Força do hábito
Preciso dormir cedo. Há uma razão para isso. Tudo o que se relaciona com minhas atuais preocupações levam a uma necessidade de uma boa noite de sono.
Lá fora serena. A noite está agradável. Começo a pensar que terei o descanso merecido. Entretanto, minha cabeça está cheia de pensamentos. Olho indecisa para o travesseiro. Suponho estar já é sonhando. Ideias de que ando pela rua sem saber o destino certo me deixam ainda mais receosa de não estar acordada.
Mas por que preciso estar bem disposta pela manhã? O que terei que fazer mesmo logo cedinho?
Sinto um vazio dentro de mim. Meu raciocínio é incerto. Estarei sonhando mesmo? E se for, por que não acordo? Minhas pernas agora me perecem pesadas... adormecidas.
Tento me lembrar de onde estou. Hum, estou em minha cama, em meu quarto. Ouço a chuva lá fora. Amanheceu chovendo. À noite também chovia. O barulho da água nas telhas da casa, e essa certeza de que preciso acordar. Rezo.
De repente, desperto por completo. O corpo todo com uma estranha sensação de peso, de preguiça.
Durante o sono me imaginei acordada. Levanto com as rotinas diárias em minha mente. Vou ao banheiro. Depois sigo para a cozinha em busca de um café. Procuro por biscoitos.
Quando abro o armário de alimentos, recordo: eu sempre ia para a escola de manhã cedo. Era meu trabalho. Ainda estou com o hábito e a sensação de que estou na ativa. Uma professora em suas funções diárias de ir à escola pela manhã.
Suspiro. Era um velho hábito. Acordar cedo, para não chegar atrasada no trabalho. Bem, estou aposentada. Devo é aproveitar o tempo da aposentadoria para fazer o que gosto, sem a preocupação de ter que ir ao trabalho. Mereço. Ao menos a aposentadoria chegou sem me encontrar na velhice.