Zé - PARTE 08
...e o tempo correu.
Sentado à mesa daquele pequeno bar, Zé pensava.
Recordou-se daquele dia, da proposta de Antonio.
E neste final de tarde, pensativo, rolava o copo entre seus dedos.
Tanta coisa acontecera.
Seu filho, agora homem feito e uma filha já adulta. Ambos formados e com suas carreiras.
A vida lhe reservara muitos desafios.
Continuava um apaixonado pela mulher.
E novamente, aqui ele se encontrava em terras italianas.
Tornaram-se familiares as viagens além mar.
Já não era o mesmo Zé. Tornara-se um próspero fazendeiro.
Após vender sua propriedade, aceitara o convite para cuidar das terras de Valdemiro.
Era grato aos dois amigos, por ter vendido seu pequeno sítio. Ele acabou desapropriado para construção de uma estrada.
Mas nem tudo foi tão simples.
À medida que se tornara um próspero homem de negócios, sucumbira também, às ciladas da vida.
Tornou-se um pai quase ausente. Um marido quase indiferente.
E isto é o que lhe martelava na mente.
Percebia o brilho apagado nos olhos da mulher. Continuava bela, com fios grisalhos e o porte majestoso. Pouco a via sorrir. Ele não tinha tempo. Os filhos pouco lhe pediam conselhos. Acostumaram-se às suas ausências. Eram companheiros da mãe.
Tudo isto lhe vinha à mente, nesta tarde em que se preparava para o casamento de seu filho já na semana seguinte.
Seu coração, sangrava. E se perguntava, onde tinha se perdido dos seus. Por que se entregara a outros abraços e amores? Como pudera ser indiferente à mágoa nos olhos da fiel companheira?
Como ele poderia recuperar o brilho simples da vida de outrora?
Em quem ele se tornara?