Relatos do personagem

foi beber água no bebedouro do corredor da pousada, pousada essa que ele tinha se familiarizado bastante, todos os funcionários o conhece, criou um relacionamento respeitoso com os donos, a ponto de ter um quarto específico somente para ele, os donos não alugavam para mais ninguém, foi ele próprio que imobiliou o quarto, deixou ao seu gosto. Ainda no bebedouro, enquanto o copo enche, ele refletia sobre sua vida, sobre o amor que sente por uma incrível mulher que ele próprio a deixou, pois, seus desejos e objetivos eram diferentes dos dela, os dois eram completamente controversos, e agora, cada um seguiu rumos diferentes, porém, seu sentimento nunca deixou de existir.

É um advogado renomado, escritor e poeta de reflexões profundas sobre tudo,ele afirma em vários escritos seus, que o amanhã não existe, que passado e futuro são criações mentais de cada individuo, afirma que o passado é somente lembranças de acontecimentos que já deixaram de existir e que o futuro é a maior decadência da humanidade, afirma que a maior estupidez humana é perder o belo e o sublime do momento presente, cujo é o único que realmente existe, para viver o futuro, assim sofremos mais do que se machucamos. Porém, hoje não, hoje não escreverá sobre tais assuntos, ele, vendo aquele copo encher de água, teve uma epifania, veio a expiração de escrever sobre o agora, só quê, de um modo mais puro e suave, sem pensamentos e nem reflexões profundas, não quer discutir sobre a existência, sobre nada transcendental, hoje vai escrever sobre o simples agora dos acontecimentos presentes, como o simples ato de bebê água.

Voltando para o quarto em passos lentos, abre a porta e encontrar tudo no seu devido lugar, onde, antes de sai, havia deixado. Abre, e vê de cara a cama, sob ela está dormindo de costas para a porta, semi-enrolada com um lençol grosso e fofo de cor escura, sem nenhum desenho, deixando amostra suas lindas costas nuas, uma mulher, sim, uma linda mulher de pele branca, com escuros cabelos cacheados, realçando ainda mais sua pele branca. Ficou parado na porta por alguns segundos, ficando a observa-la, depois passou a observar o pequeno quarto, olha para o canto esquerdo e vê sua amável escrivania, ela tem cinco gavetas, tendo três na linha do tampo, sendo a do meio maior e as outras de tamanho proporcional as demais, ela tem duas distribuída verticalmente do lado direito , e três horizontalmente na linha do tampo, ela tem uma cadeira giratória, no tampo havia canetas e folhas organizadas, havia também um cinzeiro de vidro, uma garrafa de whisky com um típico copo exclusivo para whisky. Andando em passos surrateiros chega até a escrivania, senta-se na cadeia lentamente, tira a carteira de cigarro do bolso, acende um e coloca no tampo da escrivania a carteira de cigarro e o esquero , dar a primeira tragada olhando para cima, onde está ,sob a escrivania, uma mini-estante na parede, que está repleta de livros, alguns deles são; O mundo de Sofia, O príncipe, A república, Dos espírito das leis, Cândido, Personalidades, O elogio da loucura,dentre vários outros, fica assim por um longo tempo depois se vira para direita, exatamente noventa graus, nessa posição tem uma vista para o magnífico Rio São Francisco através da janela aberta.

Se volta para escrivania, abre espaço com a mão esquerda, empurrando as coisas sob o tampo para o canto, enquanto que com a direita abre a terceira gaveta, pega um caderno, coloca o sob a escrivania, pega uma caneta que é especial, uma dourada que ganhou de um amigo escritor do sul do país. Agora encontra-se escrevendo sobre o agora, enquanto o cigarro está suspenso na mão esquerda, parou subitamente de escrever para obsevar a mulher que começou a se acorda, não sabia se ela se chama Renata ou Débora, talvez seja Débora, ela se vira para ele, com os olhos meios inchados e da um sorriso, um belo sorriso, ainda com o cigarro na mão, com uma voz matura e acompanhado de um sorriso faceira diz;

_ Bom dia, com foi a noite, dormiu bem?

Ela,sem pensar muito, ainda mantendo o sorriso responde;

_ Dormir bem, e sobre a noite, somente uma coisa não foi boa!

Estagnado, com a resposta, pesando o que teria feito algo de errado na noite passada, descansou seus dois braços nos apoios da cadeira, e com uma certa ansiedade, perguntou;

_ E o que houve na nossa noite que não gostaste?

Quase antes dele terminar de pronunciar tais palavras ela respondeu;

_ Ela acabou.

Não aguentou... Abaixou a cabeça e sorriu, olhou para ela sem dizer nada por alguns segundos, e desmanchando o sorriso disse;

_ Você é linda!

