PASSOS NO PARAÍSO.

( CONTO EM POESIA. A HISTÓRIA DA CRIAÇÃO E DA QUEDA DO HOMEM. )

1.

No princípio fez céus e terra,

A terra figurava sem forma, inóspita,

O Espírito divino pairava sobre as águas,

Falou o verbo - E houve a luz,

Separou-as das trevas,

Falou o verbo - E houve firmamento,

Chamou-os de céus,

Falou o verbo - E juntou-se às águas,

Surge a terra, surge os oceanos,

Viu Deus que tudo era bom.

Falou o verbo - E resplandece a natureza,

Floresce toda beleza, perfumes, cores,

Falou o verbo - E brilhou as estrelas,

Constelações bailarinas no céu negro,

Ao dia designou o sol,

Para a noite fez a lua,

Era o começo da criação,

Da mente divina tudo bem feito,

De tudo fez distinção,

Viu Deus que tudo era bom.

Criou a diversidade marinha,

Aves grandiosas e pequenas,

Falou o verbo - E houve grande fauna,

Encheu-se a terra de toda sorte de animais,

Falou o verbo - E brilhou a jóia da criação,

O fez a sua imagem e semelhança,

Deu a ele todo o domínio,

Um mundo inteiro para governar,

Alegrou-se Deus em seu coração,

Viu que tudo era muito bom.

2.

Assim terminado céu e terra,

Ao dia sétimo descansou,

Abençoou-o dando-lhe por sagrado,

Essa é a história da criação,

Céu e terra formados,

Não havia na terra chuvas,

Nem homens para à cultivar,

Solo virgem, imaculado,

Entretanto,

Do manancial terrestre tudo regava,

Terra e água misturados, o barro,

Da argila moldou o homem,

Insuflou-lhe hálito vivente.

No Éden foi colocado,

Do jardim o homem iria cuidar,

Plantou Deus frutíferas árvores,

Também a do bem e do mal,

O rio de quatro braços regava-o,

Pison, Havilá, onde ouro há,

Reluzente metal,

Perfumes e pedras sem igual,

Pison, terceiro braço envolto a cuch,

Tigre, Eufrates, a leste da Assíria,

Presenteado foi o homem estando lá,

Foi lhe dada certa ordem,

"De 'quase' tudo comerás".

"Porém" - disse o criador,

"Da árvore do conhecimento não tomarás",

Disse-lhe também,

"Não é bom que estejas só",

"Far-lhe-ei a sua outra metade",

Criou aves, animais e toda espécie,

Ao homem levou-os para nomear,

De bom grado Adão os classificou,

Entre os tais igual não achou,

Deu-lhe Deus profundo sono,

Tirou-lhe a costela do meio,

E dela fez bela mulher,

Alegre disse Adão,

"Ossos dos meus ossos",

"É carne da minha carne",

E a mulher chamou-a de Eva,

É mistério da criação,

De um fez dois,

Dois que trona-se-a em um,

Nu estavam,

De nada se envergonhavam.

3.

Astuta serpente ao desagrado humano,

Dialogando ao gênero feminino,

Questionando-a das árvores comestíveis no jardim

A feminilidade inocente respondendo,

Quase tudo lhe era lícito, entretanto, uma não,

A morte seria certeza se de tal árvore tomar,

A astuta serpente destilou o seu veneno,

Enganou-a distorcendo o entender divino,

" Certamente não morrerás", disse mais:

" Como Deus altíssimo serás", continuou.

A mulher tomou a apetitosa fruta,

Que a mentirosa serpente ofereceu,

De tão saborosa que era ao lábios,

Ao seu apaixonado marido ofereceu,

Degustou o prazer que tem no pecado,

Percebeu na mesma hora a nudez que lhe vestia,

Vendo o seu erro, envergonhado ficou,

Soprava a brisa no final daquela tarde,

Ouviram passos no paraíso,

Era o altíssimo que se aproximava.

Disse o Deus com voz potente,

Ele, que todas as coisas conhece,

Repreendeu a astuta serpente,

Pela eternidade arrastava-se pelo ventre,

Proferiu antiquíssima sentença,

Entre a mulher e a sua descendência,

Sua voz dirigiu-se à mulher,

Multiplicou-lhe as dores da gravidez, era sentença,

E disse ainda mais,

Que dominada seria pelo homem.

Continuou Deus com voz de trovão,

Pois dele não se esconde nem se escapa,

Repreendeu fortemente a Adão,

Pois que a mulher foi dar ouvidos,

Desprezando preciso conselho divino,

Selou o homem o seu terrível destino,

Comeria sempre do muito suor do seu rosto,

A mulher, chamou-a de Eva, mãe de todos viventes,

E assim expulsou-os do Éden o altíssimo,

E guardou-o a espadas de querubins.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 02/12/2019
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