O Casório (A Saga.26..)

O Casório (A Saga...)

Com o sucesso do futebol amador do Cedro Esporte Clube, e por força das viagens pras cidades da redondesa patendendo a convites pra jogar, o que interessava muito á direção da Fábrica, Constâncio andou faltando a alguns ensaios da Banda e apresentações no coro da igreja. Essas ausências incomodavam um pouco sua noiva Fabiana que completamente apaixonada ás vezes cobrava do rapaz que ficava angustiado, pois apesar de, também, sentir saudades da noiva, não podia deixar de cumprir os compromissos que assumiu ao assinar os contratos com Dr Alexandre.

Este foi um dos motivos pelos quais o casal resolveu marcar logo a data de seu casamento.Constâncio soube por carta que sua irmã gêmea Carmem tinha se casado em Januária com José Olímpio, um rapaz de Montalvânia,cidade vizinha de Januária.

Passou a ir todo sábado com Fabiana, às lojas de móveis, em Sete Lagoas pra escolherem os móveis da casa.

Para Fabiana aqueles passeios eram uma verdadeira aventura, pois raramente ela ou a mãe, saiam pra comprar alguma coisa no comércio, pois Dª Maria Fel vivia modestamente só com a renda que obtinha de suas costuras a domicílio mais o salário que Fulô recebia na Fábrica. Olavo ainda não trabalhava e Nazon, tadinho,dividia as tarefas domésticas da casa com a mãe.Pra ser mais exato,não dividia,fazia a maior parte, enquanto ela se ocupava de mais costuras que trazia para casa.

O Pequenino Nazon,(não cresceu muito, por causa do problema da espinha que o transformou num corcundinha, de pouco mais de 1 metro e meio) cozinhava muito bem,lavava e passava roupa com o maior capricho(aprendeu tudo com a mãe) mantinha a casa completamente limpa e arrumada e ainda arrumava tempo pra cuidar do seu cachorro Sherife, um vira-lata preto e branco, por quem tinha o maior amor.

Ensinou Sherife a buscar a bola,os chinelos, e entregar a seus pés, onde estivesse.Nazon tinha esse dom de adestrar animais.

Ensinava passarinhos (pintassilgos e canários-chapinha) a viverem num puleiro de gaiola aberta,presos na cleira de alfinetes feita por ele,de onde puxavam água num dedal de costura, que repousava numa chícara de água na parte inferior da gaiola e ainda comer alpiste num coxo, onde abriam a tampa, com o próprio bico.

A meninada da vizinhança adorava ver aquilo e todos tinham o maior respeito por “Tio Nazon”, como o tratavam.

Zora, a anciã negra vizinha de sua mãe ainda arranjava freguezes para Nazon vender os passarinhos que adestrava, juntamente com a gaiola aberta e as correntinhas que fazia de alfinetes de costura de sua mãe.

Fabiana dividia ás vezes as tarefas com ele,mas como estava em véspera de se casar,ocupava muito do seu tempo com os preparativos.Constâncio ,em acordo com a noiva e Dª Maria Fel, combinou o casamento para um sábado de novembro, quando faria 25 anos. Avisou por carta sua família de Januária.,mas ninguém pode vir com exceção do “Tio ZéAugusto”, o mesmo que o levara para o Internato e era doido por uma viagem...um “cigano” mesmo.Constâncio ,com as econo,ia que fez no cofre de Dª Santa, comprou todos os móveis da casa, e pagou a festa do casamento que foi na casa da sogra onde ela, pessoa muito querida na região, reuniu os amigos de “truco” nos domingos de noite, algumas freguesas de costura. Chamou “Zé Pequeno” e seus filhos,os dez violeiros do Cedro Velho,e acompanhada de muito quitute, doces cazeiros e licor de pequi, a festa acabou em batuque no quintal de poeira debaixo do pé de manga, inclusive,com a presença da Banda, que veio prestigiar o colega, mais os companheiros do time de futebol.Dr Alexandre tinha deixado à disposição da família, seu Ford de Bigode com o respectivo motorista, pra fazer o transporte de tudo que fosse preciso, inclusive transportar os noivos e a família até a Igreja para a cerimônia.E ainda mandou vir de Sete Lagoas mais de dez barris de chope pros convidados.Foi uma festa simples mas que marcou época no Cedro, o casamento de Constâncio e Fabiana.

Aecio Flávio
Enviado por Aecio Flávio em 03/10/2007
Reeditado em 06/10/2007
Código do texto: T678901