VOLTANDO A DORIVAL CAYMMI - FINAL
5--DORIVAL, mestre em várias mídias. Merecidamente homenageado. Em 2013, os filhos NANA-DORI-DANILO lançaram o disco "Caymmi", canções pouco conhecidas do compositor, e viajaram em shows pelo Brasil, iniciando homenagens do centenário --- nova edição da biografia "O mar e o tempo", de STELLA CAYMMI, neta, ela também no livro "Acontece que eu sou baiano", textos de diversos autores, edição luxuosa bem ilustrada com o acervo do compositor --- publicado o infantil "Dorival no mar de Caimmy", de LÚCIA FIDALGO, ilustrações de LETÍCIA LIMA --- songbook de DORI com toda a obra do pai -- outra homenagem de DORI e convidados: NANA DANILO, CHICO BUARQUE, GILBERTO GIL e CAETANO VELOSO --- Danilo mira na geração mais jovem da música brasileira, num novo disco, canções do pai --- ALICE, neta de Caimmy, gravou seu show "Dorivália", olhar provocativo sobre a obra do avô --- Danilo também no projeto "Mar de algodão" -- em maio/2014, Teatro Municipal, concerto "Caymmi sinfônico 100 anos" --- Stella, curadora de exposição sobre o avô, julho, Centro Cultural dos Correios de São Paulo, depois Brasília --- em Salvador, projeto "Caymmi! De Itapuã para o mundo...", da Secretaria de Cultura da Bahia, shows e palestras --- em 30 de abril, quando Caymmi completaria 100 anos, show de DANIELA MERCURY no Farol da Barra, Salvador, às 20 horas, e ao mesmo tempo missa na Igreja da Ressurreição, Copacabana, Rio.
6---No "Manifesto antropofágico", 1928, peça fundamental para o projeto do Modernismo brasileiro, OSWALD DE ANDRADE afirmava que "fizemos Cristo nascer na Bahia", frase contundente e original à época - fato comum na nossa história cultural alusão à Bahia como foco irradiador da "autêntica" cultura popular brasileira, lugar onde o Brasil é mais brasileiro. Desde o século XIX, poemas, canções e outras manifestações construindo a Bahia como "mito de raiz" dentro do complexo mosaico da nossa identidade cultural, noção reificada na primeira metade do século XX em diversas formas de literatura, teatro de revista e principalmente música popular. No ensaio "Caymmi: uma utopia de lugar", o antropólogo ANTÔNIO RISÉRIO apresenta dados históricos de como se cristalizou essa ideia sobre a Bahia, isto é, Salvador, ou melhor, a Cidade da Bahia, como era chamada até meados do século XX, centro da engenharia da construção desse mito - o cancioneiro de Caymmi, um dos elementos fundamentais sedimentados no imaginário afetivo, social e cultural do Sudeste e do Sul do país. Caymmi inscreveu essa Bahia mítica no repertório da canção popular brasileira, compositor das "canções praieiras" em que descreve uma cidade pré-industrial, a do movimento dos barcos de Itapuã, parte do contexto político e econômico ainda arcaico, a Bahia de sedas e rendas, feiras e casórios, mulatas, gamelas, malaguetas... imaginário arquetípico que já aparecia nos sambas de SINHÔ e ARY BARROSO, Bahia não inventada por Caymmi e sim estetizada, estabelecida como referência cultural, cultura definitiva. Genial Caymmi, mediador que traduziu a Bahia para outras regiões do país, em narrativa concreta - o ouvinte sente os corpos, os cheiros e os sons dessa Bahia. Assim como a literatura de JORGE AMADO e as obras do artista plástico CARYBÉ, o cancioneiro é um intérprete do Brasil.
7---ELE, falando de si próprio (premonição???):
"Eu não sou de política. Até me juntei, convivi com políticos de esquerda e de direita formas políticas, partidos, mas nunca fui entrosado em política. Eu quero sempre que o país em que reside a minha família tenha como governante um homem sincero, forte. (...) Sei que o Rio perdeu muito do seu jeito, da sua sutileza, da sua graça, o Cristo e o Pão de Açúcar meio que se perdem numa névoa poluída, mas a gente gosta. Sou baiano daqueles crentes, mas quando, aos 24 anos, aportei aqui num 4 de abril, virei carioca na mesma hora."
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FONTES:
"Mestre visto em várias mídias", artigo de LEONARDO LICHOTE -- "Um mediador entre o estado e o país", artigo de MIGUEL JOST - Rio, jornal O Globo, Segundo Caderno, 27/4/14.
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