Na chuva
Era noite, nossos corpos conversavam sem que nós entendêssemos a língua que falara, não havia barreiras entre nós. Tua pele a cobrir a minha e meu corpo a forrar a cama, tudo se perdeu do que almejávamos, exceto a voracidade que nos consumia.
Teus olhos fitaram os meus e me sorriam antes dos lábios. Enquanto os meus olhos te liam, minha boca sentia o gosto da tua pele. A chuva caía fora do quarto e nossa cama estava cheia de nós. Amanheceu. Precisaste ir. Sem que houvesse razão, fomos invadido por um silêncio tão nosso que em nós não cabia. A chuva dera uma aliviada e partimos ao ponto de ônibus. Em cima da hora chegamos, não houve tempo para um abraço, um beijo ou qualquer gesto que pudesse traduzir o nosso sentir, corresse sem olhar para trás, enquanto eu observava o ônibus partir.
Chovia no lado de fora, eu ansioso por te ver, teu acenar de "até logo", lágrimas minhas, saudade nossa.
Ao chegar a casa, o teu perfume sobre o cobertor, teu casaco jogado na cama, uma parte minha fora do corpo. Eu a me observar através da chuva. Tua presença coloria minha dor e não havia inverno, ainda que chovesse, mas agora o cinza paira sobre a casa, mas em breve voltas e, junto a ti, todos os nossos planos, a presença tua vai sanar a saudade nossa.