OUTRAZ VEZ CAMUS (1913/1960) - PARTE II

1---A PESTE, considerada obra máxima de ALBERT CAMUS, 1947 - gêneros romance psicológico e filosófico, ficção existencialista e absurdista. Em verdade, romance pensado em plena II GM, alegoria ao nazismo e resistência europeia a Hitler e a todo regime totalitário. Alusões à ocupação, ditadura e estado de sítio na região onde se passa a estória. Cenário, pequena cidade litorânea, assolada pela peste e dominada pelo medo - trabalhadores descobrem a solidariedade em meio a uma peste que assola a cidade Oran, na Argélia; vida monótona e a tranquilidade acabam quando ratos, condutores da peste bubônica, agonizam por toda a cidade. O jornalista RAYMOND RAMBERT, proibido de sair da cidade, funciona como símbolo de cerceamento da liberdade de imprensa. Narrativa sob o ponto de vista de BERNARD RIEUX, personagem protagonista, médico esforçado na batalha para conter a doença.

2---ESTADO DE SÍTIO, publicação original em 1948. Para o autor, o medo é o mal do século XX, presente no enredo como um fio condutor. A mesma alegoria, como uma espécie de continuação de narrativa anterior. ----- "Um cometa rasga o céu e prenuncia a chegada de maus tempos: de repente, um povo se vê governado pela Peste, figura tirânica que se institui a partir de uma força ameaçadora." Trama desenrola-se na cidade de Cádiz, Espanha, e inicia-se com a passagem de um cometa, símbolo de tragédias. Fonte nos gregos antigos e no coro; também presença de bufão /voz coletiva/ bobo da corte que critica e desmoraliza. ----- Estreia da peça em outubro/1948, diretor e ator francês JEAN-LOUIS BARRAULT (1901/1994) - fuga ao realismo. Questionamento do destino e da condição humana - solidão, morte e outros temas trágicos - teorias da angústia de HEIDEGGER. ----- No Rio de Janeiro, 2019, hora de montar o texto do escritor franco-argelino, fábula sobre o totalitarismo, estória em qualquer lugar e época, espaço aberto a percepções e reflexões do espectador... Montagem teatral em versão lúdica e impactante, moradores da cidade recebem a visita da Peste e sua secretária, a Morte, que tomam o poder e criam um governo arbitrário e burocrático. Uma sombrinha azul ou um pano branco, símbolo do que viceja no texto; coro grego, figurinos minimalistas, maquilagem soturna - diretor GABRIEL VILLELA, elenco de 13 atores.

3---Na Paris ocupada pelos alemães na II GM, a ordem era a retomada da normalidade. Teatros abertos, SARTRE escreveu "Entre quatro paredes", CAMUS editou o jornal "Combat", MARCEL CARNÉ filmou "Os visitantes da noite" - era como agora, necessidade de escapar de uma realidade sombria e tentar impedir, isto é, não permitir o triunfo da barbárie. Interessante, não?

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NOTA DO AUTOR:

MARTIN HEIDEGGER (1889/1976) - filósofo, escritor, professor universitário e reitor alemão. Influenciado por NIETZSCHE. Um dos teóricos mais importantes do existencialismo.

FONTE:

"Fábula de Camus sobre o medo" - Rio, jornal O GLOBO, 7/7/19.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 10/08/2019
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