E agora, Antônio?
-Antônio Lismar, silêncio, por favor!
O menino ignorando o pedido da professora, continuou a cantar, dessa vez, com um tom mais alto. Ela tornou a pedir:
- Por favor, meu filho, pare! Preste atenção na aula! Você está atrapalhando os colegas. Se continuar, vou levá-lo à direção.
Ele, então respondeu:
- Já vai tarde. Não sou seu filho. Está esperando o quê?
A professora chamou a assistente de classe para ficar com os demais alunos, e convidou Antônio para dirigir-se à direção. Ele saiu sorrindo, com ar de tanto faz, esgueirando-se entre as colunas. No trajeto, o silêncio foi total. Chegando lá, a professora bateu à porta, pediu licença e narrou o ocorrido para a diretora. A diretora perguntou ao aluno se o que foi dito era verdade. Ele respondeu com uma expressão corporal, balançando a cabeça, que sim. Face ao exposto, a diretora deu-lhe um comunicado, e disse que ele só assistiria as aulas com a presença dos pais. No outro dia, Antônio Lismar não compareceu. Nem no dia seguinte. A professora e a diretora preocupadas, enviaram um funcionário à casa do aluno. Já no endereço, o funcionário encontrou um senhora idosa, apresentou-se e contou o fato. Ela disse, que o neto não poderia ir à escola, tão cedo. Ele perguntou o porquê do menino não poder: Ela respondeu, com uma certa tristeza nos olhos:
- Ele não tem pai, e a mãe casou de novo, mas não pode levá-lo para morar com ela. O marido não quer. Ela mora em outra cidade. Eu sou responsável por ele, não sou mãe dele, e o papel pedia a presença dos pais.