ADOÇÃO INESPERADA
Albertinho foi convidado para um churrasco, num terreno particular e para não ir sozinho convidou seus amigos Arthur e Marília, que aceitaram de imediato.
Combinado o horário, sem muita cerimonia Albertinho pegou os garotos na hora marcada e juntos seguiam na estrada. Quando estavam chegando ao destino lendo a paisagem num horizonte calmo e suave daquela manhã, que amadurecia na medida da velocidade implementada, Marília, identificando algo se locomovendo no meio fio exclamou:
- Ei meninos tem algo se mexendo ali na frente.
Como a curiosidade é comum aos homens, a tendência foi passar devagar analisando palmo a palmo do contexto. Até que eles viram um cachorrinho, engraçadinho, pelo rústico cor de ouro e olhos claros, a latir e a rebolar no chão. Pulando capengando com dificuldades em três patas, como se tivesse sido atropelado. Compadecidos com a situação, unanime foi também a preocupação em deixar para trás, em deixar para morrer aquele cachorrinho abandonado. Então o que fazer naquela situação seria a próxima ação daqueles jovens, pontuou Arthur dizendo:
- Vamos tirar ele daí?!... E de imediato Dr. Albertinho, que era advogado, o tomou nos braços e o colocou numa caixa de papelão no seu carro, resmungando qualquer coisa como:
- Só espero que esse mocinho não seja presente de Grego.
- Mas como você pode pensar assim retrucou Marilia.
Já Arthur piedosamente completou:
- Coitadinho, o baque deixou a perninha dele dilacerada.
Marilia indignada se desesperou e disse: - Isso que é crueldade com requinte. Atropelar o cãozinho e deixa-lo abandonado nessa estrada deserta. Por conseguinte Albertinho, por assimilar melhor aquela tragédia, talvez por causa da idade colocou da seguinte forma:
- Ah isso é rapidinho, pois só vão costurar a ferida, engessar e manda-lo para casa. Ai, quando nosso amigo estiver recuperado. Vamos leva-lo a uma Instituição de Caridade para melhor cuidar e cada um seguirá o seu destino.
Os meninos passaram o final de semana como mandou o figurino, só que acompanhado de Tony, nome incorporado pelo cão, lembrando o homem de ferro, visto que aqueles rapazes achavam, que ele havia sido atropelado e apesar da perninha daquele jeito, era como se ele tivesse sobrevivido aquele acidente.
Ao chegar ao médico, Dr. Alberto pediu licença e ligou para o seu trabalho justificando a sua falta naquela segunda feira. Em seguida passou pelo interrogatório das pessoas que estavam lá e só depois conseguiu fazer a ficha, para enfim, aguardar a chegada do médico, como a recepcionista explicará.
Quando o médico chegou, logo de imediato eles foram chamados, porque parecia ser o caso mais urgente e de cara o médico falou:
- Esse caso vai ter que internar. E em seguida perguntou o que acontecerá e Albertinho, meio encabulado, pois não tinha passado por uma situação assim disse:
- Doutor encontrei-o abandonado na estrada deserta. Acho que ele foi atropelado e deixado para morrer. Veja só a pata traseira dele?!... Só espero que não seja um presente de Grego.
Por sua vez o médico rindo, para vê-lo melhor pediu que o deixasse sobre a mesa e ao examiná-lo disse em voz calma, logo sentenciando:
- Meu caro Dr. Alberto, na verdade esse cachorrinho, nunca foi atropelado. Ele foi decepado com uma lamina e a pata dele está infeccionada.
Dr. Alberto se expressou:
- Meu Deus e o que vai ser feito?
E o médico pacientemente deu sequência ao seu pensamento dizendo:
- Ora, ele vai ter que amputar a pata.
Sob Efeito de um susto Dr. Alberto perguntou:
- Quanto doutor vai custar esse meu Bom Samaritanismo?
E o médico sem muita cerimonia lhe adiantou os cálculos numa sequência pratica de ações até chegar ao valor:
- Bem!... Sem direito a recorrer da sentença meu amigo, deixe me ver. Um raio X, a cirurgia, internação e medicação uns R$ 2.870, reais.
Sem concluir o moço quase desmaia e antes que ele desfalecesse o médico concluiu:
- Com a minha consulta, tudo chega a R$ 3.170,00
E o Dr. Albertinho, até com um bom humor, por fim aceitou e pagou concluindo:
- Esse presente de Grego, me custou caro, agora ele vai ficar comigo pra compensar o gasto.