“VOCÊ É LINDO..., DO JEITO QUE VOCÊ É.”
"Você é lindo... do jeito que você é.". –
Larissa repetia essa frase várias vezes ao homem que acabara de pegar fogo, como se fosse um maldito incenso de carne... (e por falar em carne, diz-se que os bombeiros tomam nojo do cheiro de carne assada justamente por causa de dias assim). O homem na maca, recém-resgatado de um casamento que pegou fogo, - o seu próprio casamento - segurava a sua mão. "Aperte, aperte... Me mostre que você está aqui... COMIGO!", ela dizia. Larissa tentava segurar o choro, afinal... Era apenas mais um dia de trabalho... Mas não estava conseguindo. A sirene da ambulância corria abrindo caminho pelas ruas e fazendo curvas dignas de famosos pilotos de corrida. Larissa tentava se apoiar num ferro e segurar o homem torrado, já quase morto com a outra mão... O corpo na maca era um enorme pedaço escuro e ferido do que fora um homem feliz. A única coisa que se via brilhando era sua aliança e o branco dos seus olhos. O fogo fora intenso... E brutal. Sem sobreviventes... O homem encarava Larissa com olhos incrivelmente brancos e limpos, encharcados de lágrimas. "Você é lindo..., do jeito que você é... Não esqueça... Por favor, não esqueça...". – Repetia Larissa.