Tão completo reflexo!

Anneliese e eu, sentados sobre uma pedra nas muitas rochas presentes naquele paraíso na terra chamado baía do Sancho em Fernando de Noronha. Aquelas doces férias de janeiro. Ah aquela praia! Aquele mar, aquela vegetação... Mais pareciam uma obra de arte pensada desde tempos primitivos e imemoriais. A mais bela tela já pintada pela junção de todas as habilidosas mãos que a arte um dia já viu. Foi quando lembrei do sonho que tive.

- Acaso, ja correu pela sua mente meu amor? Que o imenso mar teria seu reflexo no infinito azul do céu?

- Não meu amado. Acho que nunca cheguei a matutar tão surreal idéia. Como imaginou?

- É realmente um pensamento surreal mesmo... Mas na mesma proporção do que tem de belo. Acredita que foi um sonho que tive? E nesse sonho, esse mesmo pensamento fazia todo sentido lógico. Vemos algumas ilhotas e até outras ilhas ao olhar por toda essa extensão marítima, não vemos?

- Sim, vemos muitas!

- Dessas muitas ilhas e ilhotas, certamente um dia serão totalmente engolidas por essas tão salgadas águas. Igualmente as que haviam antes a milhares de anos, e hoje já encontram-se submersas. Olha o céu meu amor! essas longas extensões de nuvens, e outras tão pequenininhas... Logo todas haverão de desaparecer por completo e para sempre, como altíssimas ilhas celestiais. E como um enorme espelho entre essas duas cores de azul tão forte! Uma obra de arte que imita outra!

- Uau! Foi lindo esse sonho meu amor. Quão poético seu pensamento! E aquele avião que vai alí tão alto que quase não se pode ver, seria como um navio distante perdido?

- Sim, porquê não? Haha.

- Mas sabe que agora também pensei em algo de mesmo sentido? Mas sendo meio oposto?

- Qual?

- Que entre tanta rara beleza que a gente se encontra agora, nosso amor reflete igualmente mais belo e forte nesse paraíso distante. Mas ao contrário das muitas ilhas que se vão e se vem, nosso amor não se vai e tampouco será submerso. Como uma única ilha, que restou para sempre na superfície azul.

Depois disso nos deitamos abraçados sobre aquela pedra onde também, as gaivotas nos faziam sua feliz e barulhenta companhia.

Esses dois pensamentos estavam tão intimamente ligados, e era tão real ver e sentir tudo aquilo. Dispensou qualquer outra palavra, outra idéia, outro sonho.

Artur rocha
Enviado por Artur rocha em 20/08/2019
Reeditado em 21/08/2019
Código do texto: T6724670
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