Carlitos e a vida
Enquanto muta gente discutia política, economia, futebol e os impasses da novela "A Dona do Pedaço", um velho ranzinza e avesso à moda e aos mimimis do momento, matutava sobre a vida, a dádiva maior concedida por Deus, mesmo sendo finita. Conhecia vários depoimentos de escritors, pensadores, poetas sobre a vida, mas um ele achava ao mais arretado e tinha decorado. Era da autoria do genial Carlitos. Estava recitando-o para seus botões:
"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo detrás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrarmos logo disso. Daí viver nu asilo até ser chutado para fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante para poder aproveitar a sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade. Você vai para o colégio, tem várias namoradas vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se orna um bebezinho de colo, volta ao útero da mãe, passa seus últimos nove meses flutuando. E termina tudo com um último orgasmo! Não seria perfeito?".
O velho riu muito. De longe as pessoas pensavam que estava variando. Nem ligaram. Inté.