Tatá na Jaguaribe 32
Não haviam ranhuras doravante, tudo ia ficando nos seus contornos, o que era ela e o que era o avô. Duas Almas, um amor que os unia por laços de consanguinidade, e dois destinos.
A maturidade emocional é colocada a prova em todo instante no ato de viver num corpo humano , seja no de andarilho, do realizado, de santo, de bandido, de moribundo, de coxo ou de aleijado, inclusive como naquele que estava no corpo que o avô habitava. O amaciamento da Alma é constante; as Instâncias de luz fazia era dar campo para Tatá ir se polindo no caminho.
As provações que tinha passado na doença em tempo idos, e a vida sobre a cadeira de rodas, eram as lixas que a fonte Suprema permitiu que Tatá utilizasse para tirar o grotesco do ego, se fazia de bigorna, através do pensamento, e da vontade, que utilizava como martelo, para tornear o novo ser que buscou reconstruir.
Concluía Tatá que o refazimento e o aperfeiçoamento da vontade em polir o ego rumo ao perfeito, não era um fim em si mesmo, se refinava, afinava em todo tempo, inovando em visão e postura diante da vida.
E quem fazia isto? Era a mente, afinada pelo querer, que buscava o aperfeiçoamento no tocar a vida como uma canção tocada pelo violinista nas cordas do violino.
No processo de luto, não foi diferente, do amor e do respeito reverencial que tinha pelo avô desde o nascimento, foi se parindo à medida que ganhava em anos, idade e experiência. Mas nunca tão completamente como naqueles últimos dias de vida do ente querido.
De discípula do avô na infância, elementar para o referencial de Tatá para formação da personalidade, foi transmigrando para a posição de Ser num corpo de gente como ele, detentora de direitos e deveres na sociedade, e consequentemente, o assumir do lugar de única responsável pelo rumo e sentido do próprio viver.
Naqueles dias finais de vida de Benito , Tatá sentiu-se indivisa em relação ao que era. Incapaz de continuar tentando partilhar o sofrimento e as possíveis soluções para o avô na doença, sem deixar de amá-lo incondicionalmente.
A mensagem recebida pelas faculdades superiores do pensar de Tatá, era uma, que a salvação ou o arruinamento que cada Alma sofre pelo corpo numa vida, é escrutínio secreto, intransferível, incomunicável em última instância.
Podem até mesmo apropriarem do conteúdo da mente de um ser humano que teve uma passagem na terra, em todo o conteúdo e forma, mas a Essência Diamantina, o Ígneo Sagrado que deu impulso para a mente se materializar, será, como sempre foi, mistério irrevelado, reservados às Alturas das Alturas, material exclusivo daquele que criou o primeiro motor, vida.
O Holograma, a Matriz que ejeta a criação, o Verbo que se fez carne...somente o homem do Pai, o que nunca foi e sempre será, tem domínio e dita o poder, aquele a quem eleva toda honra e glória. É Aquele que sabe como foi e o que poderá ser de uma Alma, que nasce e morre num corpo de gente.
É da Fonte Suprema o domínio da presciência, da verdade, O Dono do Espetáculo Vida, o formador e propulsor da atividade da natureza alfa e ômega da criação, foi Ele que teve a ideia, desenhou e criou o Todo, o Uno.
E quem era Tatá para querer interferir na seara da finalização do jogo da vida para Benito?