O QUE TERÁ ACONTECIDO AO DORIAN GRAY

Beijei-o no umbigo dentro da banheira do hotel em Paris. Naquela pele branca e macia como pergaminho, a minha língua subira até os mamilos, e senti arrepios. De olhos fechados, fui tocando aqueles lindos lábios demoradamente. Minhas mãos involuntárias se uniam as terminações finas de seus dedos e num súbito peguei-o no colo levando-o até a cama. Arranquei todas as minhas roupas, enquanto fitava os seus ombros esculturais e suas mechas aneladas caídas sobre a testa. Os pulsos não mais correspondiam, e eu não soube ao certo se ele era eu, ou se o amor era instante de morte. Mesmo morto, creio assim; estava mais vívido do que antes.

Ricardo Neto de Oliveira Mota
Enviado por Ricardo Neto de Oliveira Mota em 06/01/2020
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