A DOCE FRANCISQUINHA
Conto
Francisca, mais conhecida como Francisquinha, nasceu numa família muito pobre e humilde, numa pequena cidade e logo após seu nascimento seus pais faleceram e ela foi criada por uma parente distante. Cresceu e viveu na pobreza com escassez em tudo, desde alimentos, roupas e sapatos, se os bens materiais foram escassos, o amor sobre os necessitados foi incomensurável, foi a sua maior riqueza. Nunca foi a uma escola e aprendeu as primeiras letras com uma bondosa professora aposentada. Muito vivaz, Francisquinha , logo se aprimorou em seu aprendizado e se tornou uma mulher de muito conhecimento e de raciocínio rápido, sabia mais do que muitos estudantes formados em escolas da cidade.
Meiga e bondosa nunca se casou e levou uma vida de caridade e amor aos mais humildes, aos que nada possuíam, nem a esperança de viver. Ajudava a todos sem distinção a qualquer dia, a qualquer hora: lavava e passava roupa, limpava a casa, fazia refeições e bolos daquelas vizinhas atarefadas ou doentes. Fazia campanhas de agasalhos, de alimentos, de materiais escolares junto à prefeitura, onde era conhecida e respeitada, a supermercados e ao povo em geral. Prefeito e vereadores pediam opiniões sobre qualquer assunto, pois ela tinha conhecimento de assuntos diversos. Acordava às seis horas da manhã, pouco se alimentava, tinha muita energia e ia dormir perto da meia-noite. Pequena e franzina, mas com uma saúde de ferro, nunca se cansava e se estivesse exausta nunca demonstrava qualquer fadiga e dizia que cansaço é um artigo supérfluo, estava sempre solícita e sorridente.
Durante sua vida ajudou centenas de famílias, tinha uma pequena horta de onde tirava o seu alimento e ainda doava hortaliças, cenouras, beterraba e quiabo a quem precisasse.
Viveu por muitos anos e foi encontrada em sua pequena casa na sua humilde cama já desfalecida com um rosto tranquilo, sereno e angelical, uma expressão de bondade e doçura como se estivesse dormindo e sonhando com os anjos.
Se quiséssemos perpetuar a vida de uma pessoa na terra estaríamos confrontando a criação de Deus e negando a essa pessoa a uma nova vida no paraíso.
O Jornal da cidade descreveu por vários dias as ajudas que ela prestava a todas as pessoas da cidade, com muita bondade, carinho e amor, era religiosa e muito fervorosa, Deus estava em seu coração em todos os momentos da vida.
Hoje muito se comenta sobre a Francisquinha como se ela fosse uma santa, talvez fosse, que nasceu e viveu para ajudar a quem mais precisasse dela.