DA VINCI, NOTA VINTE
Na intimidade LEONARDO, nasceu em 1452 em Vinci, séculos antes da criação do Estado Italiano, a Itália unificada como a vemos hoje. Cresceu em Florença, a cidade das artes, viveu em Milão e passou em Roma, seguindo depois para a França, onde morreu em 1519 e foi enterrado. O rei Francisco I da França comprou dos herdeiros a "Mona Lisa", hoje no Louvre, museu que possui mais pinturas de Da Vinci. Segundo a declarante Lucia Borgonzoni, vice-ministra da Cultura Italiana, neta de um pintor italiano que trabalhou como decorador de interiores, em troca da "lista de compras" solicitada à Itália, o Louvre não fez ofertas concretas para exibição em Roma em comemoração aos 500 anos da morte de RAFAEL SANZIO (1483/1520), renascentista de Florença, pintor das doces madonas, suavidade de feições, como "A Virgem da Rosa", chamado 'príncipe dos pintores', em 2020. Novela de dramaticidade italiana! Arte com fronteiras. Emprestar "Mona Lisa"? Os franceses responderam com manchetes furiosas, pois a Itália "estaria" arriscando aliciar os negócios e o turismo da França e se isolar de parceiros europeus. Nova proposta de troca-troca: museus italianos emprestando os Leonardos à França, onde está guardado o "Homem vitruviano", e esta emprestaria os Rafaéis à Itália para a grande mostra programada para 2020. ----- E a pintura "Salvatori Mundi" leiloada em recorde por US$ 450 milhões, 2017, será ou não exibida no Louvre? Esta obra, segundo especialistas, não pode ser atribuída a LEONARDO, talvez a colaboracionistas, por muitos erros que o gênio jamais cometeria - por exemplo, falta de volume no globo que Jesus segura, dedo deformado na mão direita e cachos retos dos cabelos. Se em exposição, justiça em esclarecer legenda com "trabalho belíssimo atribuído a Leonardo, possível obra de seu ateliê".
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro também participante a convite de Lucia. Em 1808, na bagagem da corte de D. Maria I, rainha de Portugal, dois tesouros de DA VINCI - 1-um exemplar de "Divina proportione", escrito em 1498 por Luca Pacioli, discípulo de Da Vinci, que aborda a questão da tridimensionalidade e mostra estudos para a criação da imagem do "Homem vitruviano"; 2-outro livro, este do próprio Vitrúvio, arquiteto sobre o conceito do do corpo humano que inspirou Da Vinci - reescrito em 1684, deve ser a mais antiga obra preservada em bibliotecas. ----- E na mesma biblioteca do Rio, recentíssima exposição "A alma do mundo - Leonardo 500 anos" - as várias vertentes de DA VINCI - pintor, escultor, arquiteto, matemático, cientista, inventor... Mostra de 78 obras, destaque para livro do século XV, do acervo da biblioteca, com ilustrações do próprio. ----- Para colaborar, o Instituto de Matemática Pura e Aplicada, apresenta um vídeo com uma "Monalisa" que, a partir de movimentos baseados em princípios matemáticos de fluxos, vira... um sapo e outras figuras; o Instituto Fractarte, de São Paulo, expõe dois vídeos com explosões factuais, alusão ao 'fim do mundo', imaginado por DA VINCI em sua época. Ele muito interessado em anatomia, há também fósseis platinados (plastinação, técnica que preserva a biologia), como crânios, esqueletos e fetos, peças que ele desenhara, cedidos por museu do Espírito Santo.
Como homenagem, o espetáculo "Da Vinci", da Cia. de Ideias, no teatro do Jockey, Rio de Janeiro - peça gratuita, trupe teatral abordando a paixão de DA VINCI pela ciência e pela arte, resgatando a memória das obras mais conhecidas: "Mona Lisa", "A última ceia" e o "Homem vitruviano".
Homem vitruviano - desenho icônico que representa o ideal clássico do equilíbrio, da beleza, da harmonia e da perfeição das proporções do corpo humano, a partir do conceito desenvolvido pelo arquiteto romano Marcos Vitrúvio Polião, autor de 10 livros sobre arquitetura - o desenho mostra um homem nu /sem censura!!!/, braços e pernas abertas em diferentes direções, de modo simétrico. Também conceito da "proporção divina", baseado em figuras geométricas perfeitas e equações matemáticas - filosoficamente, antropocentrismo, homem-símbolo deste conceito humanista.
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FONTES:
Recortes diversificados, incluindo coluna dominical de BRUNO ASTUTO, "Salvator mundi" - Rio, jornal O Globo, 2019.
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