FAXINA DO CORAÇÃO
Abri uma gaveta
e lá encontrei velhos e antigos cartões,
recados, cartas e fotos.
Até extrato de banco eu encontrei.
Muito pó, muitas lembranças.
Um envelope vazio, branco,
sem destinatário e sem remetente.
Aquele envelope me fez pensar.
É assim nosso pensamento?
Sem destinatário e remetente;
ou há sempre um destino,
pois o remetente está ali, presente, atento,
trabalhando, emitindo ondas, luzes, lembranças.
Até um pedaço de fita colorida,
um sapatinho de boneca ali esquecido há muito
tempo.
Título de eleitor antigo, carteira do INSS,
tudo ali, parado, estático, sem vida?
Não, pois toda a vida e história estavam latentes nas
dobras, marcas e manchas.
Passo a passo, desdobra e dobra, reler e ler,
guardar e jogar fora, rir e chorar, limpar
e fechar.
Pronto, faxina feita, alma lavada, casa arrumada,
coração....
Ah! O coração!
Nieta Ede - 27/04/2011 -15h41m