostei da festa que você me contou.
— Sem aventuras. E você? Como vai a Entrapta e a Scorpia? Elas são suas amigas também?
Felina riu em deboche.
— Querendo espionar o inimigo?
— Não! Só quero saber.
— Entrapta está bem. Ela é um pouco difícil de lidar, mas é só ter um pouco de paciência e tudo se arruma com ela. — Felina ficou irritada ao se lembrar de algo. — Já a Scorpia é pouco mais complicada. Acho que ela acha que eu sou uma espécie de bicho de estimação.
As duas acabaram rindo.
— Vocês estavam lindas no baile — elogiou a Adora, fazendo a Felina ficar envergonhada.
— Sério?! Eu também achei você linda com aquele vestido vermelho. Nunca pensei que veria você usando um vestido...
— Obrigada.
Um silêncio tomou conta do lugar. As duas pareciam que não tinha mais assuntos. Todas as minhas últimas lembranças da Felina são dela me machucando ou as pessoas que eu gosto, pensou a Adora. Será que eu estou louca? Pensou novamente ela sorrindo.
— Posso falar algo? — perguntaram as duas ao mesmo tempo.
— Fala você primeiro. — Novamente falaram ao mesmo tempo, fazendo elas rirem.
Adora se jogou de costas, ficando deitada para poder ver as estrelas na fria noite que estava fazendo. Felina fez o mesmo.
— Eu tive um sonho com você — revelou a Adora, com um tom bem sério. — Era muito real.
— Também tive um sonho com você. — Felina revelou, se virando para poder olhar o rosto da Adora.
As duas começaram a rir.
Um pouco distante dali, na mata, estavam Cintilante e Arqueiro. Os dois apenas estavam observando.
— O que elas estão fazendo? — perguntou a Cintilante.
— Eu que pergunto isso para vocês? — perguntou o Ventania que chegou andando para não chamar muita atenção. — Não deveriam ficar espionando sua amiga em um momento como esse.
Arqueiro e Cintilante se assustaram.
— Não estamos espionando — avisou a Princesa, forçando um sorriso. — Só estamos preocupados com a segurança da Adora.
— Eu também estou, mas ela prometeu que, se alguma coisa acontecer ela grita por ajuda.
— Elas estão rindo — disse o Arqueiro. — Acho que nossa preocupação foi à toa.
— Acho que só alguém bom como a Adora para não desistir de alguém como a Felina. — Cintilante parecia mais calma com segurança da amiga.
— Adora é uma boa pessoa. — Ventania concordou. — Acho melhor deixar ela em paz.
Adora ficou corada e sentiu seu coração batendo mais rápido. Ela sentiu como se fosse ficar sem ar a qualquer momento.
— Como foi o seu sonho? — perguntou ela.
— Estávamos em uma clareira nesta floresta — começou a contar a Felina, demonstrando está envergonhada também. — Ficamos conversando como estamos fazendo agora e...
— Acabamos se beijando — completou a Adora, fazendo o coração da Felina bater mais rápido.
Felina beijou os lábios da Adora, que retribuiu o beijo. Felina parecia que queria aquilo há bom tempo, pelo jeito que beijava de forma selvagem os lábios de seu amor. Ela envolveu a Adora com seus braços e ela fez o mesmo. A sensação que as duas sentiam era muito melhor que a dos sonhos.
— Eu te amo — revelou a Adora, no momento que as duas pararam com o beijo.
— Eu também te amo — revelou a Felina, voltando a beijar a Adora.
No esconderijo dos amigos da Adora.
— Elas estão se beijando — disse o Arqueiro para a Cintilante, que se esforçou para ver.
— Não posso acreditar. — Cintilante estava mais surpresa que o Arqueiro.
Adora e Felina pararam de se beijarem e ficaram deitadas de costas para poderem observar as estrelas novamente. Elas estavam com as mãos dadas com os dedos entrelaçados.
— E agora? — perguntou a Adora. — O que vamos fazer em relação a Horda ou a Rebelião?
— Não quero pensar nisso. Só quero pensar em você.
— Eu fugiria com você — revelou a Adora, deixando a Felina surpresa.
— Mesmo que nunca mais pudesse ver seus novos amigos? Mesmo que a Horda os atacasse?
— Sim. — Adora parecia completamente admirada com a Felina.
— Eu iria com você — revelou a Felina.
De repente um grito de socorro, fez as duas se levantarem com pressa.
— De onde veio o grito? — perguntou a Adora, já com a espada em punho.
— Não sei. — Felina tentou sentir o cheiro de algo.
Novamente outro grito do que parecia ser a voz da Entrapta.
— É a Entrapta — deduziu a Adora. — Acho que ela a seguiu.
— Falei para elas me deixarem paz — reclamou a Felina, pulando para cima de uma árvore.
Antes que alguém pudesse falar algo, Adora se transformou em She-Ra e correu na direção do grito, sendo seguida pela Felina. Elas chegaram em uma clareira, que logo as duas reconheceram dos sonhos, porém a grama do local estavam queimadas. Entrapta estava no centro da clareira. Ela estava de joelhos e de costas para as duas. Se podia escutar o choro da Entrapta. Logo Cintilante e Arqueiro chegaram montados no Ventania, fazendo a Felina ficar em posição de luta.
— Felina! — gritou a Cintilante. — O que você fez?!
— Eu não fiz nada!