Ela não falou nada, apenas deu como resposta um lindo sorriso. Já trouxe ela muitas vezes, não vezes consecutivas, gostava de varia, de tempo em tempo, as mulheres, afim de saciar o desejo que sentia pela sua amada, dentre as mulheres que ele leva para seu refúgio mental, seu sublime quarto, essa, Renata ou Débora é especial, é a única que conhece sua história, sabe das suas profissões, sabe das outras paixões, sabe também que ele ama a sua ex, contudo, ela gosta dele, ela compreende os seus pensamentos melhor do quê ele próprio. Olha o relógio que está na mesma mão do cigarro, marca quatro e vinte e sete, se volta para escrivania e retorna a escrever. Ela levanta-se da cama e vem andando lentamente com seu lindo corpo de pele branca completamente nu, ela parecia que tinha sido esculpida por deuses gregos, o abraçou por trás, e falou ao seu ouvido;

_ Estás escrevendo algo diferente hoje.

Ao mesmo tempo que ela pronunciava tais palavras, pega o cigarro de sua mão, apaga-o e joga dentro do cinzeiro, pega a garrafa de whisky, coloca um pouco no copo, com o copo em mão se afasta dele e vai em direção a janela, fica em pé ao observar o Rio pela janela. Ele tem agora as duas maravilhas do mundo, a natureza, sendo representa por um magnífico rio e uma serra imensa, da onde vinha diversas melodias de pássaros, e o gênero humano, sendo representado por uma mulher com o corpo nu, cabelos cacheados soltos na altura dos ombros, de um sorriso encantador, de uma pele cobiçada por todas as mulheres, limpa, sem nenhuma mancha, a única marca que tinha é a da vacina no braço, tendo tudo isso no seu alcance se sente maravilhado, transportado, e pensa consigo mesmo "será que sou digno de tanta beleza". Olhando sério para ela, ele pergunta;

_ Débora, quando você me olha, o que vê?

Vê um cara melancólico, ou simplesmente um homem qualquer...

Continuando olhando para rio, ela responde sem nenhuma pressa;

_ Lembraste do meu nome desta vez, ( ela sorrindo continua.) _Cuidado para não se apaixonar por mim. (Fica em silêncio por uma fração de segundos, bebé um gole de whisky, se vira para ele e diz, olhando profundamente para seus olhos;) _Não vejo nada, és invisível, és um vazio cheio de possibilidades, tu és um espelho de águas cristalinas que reflete somente o necessário, e vemos somente o que ela quer mostrar.

Fica estupefato com tal resposta, e, da maneira mais sincera e mais pura, ele diz;

_ tu és uma mulher maravilhosa!

Sem fala nada, ela volta a observar o rio. Ele se vira para a escrivania e volta a escrever, a última frase que ele escreve é: "(...) como o rio está lindo hoje."

Solta a caneta, se levanta e vai em direção a ela, abraça ela por trás, ele está sem camisa e sente o corpo dela frio ao tocar o seu, beija o pescoço dela e diz ao seu ouvido;

_tu és uma mulher maravilhosa, de uma beleza incomparável, tua presença me deixa transportado. Particularmente, não acredito em paraíso, porém, se tu representas o paraíso, então que me leve com vós.

Ela sorri, pega sua mão e a beija por alguns segundos, depois a mão dela que está segurando a dele, começa a cair vagarosamente, ela olha para o copo de whisky na mão esquerda e olha a direita que tem seus dedos entrelaçados com os dele, depois ela ergue a cabeça e olha em direção à serra, mas está olhando neutro, olhando para o infinito, e, com uma voz de tom baixo, diz;

_ Palavras bonitas, porém sem sentimentos. Eu sei que não sou a mulher que gostarias de está, sei que amas ela e que nunca terei teu coração para mim, nunca irei te ter por completo!

Ele, ainda ao seu ouvido, diz;

_Tu me tens, estou contigo aqui, e não escolheria outra mulher para está, Débora, sou teu assim como és minha...

Antes mesmo que terminasse seus cortejos, ela o interrompe dizendo;

_Não! Não te tenho assim como tu me tens, tu me tens de tal forma que não consigo descrever com palavras, já eu não te tenho, pois sei que, o que tenho de tu, é externo e que já entregaste tua alma para uma mulher que não sou eu.

Ele ergue a cabeça, e passa a obsevar o rio e diz;

_Aqui é maravilhoso no inverno, a neblina, o frio, o sol demora mais para nascer, e olha como o rio está lindo hoje.

Marcelo Horlmes
Enviado por Marcelo Horlmes em 09/09/2019
Reeditado em 11/09/2019
Código do texto: T6740973
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