Um mal entendido

De repente, aquele céu azul do norte, cheio de estrelas se perdeu na chuva, que veio silenciosamente, como por encanto.

No ônibus seguiam cansados vários trabalhadores e senhoras oriundas da quermesse junina, da igreja de São José. Quando dois jovens, um rapaz e uma mocinha adentraram na condução e foram se alojar próximos as duas senhoras.

No meio da viagem, após a ponte Sérgio Arruda, a chuva se intensificou e o ônibus que ia na descida da ponte deu uma brecada com solavancos seguidos, fazendo a luz interna se apagar, acender e apagar. No apagar, lá na rua houve a duras penas por causa da chuva, dois estrondos num terreiro conhecido como o Arraiar do Purrudo, que acabou por desencadear uma confusão dentro da condução, com pessoas caindo uma por cima da outra, a se perguntarem:

- Foi tiro?!...

E a mocinha falou meio que indecisa para o seu irmão:

- O quê?!...Foi tiro!

A senhora vindo da quermesse, por causa da idade, ouvindo pouco, meio que em desespero alterou a voz dizendo:

- Meu deus, foi tiro!

E a outra senhora ao lado em pânico completou assustando a todos:

- Ah!...Foi tiro!

Nesse momento o motorista até brecou de novo o ônibus, pois ia passando da parada anteriormente acionada por um passageiro que as pressas ia descer.

Foi quando, mesmo na chuva intensa, muitos saíram do ônibus gritando:

- Socorro foi tiro. E o tumulto se generalizou, fazendo o motorista e o cobrador pararem de vez o ônibus no meio da rua tumultuando também o trânsito.

De ambulância à carro de policia foram em socorro de todos ali, que no final das contas descobriram que tudo não passou de um mal entendido.