Dois Anjos
A vida é um ensinamento constante...
Nele aprendemos à aceitar aquilo que não tem jeito e lutamos sempre por tudo, qual nos faz ferver em emoção.
Há algumas semanas atrás, eu perdi o sentido da vibração em compartilhamento ao meu coração. Foi uma dor imensurável e até agora sinto um vazio sem fim. Acredito que haja esperança em tudo que fazemos, planejamos ou ganhamos de presente por estarmos vivos.
A ideia que me veio era brincar feito criança e esquecer de tudo até alguém me sacudir e me abraçar. Embora exista tragédia no dia-a-dia de todos, mas sei que não é fácil haver aquela aceitação inerente ou óbvia.
Aqueles que já sabiam e de certa forma um abraço me deram com palavras de motivação, eu agradeço muito.
O antes... Eu senti momentos incríveis. Cada dia era uma espera com ansiedade e muitas vezes me peguei amando até a quem me odeia. Faz parte da natureza materna perdoar, compreender e acreditar que não houve maldade em nada feito à mim.
Mesmo com lágrimas nos olhos e aquela tristeza que tenta me afundar, aprendi à perdoar.
Eu não sei o motivo, qual fui escolhida para ter em meu ventre dois anjos iluminados. Esqueci o mundo e a felicidade me contagiou. Invadi a infância e voltei a brincar até com os famosos legos. Meu humor mudou diversas vezes... Um frio germânico em direção oposta, piruetas se esticando até as barbas de um pirata francês e voando feito uma veloz bola de italianos e brasileiros em partida de futebol... Os meus sentimentos em um delicado aflorar.
Eu vou confessar que nos muitos enjoos, nas diversas tonturas e naquele típico remelexo explosivo, dava para vestir e me despir igual fornalha na brasa.
A eufórica sintonia me completou e não existe neste mundo nenhuma emoção que se compare em receber esta responsabilidade.
Mesmo ficando com contornos arredondados e condição física limitada, eu amei tudo isto.
Faço uma volta ao redor do mundo e atravesso todos os sete mares... Mergulho de um abismo sem fim e sinto a vida inteira passar em um fio através das minhas mãos.
Eu seguro um choro e agarro em um abraço aqueles anjos do céu.
O ar que sufoca toda a minha emoção...
Tentativa em lutar por todo o meu coração.
Foi o assimilado vento em um instante de junção com a minha dor, que ainda diziam : "Não era para acontecer"
Porém, acontecer é tão semelhante ao questionamento de não viver.
Minha tristeza é infinita.
Minha dor é tão minha e de mais ninguém.
Minha perda é sem volta.
Minha lição ao aprendizado desta vida, é manter a minha essência e humildade vivos dentro de mim.
Não podia falar simplesmente : "Acabou"
Não seria justo e nem seria algo digno, mas o meu ventre abençoado foi gritando aos quatro ventos :
"Eu amo"
Não consigo dizer aquilo que parou no meio da minha fala e assim me engasgou. Mas, se eu pudesse cantar, pular, surtar ou insanamente apenas esquecer, eu só dormiria em um sono profundo.
Em repouso por quase um mês e uma depressão em evasiva tentativa mórbida a me atravessar feito lâminas cortantes.
Então, surge à mim a recuperação física e emocional. Ambas com a mórbida dor do cruel medo, cujo é vazio, desesperador, sombrio e se afundou naquele desejo de esvair.
Mesmo que o mundo inteiro queira me devorar, eu não tenho medo. Guerreiras não desistem, mesmo que nos venham no caminho aquelas invejosas pragas de alheios e tão maldosos desejos.
Diante de mil dificuldades sempre fui derrubada, mas me levantei e enfrentei dezenas de rastejantes serpentes. Pessoas fracas não conseguem se mexer no meio do veneno que nos lançam, mas eu domino onde estou e minh'alma é iluminada. Entretanto, os ofídios são sufocantes. Eu tento respirar fundo e reflitir que nada é por acaso ou jamais deve deixar no esquecimento.
Todos os momentos vividos são presentes e com o tempo vamos evoluindo no Universo.
Agora eu tenho mais estrelas no céu, filhos no coração e coragem em um manto por mim.
Agradeço que pude ser parte neste ciclo vital.
Até o meu último suspirar e minha essência se evaporar, sei que nossas almas estarão unidas para todo o infinito e eu serei uma eterna mãezinha protetora.
Agora eu esqueço esta maldita escada, qual surgiu-me um tapete rubro e se veio a nossa dolorida despedida.
A queda...
Estava o meu amor tão distante.
O choro...
Percorreu dentro do meu ser.
Depressão...
Frente ao vazio da solidão.
Meus anjinhos...
A tristeza me invadiu em um negro luto.