— Calma! — pediu a She-Ra. — Vamos ajudar a Entrapta.
— Agora! — gritou a Entrapta, no momento que a She-Ra se aproximou.
Um disparo foi escutado por todos.
— Nãoooo! — gritou a Felina ao ver o projetil se aproximando da She-Ra.
She-Ra caiu com um dardo no pescoço.
— Arrumei o problema da distância — comemorou a Entrapta.
— O que você fez? — Felina não sabia como reagir.
— Apenas fizemos o que você pediu — respondeu a Scorpia, que se aproximava segurando um rifle de precisão branco.
— Não era para fazer isso! — Reclamou a Felina, demonstrando está muito abalada com o ocorrido.
— Sabia que você estava armando alguma coisa! — gritou a Cintilante, já com o cetro de seu pai na mão.
— Se afastem dela! — mandou o Arqueiro, apontando suas flechas para a Felina.
Felina se ajoelhou na frente da She-Ra. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Reação que deixou todos confusos. Ela retirou o dardo com cuidado e o jogou longe.
— Você vai ficar bem — disse ela acariciando a face da She-Ra.
— Não entendo — comentou a Entrapta. — Não era o plano da Felina; se aproximar da Adora para conseguimos ter uma chance?
— Sabia que não podia confiar em você! — gritou a Cintilante.
— Saia de perto dela! — mandou o Arqueiro novamente.
— O que está esperando?! — perguntou a Cintilante para o amigo. — Ataca elas.
O Arqueiro disparou uma flecha na direção da Felina, mas a Scorpia a puxou para o lado na hora certa.
— Agora! — gritou a Scorpia.
Felina ainda estava sem reação, enquanto as tropas da Horda saiam de entre as árvores. Eram muitos e os disparos forçaram a Cintilante e o Arqueiro a recuarem usando o Ventania como montaria.
— Não podemos deixá-la! — gritou a Cintilante.
— Não estamos deixando-a — avisou o Arqueiro, acertando uma flecha em um robô inimigo. — Precisamos de um plano para resgatá-la...
— Felina vai machucá-la!
— Acho que não — disse o Ventania, desviando dos projeteis do inimigo. — Acho que é a última coisa que a Felina vai fazer com a Adora.
— Depois que ela a traiu dessa forma?!
— Confie em mim, Cintilante. Ou melhor; confiem na Adora. Não parece que a Felina esperava por algo assim. Felina sente algo pela Adora, mas do jeito dela.
— Então por que ela não faz nada para salvar a Adora?!
— Talvez por medo de deixá-la em perigo.
— Vamos recuar e criar um plano de resgate — disse o Arqueiro.
Ao ver o Ventania se afastando, Scorpia ordenou:
— Deixem eles irem. Temos o que viemos buscar.
Ao notar que estava cercada por soldados da Horda, Felina se levantou e enxugou os olhos com as costas das mãos.
— Não fique triste — pediu a Entrapta. — Agora ela pode ser sua.
She-Ra começou a se debater e seus olhos ficaram vermelhos. Ela se levantou e enfiou a espada no chão.
— Quais são suas ordens? — perguntou ela, olhando para a Felina.
— O que você fez com ela? — Felina não gostava do que via, pois parecia que a She-Ra era uma máquina.
— Ela serve a Horda. — Entrapta mostrou um computador em seu braço. — Por aqui eu posso manter o controle para ela não ficar louca igual na outra vez.
— Me entregue — mandou a Felina.
— Hordak mandou a Entrapta não entregar para você — avisou a Scorpia. — Por favor, Felina. Ele está achando que você vai mudar de lado...
— Não vou mudar de lado!
— Vamos embora daqui!
She-Ra aceitou as ordens da Scorpia e pulou em um dos veículos voadores da Horda. Os soldados pularam dele com medo. Felina, Scorpia e Entrapta foram no veículo com a She-Ra. Felina estava muito abalado pelo que aconteceu. Ela sabia que toda a chance que tinha com a Adora foi jogada fora pelo que aconteceu. Deveríamos ter fugido, pensou a Felina.
— Algum problema? — perguntou Scorpia.
— Não! Vamos para casa!
— Amanhã vamos começar os ataques com a nossa nova aliada.
Entrapta cortou alguns fios de cabelos da She-Ra.
— Conseguir algumas amostras!
— Não machuque ela! — mandou a Felina, já em posição de luta. — Ela não vai voltar a ser a Adora?
— Não — respondeu a Entrapta, enquanto a Felina se acalmava. — Se ela voltar a ser a Adora talvez cause algum dano permanente a sua mente. Não sei ao certo, mas quero descobrir...
— Não! — ordenou a Felina, no momento que Entrapta iria digitar alguma coisa no teclado.
— Tudo bem, então.
— Apenas vamos para casa e não façam mal a ela — pediu a Felina, quase implorando pelo seu tom de voz.
Felina não conseguia parar de pensar em como ela conseguiu estragar tudo com a Adora. Para ela, com certeza aquela foi a última chance que teria para se redimir com a Adora. Ela nunca vai me perdoar, pensou ela. Ela nunca mais vai me amar, pensou novamente a Felina, se segurando para não desabar em lágrimas, mesmo com a imensa dor que sentia naquele momento, ela não poderia demonstrar fraqueza para a Horda, que era algo que poderia a afastar da Adora, no momento que todos perdessem a confiança nela.