OUTROS IDIOMAS NO NOSSO IDIOMA PORTUGUÊS
Professor improvisado e explorado. Antes do aplauso e de uma rosa (roubada do jardim da escola ou da jarra da diretora?), muitas pesquisas...
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1---Antes da invasão dos romanos do Lácio, 218 a. C., século III a. C. (anexação como província romana somente em 197 a. C.), a Península Ibérica ou Ibéria (região ocidental /sudoeste/ da Europa onde se localizam hoje Portugal e Espanha) era habitada por vários povos de diferentes idiomas: persas, fenícios, cartagineses, destacando-se celtas e iberos, os peninsulares paulatinamente assimilando costumes e línguas, as nativas desapareceram, substituídas como substratos das línguas dos conquistadores. ----- No século V, queda do Império Romano no Ocidente, invasões bárbaras - povos alanos, bárbaros, visigodos e suevos (estes últimos se estabeleceram na Galiza e na Luzitânia, região do futuro Portugal) que não provinham de um único lugar e nem possuíam língua uniforme - na península, entre 568 d. C. e 586 d. C. apareceram vários dialetos. Fizeram de Toledo sua capital e 'adotaram' a língua dos derrotados, um latim vulgar (modalidade popular divulgada por legionários, colonos, comerciantes e funcionários públicos) já muito evoluído; em troca, os bárbaros deixaram palavras de sua língua original, em especial palavras designativas de armas, vestimentas e manufaturas: dardo, elmo, espora, estribo, guerra. ----- No século VIII, invasão muçulmana, os árabes em Portugal. Embora portadores de uma civilização incomparavelmente superior, não conseguiram impor o idioma como língua oficial pois o latim e o árabe são de famílias linguísticas muito diferentes, impossível interpenetração; um pequeno grupo assimilou costumes e idioma, os moçárabes. Durante seu domínio, floresceram artes, ciências, filosofia, agricultura, comércio e indústria. Heranças do vocabulário árabe: alambique, alfaiate, armazém, azinhavre, escabeche, salamaleque, tamarindo, xarope. A conquista árabe durou séculos, com maior vigor no sul da peninsula; o norte montanhoso, as Astúrias, refúgio cristão, jamais foi conquistado - chefiada por PELÁGIO, uma parte desta população iniciou a 'sementinha' da reconquista contra o povo invasor. ----- De qualquer modo, o latim vulgar falado na península recebeu vários empréstimos vocabulares dos dialetos germânicos e árabes. ----- Neste século VIII, já se falava ali o romanço ou romance, muito diferente do latim, com forte presença dos falares peninsulares, ou seja, língua intermediária entre o latim vulgar e uma língua neolatina futura; e da parte ocidental da península surgiu o idioma galaico-português (inicialmente ligado ao galego, língua da Galícia, Espanha), falado entre os séculos XII e XIV, época das lutas da Reconquista (expulsao dos mouros, retomada dos territórios ocupados pelos árabes), aparecendo em documentos oficiais e nos cancioneiros poéticos da Idade Média. Com a chegada da arte provençal, muitas palavras anexadas ao nosso léxico: alegre, jogral, rouxinol, trovar. ----- Os cristãos organizaram cruzadas com o fim de libertar o território ibérico e assim se constituíram os reinos do norte da península - de Leão, Castela e Aragão, fronteiras na direção do Sul, terrenos conquistados aos mouros - entre os fidalgos, D. Raimundo e o primo D, Henrique, conde de Borgonha (centro-leste da França atual). Por gratidão, D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, deu a Raimundo, em casamento, sua filha Urraca e como dote o governo da Galiza; a Henrique, deu em casamento a filha natural Teresa e lhe fez entrega (concessão) do Condado Portucalense, importante povoação junto ao rio Douro, território desmembrado da Galiza, entre o Minho e o Vouga. A partir de 1095, D. Henrique "se" estendeu do Minho ao Tejo. Em 1128, D. Afonso Henriques, filho de D. Henrique, proclamou a independência do Condado e entrou em luta com as forças do reino de Leão; na batalha de Ourique, 1139, livrou-se do domínio de Castela e em 1143 se proclamou rei de Portugal, consolidando a primeira dinastia portuguesa, a dos Borgonha. Havia dois ramos linguísticos implantados na região: ao norte, o dialeto galiziano ou galaico-português; ao sul, outro com influências árabes de que não restauram documentos. ----- Em meados do século XIV, maior influência dos falares do sul de Portugal, notadamente região de Lisboa, maiores diferenças entre o galego e o português. ----- À medida que as vitórias ibéricas se sucediam, desde Pelágio, os reinos cristãos se uniam e ao final do século XV só restauram dois, Portugal e Espanha, unificados pelo casamento de Fernando de Aragão e Isabel de Castela. A reconquista dos territórios aconteceu em 1492 caindo o último reduto árabe, a cidade de Granada, sob as armas dos reis católicos, Fernando e Isabel. ----- No século XVI, com o domínio político, Portugal governado pela Espanha de 1590 a 1640, a língua oficial era castelhano, o galego em plano secundário e sofremos novas influências: bobo, galhofa, lagartixa, pirueta, realejo. Falavam português. ----- Com a expressão marítima, contato direto com África e Ásia, incorporação de outras palavras: cáfila (do árabe no norte da África), nanquim (chinês), gueixa e samurai (Japão), gengibre e sândalo (sânscrito), berinjela, caravana, laranja e turbante (persa). Com as primeiras gramáticas portuguesas, influências menores: tricô e abajur (do francês), cantina, macarrão, pizza e salame (italiano), vodca e estepe (russo), lanche, pudim e sanduíche (inglês). ----- A partir do século XIX, termos que designam avanços tecnológicos: futebol, revólver, telefone, televisão, submarino, computador (inglês), cosmonauta (grego+latim). ainda sem grafia em português: best-seller, hardware, show e software.
2---A versão brasileira da BABEL - Ninguém duvida que a LÍNGUA PORTUGUESA tem uso generalizado, mas não é a única na nossa comunicação pois com ela convivem 180 línguas e dialetos, sejam indígenos, africanos ou trazidos pelos imigrantes, notadamente italiano, japonês, espanhol, alemão, chinês, ucraniano e polonês, na conta do professor DOMÍCIO PROENÇA FILHO, presidente da ABL, no livro "Muitas línguas, uma língua e trajetória do português brasileiro", após 15 anos de exaustiva pesquisa - 672 páginas. ----- Recorte de O GLOBO, 11/11/17
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LEIAM meus trabalhos "Celta, meu tataravozinho milenar", "Língua portuguesa bipartida", "Mundo médio oriental" - I--II-III e "Professor improvisado".
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